Atividade em queda e pessimismo em alta na construção civil

Sem perspectivas de melhora na economia, investidores e famílias não assumem compromissos de longo prazo. O investimento na construção reflete a perda de confiança em uma retomada, que parece cada vez mais distante de todos

Equipe InfoMoney

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Colunista convidada: Ana Maria Castelo, pesquisadora do IBRE/FGV

A atividade da construção continua declinando em ritmo rápido. E por ser um setor majoritariamente artesanal, intensivo em mão de obra e muito pouco industrializado, o impacto no mercado de trabalho está sendo bastante forte.

A cada mês, novos postos de trabalho estão sendo fechados. De acordo com a pesquisa de emprego SindusCon-SP/FGV, o total de empregados no setor encerrou o semestre com uma queda de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com junho de 2014, a queda alcançou 10,8%, o que significou o fechamento de mais de 380 mil postos de trabalho.

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O fechamento de postos de trabalho na construção vem ocorrendo de forma ininterrupta desde outubro do ano passado e se acentuado no primeiro semestre de 2015 com o corte dos investimentos da União, estados e municípios. Em 2009, as obras do PAC e do MCMV tiveram impactos quase imediatos para a retomada do crescimento, o que não está ocorrendo agora: obras estão reduzindo o ritmo.

Assim, não surpreende que a Sondagem da FGV realizada em julho com empresários de todo tenha mostrado um pessimismo recorde.

A pesquisa mostrou que a confiança setorial voltou a registrar queda, ou seja, a maioria dos empresários consultados está bastante pessimista e indicou que a atividade continua declinando e ainda deve se deteriorar nos próximos meses. Assim, o índice de confiança setorial (ICST)registrou queda de 26,5% em relação a dezembro de 2014, atingindo o menor patamar histórico. Um recorde que não irá se sustentar muito tempo.

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Os dois componentes do indicador de confiança recuaram na comparação com junho e também alcançaram o pior resultado da série.

O Indicador de Situação Atual (ISA) já está 35% abaixo do indicador de dezembro do ano passado. Por sua vez, as expectativas que haviam apresentado melhoras em junho voltaram a cair e o Índice de Expectativas (IE) está 19,5% menor do que estava em dezembro.

Os empresários estão predominantemente reportando piora na situação dos negócios, e uma carteira de contratos muito abaixo do normal. E todas as áreas setoriais caminham na mesma direção de queda. Dessa forma, não surpreende também que o indicador de mão de obra prevista tenha registrado o pior resultado da série: 46,1% dos empresários relataram que vão demitir nos próximos meses e apenas 9,6% têm intenção de contratar.

Sem perspectivas de melhora na economia, investidores e famílias não assumem compromissos de longo prazo. O investimento na construção reflete a perda de confiança