Renan vai tentar urgência hoje para o aumento dos ministros do STF

Esta é uma das pendências que o presidente Temer terá de administrar pós-feirado. Outra é a reação do PMDB e outros aliados à decisão de mandar a proposta de reforma da Previdência para o Congresso antes de terminadas as eleições.

José Marcio Mendonça

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Passeadas as festas de 7 de setembro, com as manifestações contra o presidente Michel Temer já previstas e ainda “substanciais” como delas disse no domingo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o governo não terá a tradicional trégua na política que normalmente se segue aos feriados do meio de semana na Brasil, mesmo com os políticos mais mergulhado na campanha eleitoral que em qualquer outra preocupação agora.

Temer tem pelo menos duas questões para resolver e conduzir nesses dias, além de estudar as dimensões e a continuidade dos protestos comandados pelo PT e grupos a ele ligados. Como enfrentar isso sem que o presidente precise se apresentar em público discretamente, quase escondido? Como não deixar que o ambiente seja mais contaminado pelas dificuldades econômicas (demissões estão seguindo em alguns setores ainda) e pelo discurso oposicionista de que o governo quer prejudicar os trabalhadores, tirar-lhes direitos previdenciários e trabalhistas, diminuir programas sociais?

Para se usar uma expressão da moda, Temer precisa construir uma narrativa crível, na qual explique a necessidade premente do ajuste fiscal com cortes de gastos e a urgência das reformas, especialmente a da Previdência, e convença que o resultado final será positivo para todos, mesmo diante de alguns sacrifícios iniciais. Como lembrou a professora da USP Lourdes Sola, em entrevista ao programa “Na Real na TV” deste blog, o governo pode perder a batalha da comunicação.

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É nessa batalha o presidente tem como desafio primeiro equilibrar o ambiente em sua própria esfera, em sua base aliada. Mesmo com Brasília previsivelmente vazia, haverá testes nesses dias até segunda-feira, quando se espera que a Câmara e o Senado comecem a última semana de esforço concentrado antes do primeiro turno das eleições.

1. O presidente terá que medir a reação do PMDB e outros aliados, que não o PSDB, o DEM e o PPS, à decisão agora dita final de enviar ao Congresso ainda em setembro a proposta de reforma da Previdência. Tirante os os tucanos e parceiros citados acima, todos os restantes componentes da aliança governista queriam que a proposta só aparecesse depois do segundo turno. Por ser ela muito polêmica, enfrentar fortes resistências de sindicatos e movimentos sociais, os governistas temem a reação dos eleitores, temem que o governo esteja dando de graça um discurso fácil para o PT e os oposicionistas.Embora do DEM, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não gostou a decisão. Temer quis, porém, dar um sinal para os agentes econômicos, que já estavam ficando ressabiados com as vacilações do governo em relação às medidas mais duras do ajuste da economia nacional. Diz a “Coluna do Estadão” que a proposta vai para o Legislativo no dia 30 de setembro apenas. Se for isto, será uma manobra de quem se acha vivo demais. Cumpre a promessa de setembro, mas não dá armas para a oposição no primeiro turno.

2. Outra fogueira que vai arder hoje é a questão do reajuste dos salários dos ministros do STF. Como já dito, pelo efeito cascata que certamente gerará, poderá custar entre R$ 5 bilhões (se ficar só no Judiciário) a R$ 16 bi (se se generalizar para todo funcionalismo) anuais a mais nos gastos públicos com pessoal. Um baque na difícil equação do déficit público. Tem o mesmo simbolismo da reforma da previdência para os agentes econômicos: vai mostra o tamanho da força política do governo para levar adiante, sem muitas concessões, a reorganização das finanças oficiais. O presidente do Senado Renan Calheiros vai colocar em votação hoje o pedido de urgência para que o projeto seja votado na semana que vem. DEM, PSDB e o PPS são contrários. O Ministério da Fazenda, óbvio, não vê com bons olhos o reajuste agora. O Ministério do Planejamento, que sofre a influência do ex-ministro licenciado Romero Juca, é favorável. O Palácio do Planalto, pelo insinuado por Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, acha que este é um assunto que diz respeito apenas ao Legislativo e ao Judiciário. Ou seja, vai lavar as mãos. O que pode ser um erro político perigoso.

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Para completar, Temer terá ainda pela frente a necessidade de aprovar duas Medidas Provisórias que caducam hoje, exatamente as que fizeram a minirreforma do aparelho administrativo, com a extinção de alguns ministérios, redistribuições de funções entre pastas etc.

Outros destaques dos

Jornais do dia

– “Analistas jé veem déficit maior que R$ 139 bi em 2017” (Estado)

– “Petrobras já atinge 60% de seu plano de venda de ativos” (Valor)

– “Eletrobras revê seu plano de investimento e corta custos” (Valor)

– “Maioria da Câmara declara voto contra Cunha” (Globo)

– “Mercedes Benz demite 370 no ABC paulista” (Globo)

– “EUA investigam vendas de aviões da Embraer para Arábia Saudita e Índia” (Folha)

LEITURAS SUGERIDAS

1. Fábio Alves – “ Um corte voluntarioso?” (diz que corte de juros depende da inflação e da aprovação do ajuste fiscal) – Estado

2. Editorial – “No caminho certo” (diz a reforma da Previdência é símbolo do que o país necessita para alcançar a recuperação econômica) – Estado