Sindicatos e empresários já pressionam Temer contra reforma da Previdência e CPMF

A ansiedade da sociedade e dos agentes econômicos com o que o presidente vai fazer é grande. O novo ministério não foi bem recebido e agora se espera pelas ações imediatas do ministro Henrique Meirelles.

José Marcio Mendonça

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O governo Michel Temer, passada euforia da posse, começa de fato hoje. E a principal expectativa, como registrado na sexta-feira, é quanto à equipe que o ministro Fazenda, Henrique Meirelles, prometeu anunciar hoje e, principalmente, a respeito das medidas emergenciais que ele deve adotar para tentar recuperar a economia.

Há urgência e Temer tem que agir com rapidez – pelo menos dar sinais concretos dos rumos de seu governo – porque é grande ansiedade na sociedade e nos agentes econômicos. A sua estreia, com o anúncio do ministério, não foi seguramente bem vista.

E as reações, ainda que limitadas ao PT e seguidores de Lula, estão fazendo barulho. Se o agora presidente interino da República não mostrar logo algum serviço, elas podem se espraiar. O PT e a CUT, em que pesem certas declarações apaziguadoras, não parecem dispostos a dar tréguas. Pelo menos em cinco capitais ontem registraram-se manifestações – panelaços contra o novo presidente quando ele apareceu em entrevista na televisão.

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De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, Temer já está sendo pressionado tanto pelos empresários como pelos sindicatos para rever algumas medidas de ajuste que Meirelles andou esboçando na semana passada. Os focos são a reforma da Previdência e a volta da CPMF.

Sobre a “política de Meirelles”, informa o “Valor Econômico” que há uma preocupação no mercado com possíveis mudanças na gestão cambial. Teme-se que haja uma apreciação do câmbio causada pela retomada da confiança.

Ainda no “Valor”, Ribamar Oliveira diz que o ministro vai trabalhar com metas nominais para as despesas públicas – elas não poderão ter crescimento real. Quanto à equipe da Fazenda, ansiosamente aguardada, diz o jornal que o anúncio previsto para hoje ficou para amanhã.

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O presidente convidou as centrais sindicais para uma reunião nesta segunda-feira para discutir as mudanças no sistema previdenciário, já atacadas pelo deputado Paulinho da Força na sexta-feira. A CUT não confirmou presença e é muito difícil que compareça.

MST: os conflitos

Tendem a se agravar

O MST está até prometendo ir mais longe. De acordo com uma das coordenadoras nacionais do movimento, Marina dos Santos, “não vamos aceitar um governo ilegítimo, que vai priorizar o agronegócio e criminalizar os movimento sociais”. Disse ela ainda que os “conflitos tendem a se acentuar”.

Em uma estratégia, que não se tem certeza se vai funcionar, o governo Temer começa, como começou 13 anos atrás o governo Lula. Denunciando a “herança maldita” que está recebendo de Dilma Rousseff. Um exemplo será o anúncio, possivelmente em nova entrevista do ministro Henrique Meirelles ainda nesta segunda-feira, que o rombo nas contas públicas está em R$ 125 bilhões, bem superior aos R$ 96 bilhões que Nélson Barbosa admitira.

Hoje mesmo é possível que Meirelles envie ao Congresso nova proposta de alteração da meta fiscal deste ano. O governo precisa que esta mudança esteja aprovada até o dia 22, para não ser obrigado a fazer um contingenciamento brutal das contas públicas, com risco de paralisação de atividades administrativas. A outra medida de urgência urgentíssima no Congresso é a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União).

Na linha de mostrar a “herança maldita” (uma forma de se preservar e ao mesmo tempo manter acuados Dilma e o PT), o presidente, informavam os jornais do fim de semana e reforça hoje em manchete “O Globo”, mandou fazer um pente fino em toda a administração federal e rever todos os últimos atos praticados por Dilma, desde 1º de abril. Nas semanas que antecederam seu afastamento, Dilma assinou decretos, portarias e até Medidas Provisórias que implicam, em muitos casos, aumento da gastos.

Temer vai ter ainda muitos aborrecimentos com a conformação de seu ministério, inteiramente masculino e formado basicamente por políticos. E já mostrou vacilações num momento em que se exige firmeza e determinação.

Preocupado com a repercussão, no meio artístico, da incorporação do Ministério da Cultura ao Ministério da Educação, Temer acenou no final da semana com a criação de uma secretaria especial para a área, vinculada à Presidência da República, embora sem o status de ministério. E propôs, segundo pessoas próximas a ele, entregar a nova secretaria a uma mulher, para amenizar as críticas à ausência de mulheres no primeiro escalão. Agora, noticia também “O Globo”, Temer decidiu manter a Cultura sob o guarda chuva da Educação, como havia inicialmente planejado.

Hoje também começarão a ser acertadas também as linhas de ação da presidente licenciada Dilma Rousseff e do PT. Dilma volta a Brasília e reúne-se com os assessores que escolheu para acompanhá-la nesses dias de ostracismo. Ela, porém, corre o risco de ficar isolada, porque o PT está mais interessado, no momento, em se preservar e preservar o ex-presidente Lula. O que, como já foi dito, não combina inteiramente com a preservação do mandato de Dilma. O diretório nacional do PT reúne-se também hoje em São Paulo para definir seus próximos passos. 

Outros destaques dos

jornais do dia

– “Teles monitoram redes sociais para conter perde de clientes” (Globo)

– “Rombo doas contas públicas deve chegar a R$ 125 bi” (Globo)

LEITURAS SUGERIDAS

1. Moisés Naim e Francisco Toro – “Como viver em um Estado falido” (diz que não é possível compreender a revolução bolivariana e seu fracasso sem incluir na análise o impacto que teve o roubo de dinheiro) – Estado

2. Editorial – “Um trabalho duro para ajustar as contas públicas” (diz por trás da contabilidade criativa e das pedaladas fiscais, o que houve mesmo foi uma política de irresponsabilidade com o dinheiro público) – Valor

3. Luiz Carlos Mendonça de Barros – “Temer, um novo soft econômico” (diz que a legitimidade de Temer decorre do cansaço da maioria da sociedade com o esquerdismo infantil e deletério) – Valor

Destaques dos jornais

do fim de semana

SÁBADO

– “STF adia julgamento da denúncia contra Renan” (Globo)

“Teori tira da Lava-Jato indícios contra Aécio e Paes” (Globo)

– “Economia brasileira encolheu 1,44% do primeiro trimestre [Banco Central]” (Globo/Estado/Folha)

– “Governo Alckmin desocupa escolas com aval da Justiça” (Folha/Estado)

DOMINGO

– “Temer quer capital privado nos Correios e na Casa da Moeda” (Globo)

– “Waldir Maranhão aceita gestão compartilhada na Câmara” (Globo)

– “Decretada a prisão do ex-delegado da PF Protógenes Queiros” (Globo)