Antes do impeachment, Temer prepara medidas da estimulo ao crescimento

Entre outras coisas, ministros acertam redução do custo de contratação de pessoal, incentivos à produção e à exportação, ampliação dos prazos para concessões públicas e facilidade nos financiamentos para a compra de imóveis pela classe média.

José Marcio Mendonça

Publicidade

Com o Congresso Nacional em recesso branco por duas semanas, um novo presidente da Câmara disposto a jogar em dobradinha com o Palácio do Planalto e embalado pela mais recente pesquisa de opinião pública do Instituto Datafolha, com sinais mais positivos para o presidente-interino e mais negativos para a presidente afastada Dilma Rousseff, o governo se prepara esta semana, segundo comentários correntes em Brasília, para lançar algumas medidas de estímulo à atividade econômica.

Isto antes que venham as “medidas amargas” que Michel Temer anunciou que em “algum momento” terá de tomar e que a maior parte dos analistas considera inevitáveis se o presidente pretende colocar a economia brasileira nos fatos nos eixos e reiniciar a retomada do crescimento em bases mais sustentáveis do que alguns suspiros registrados nas últimas semanas.

Esse “pacote” poderá ser fechado até quinta-feira, quando os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, terão uma reunião no Palácio do Planalto, com os ministros políticos e, possivelmente com o presidente Temer. Segundo o site brasiliense “Os Divergentes”, seriam medidas pontuais e incluiriam o fim de exigências burocráticas que oneram o custo das empresas, propostas para reduzir os custos de contratação de pessoal e ações de estímulo à produção e à exportação.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Informa o “Painel” da “Folha de S. Paulo” que o Planejamento preparou uma lista com 20 propostas nesta linha, incluindo a ampliação dos prazos para concessões públicas para atrair investidores externos e um projeto de financiamento para a compra de imóveis pela classe média. O “pacote” viria em agosto, antes da votação do impeachment.

Mesmo assim, reconhecendo que é preciso dar um empurrão na economia, a voracidade fiscal, que para muitos é freio na atividade econômica, continua de pé. Não está descartado o aumento de impostos no âmbito federal – aliás, é cada vez mais certo que Brasília vai aumentar impostos, como mostraram os novos números do Orçamento nas mudanças na LDO enviada ao Congresso.

Já na esfera estadual isto já está ocorrendo conforma aponta reportagem do jornal “Valor Econômico”. Segundo levantamento, 11 estados e o Distrito Federal subiram a alíquota do ICMS incidente sobre o setor de telecomunicações desde janeiro. O reajuste representa um recolhimento a mais este ano de R$ 1,2 bilhão do tributo aos cofres dos governos estaduais.

Continua depois da publicidade

Pesquisa mostra Lula líder no 1º turno,

mas atrás na 2ª rodada

A respeito do afastamento definitivo da presidente licenciada Dilma Rousseff, indefinição geradora de uma interinidade que, segundo Temer, impõe limites à sua atuação e ainda provoca alguma cautela entre os investidores, uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada ontem trouxe um bom alento para o governo e o presidente.

Embora a avaliação positiva do governo Temer esteja praticamente no mesmo nível da que tinha Dilma quando ela foi afastada – 14% contra 13% – 50% dos entrevistados acham melhor para o país Temer ficar na presidência contra 32% que preferem a volta de Dilma. Além disso, aumentou o otimismo com a economia: quando Temer assumiu, apenas 14% acreditavam que a economia melhoraria – agora, são 28%.

A pesquisa traz também dados sobre a (ainda longínqua) sucessão presidencial. E o retrato não é nada bom para os políticos de um modo geral e particularmente para os pré-candidatos mais falados no momento. Nenhum deles, por exemplo, nas várias simulações feitas pelo Datafolha chegou ao percentual de 25% dos eleitores que dizem que não vão votar em ninguém.

É sinal da decepção da opinião pública com o quadro político. Pesquisa do mesmo instituto também na semana passada, para a eleição para a prefeitura de São Paulo, indicava um nível de não-votos (abstenções, nulos e brancos) bem superior ao registrado nas últimas disputas na capital paulista.

Nesse quadro, a notícia menos desalentadora vem para o ex-presidente Lula. Nas simulações de primeiro turno, ele vence todos os candidatos postados – Marina Silva, Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin (Marina fica sempre em segundo). Porém, no segundo turno perderia para todos eles, apenas em um empate técnico com o senador mineiro. Aécio é o mais desgastado de todos, certamente pelas citações na Operação Lava-Jato, pois até o início do ano liderava todas as pesquisas.

Outros destaques dos

jornais do dia

– “Investimento público aumento 8,3% no primeiro semestre” (Valor)

– “Só privatização está descartada na Petrobras, diz Pedro Parente” (Folha)

– “Brasil investe, em média, só 2,7% do PIB em infraestrutura, diz CNI” (Globo)

– “Venda da Cesp volta de novo ao radar do governo de São Paulo” (Valor)

– “Em meio à crise, faltam carros usados em lojas” (Estado)

– “Lava-Jato: empresas investigadas em cartel aumentam em 50% pedidos de acordo [leniência] com o governo federal” (Globo)

– [Fundo de pensão] Petros perde R$ 6,7 bi com investimentos” (Estado)

– Haddad quer pagar a quem usar bicicleta” (Estado)

LEITURAS SUGERIDAS

1. Editorial – “O ajuste e os impostos” (diz que plano de estabilização sem aumento de impostos será novidade no país, bem-vinda, mas incerta) – Estado

2. Jorge J. Okubaro – “Crise e responsabilidade” (diz que deputados e senadores não demonstraram ter entendido a urgência de enfrentar a crise econômica e sobretudo a fiscal) – Estado

3. Valdo Cruz – “Jogando pelo resultado” (diz que o ambiente começou a desanuviar, com o time de Temer jogando para o gasto na hora certa, à espera do impeachment, mas que depois terá de mostrar a que veio) – Folha

4. Luiz Carlos Mendonça de Barros – “Quando agosto vier” (diz que o que se prepara é a volta dos valores liberais de uma economia privada eficiente, gerida com competência) – Valor

5. Dani Rodrick – “A abdicação da esquerda” (diz que a revolta popular que parece estar em curso assume diversas e complicadas formas: reafirmação de identidade locais e nacionais, demanda por responsabilização democrática, rejeição a partidos centristas e desconfiança em relação a elites e experts) – Valor

Destaques dos jornais

do fim de semana

SÁBADO

– “Delator diz que Caixa capitalizou o BNDES de forma irregular” (Globo)

– Captações de empresas brasileiras dobram” (Globo)

DOMINGO

– “Obra do São Francisco custará mais R$ 10 bi” (Folha)