Temer fica no Brasil para cuidar da aprovação dos projetos econômicos no Congresso

O presidente desistiu de viajar para a Colômbia depois de alertado que sem sua ação direta junto aos aliados fica ainda mais difícil aprovar a PEC do Teto de Gastos sem mudanças em pontos essenciais do projeto.

José Marcio Mendonça

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O presidente Michel Temer desistiu de fazer uma viagem relâmpago hoje à Colômbia para assistir hoje à assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc para ficar no Brasil cuidando da prioritariamente da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece um limite para o crescimento anual dos gastos públicos.

A viagem era tida como estratégica pela diplomacia brasileira, não só pelo simbolismo do evento, como principalmente para demonstrar o “apreço” do Brasil pelo governo colombiano, que tem servido de contraponto às críticas que os chamados “bolivarianos” estão fazendo à subida de Temer à presidência. Temer ainda vai cancelar a participação na XXV Cúpula Ibero-americana em Cartagena também para ficar trabalhando sua base aliada e o Congresso e também para evitar algum constrangimento por parte desses países durante o encontro.

Temer foi aconselhado a permanecer no Brasil e a concentrar-se nas questões políticas nacionais por três razões:

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1. São reais e crescem as resistências à PEC do Teto de Gastos – a disposição de um grupo significativo de deputados é modificá-la em sua essência, principalmente no tange ao limite de gastos em educação e saúde.

2. O governo foi alertado que somente com o envolvimento direto de Temer será possível reverter esta situação – a influência do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e dos ministros operadores políticos, Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, é limitada. E dependendo dos resultados eleitorais, pode baixar nos parlamentares certo desespero, o que os levaria, em parte, a culpar o Palácio do Planalto.

3. Esta crescendo nos meios financeiros e empresariais o incômodo com a demora do governo em fazer avançar as medidas de correção de rumos da economia no Legislativo e com os sinais de que o Congresso pode alterar substancialmente a PEC de gastos, além das resistências explícitas às reformas previdenciária e trabalhista.

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Assim, mesmo com uma semana em que os políticos estarão totalmente voltados para as eleições municipais, numa tentativa de entusiasmar o eleitor para uma disputa até agora, com exceções, muito chocha, o presidente deverá reunir-se com aliados para aparar arestas e convencê-los a colaborar.

Outra missão de Temer é “segurar a língua” de sua equipe e evitar declarações, anúncios de projetos e simples opinião que causam ruídos externos e, em muitos casos, têm dado munição aos críticos de seus propostas.

Nesta linha, o presidente tem mais um barulho a administrar hoje, já reverberando nas redes sociais. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em um evento eleitoral em São Paulo do partido governista, disse que esta semana a Operação Lava-Jato pode surpreender com novas ações.

É o chamado “tiro no pé”, pois deu a entender que tem informações antecipadas sobre o que a Polícia Federal, sua subordinada, vai fazer e compromete o governo, o ministério e a PF. E dá vazas aos críticos do “excesso” da operação, dos procuradores, da PF e do juiz Sérgio Moro.

Outro tema político da semana, este se desenrolando especificamente nos bastidores, que o presidente terá de enfrentar é o da anistia para o caixa 2 eleitoral. Fracassou a tentativa inicial de aprovar a medida discretamente na semana passada, porém seus patrocinadores não desistiram. A impressão que ficou é que o governo também tem simpatias pelo projeto, o que levou Temer, dos Estados Unidos, a desautorizar uma declaração de apoio à proposta do ministro Geddel Vieira Lima.

A impressão, porem, não se desfez de vez, uma vez que todos os partidos políticos, governistas e oposicionistas, com exceção do PSOL e do Rede, estão interessados na medida, assim como parte do mundo empresarial. O governo já deu indicações de que quer encontrar uma solução para evitar que a Lava-Jato e outros similares façam um “strike” generalizado. Somente ainda não se achou uma fórmula ideal para não afrontar a opinião pública.

Mas as suspeitas de um “acordão” estão no ar. Basta ver o que disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante um seminário promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público: para ele, a anistia ao caixa 2 é uma tentativa de implodir a Lava-Jato.

Outros destaques

dos jornais do dia

– “Produtividade do pré-sal sobe e dá alívio à Petrobras” (Valor)

– “Etanol em queda eleva a importação de gasolina” (Valor)

– “Desoneração vira alvo da Receita e pode gerar R$ 15 bi” (Folha)

– “Previdência vai consumir 20% do PIB em 2060” (Globo)

– “Bancos disputam FGTS com Caixa Econômica” (Estado)

– “Temer usa decisão do interior [de SP] para ficar elegível” (Folha)

– “Para Janot, anistia a caixa dois é tentativa de implodir a Lava-Jato” (Globo)

LEITURAS SUGERIDAS

1. Editorial – “Resgatar o ensino” (diz que reforma segue linha de países mais avançados, mas usar medida provisória para assunto tão delicado é um mau começo de debate) – Folha

2. Editorial – “Uma promessa do governo que precisa ser cumprida” (diz que o dinheiro proveniente da arrecadação de recursos no exterior será usado para abater déficit público) – Valor

Destaques dos jornais

do fim de semana

SÁBADO

– “País perde 34 mil empregos em agosto”

– “Reforma previdenciária exige mais 10 anos de contribuição” (Folha)

– “STF aceita a investigação preliminar sobre Temer” (Globo/Estado/Folha)

– “Auditoria do TCU propõe o bloqueio dos bens de Dilma” (Estado)

DOMINGO

– “Governo freia reajustas a servidores e cria ‘guerra salarial’ entre categorias” (Estado)

– “Clima esquenta no Cade com troca de chefia” (Folha)