A decisão do Banco Central no dólar que não foi bem recebida pelo mercado

Rolagem parcial dos swaps cambiais não foi uma boa sinalização, afirma gestor dos fundos Multimercado da XP Gestão

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Muito elogiado por sua postura no campo dos juros, Ilan Goldfajn, que desde que assumiu a presidência do BC em maio de 2016 conduziu a Selic de 14,25% para 8,25% e deixou a porta aberta para mais cortes, com possibilidade de encerrar este ano em 7%, desta vez não caiu nas graças do mercado com sua atuação no câmbio.

Ao longo dessa semana, o dólar comercial, que vinha corrigindo desde que atingiu R$ 3,15 no final de agosto, encontrou maior pressão de compra em R$ 3,08 por conta das especulações de que o Banco Central não iria fazer a rolagem total dos US$ 10 bilhões de swaps cambiais programados para vencer no começo de outubro (veja mais aqui). Confirmando a profecia, o BC anunciou na noite de quinta-feira (14) que iniciará a rolagem do montante, mas, considerando os 10 dias úteis até o mês que vem e a oferta diária de até 12 mil contratos, a autoridade monetária deve rolar apenas 60% (US$ 6 bilhões) do valor total e essa não foi uma boa sinalização.

Para Bruno Marques, gestor dos fundos Multimercado da XP Gestão, não existem argumentos para o Banco Central deixar expirar cerca de US$ 4 bilhões do total de contratos, pois não houve fluxo positivo para o real nos últimos tempos. Na verdade, bem pelo contrário: na primeira semana do mês, houve déficit de US$ 1,25 bilhão no período, dando sequência para as saídas líquidas de recursos vista nos últimos três meses.

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Segundo o gestor, se o real estivesse descolado de seus fundamentos ou disparando frente seus pares, como no emblemático 18 de maio, quando o Banco Central utilizou os swaps cambiais para frear a disparada da taxa de câmbio por conta da divulgação do áudio da conversa entre Temer e Joesley Batista, ir ao mercado para comprar dólar faria sentido, o que não é o caso. Desde o fechamento em R$ 3,39, a moeda recuou cerca de 8%, tendo em vista o último fechamento em R$ 3,11. Para Marques, o único sinal positivo possível seria a rolagem integralmente dos contratos.

Qual o motivo?

Se não há necessidade pelo comportamento do fluxo cambial ou do real, então qual o motivo do Banco Central optar pela rolagem parcial? Segundo o gestor, trata-se muito mais de um movimento técnico por parte da autoridade monetária de zerar os estoques de swap cambial do que uma medida paliativa, quando atua para oferecer proteção e liquidez em momentos de forte oscilação.

Como neste tipo de contrato o BC oferece à contraparte o pagamento da variação do dólar em relação ao real (seja ela para cima ou para baixo) somada com uma taxa de juros efetiva, ou, em termos práticos, fica “vendido” na moeda, a autoridade monetária “lucra” com a queda do dólar.