EUA fecharam gap de desemprego criado na crise, mas outro dado pode fazer o dólar subir rapidamente

Especialista afirma que mercado está "muito complacente, apostando que os juros subirão somente em 2018", mas isso pode mudar

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Há muitos meses que o mercado fica de olho nos relatórios de emprego mensais divulgados nos Estados Unidos para tentar antecipar os movimentos do Federal Reserve sobre a alta de juros no país. Estas decisões da autoridade tem impacto direto no dólar, o que aumenta a atenção dos investidores para estes dados, mas agora é um outro indicador que pode começar a pressionar a moeda para cima.

Quem chama atenção para isso é o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior. Em relatório divulgado nesta segunda-feira (7) ele aponta os dados do Hamilton Project, que mostra que os EUA conseguiram fechar, quase 120 meses depois, o gap de desemprego criado com a crise do subprime. Veja o gráfico abaixo:

Apesar das boas novidades sobre o desemprego, a atenção agora precisa ser em outro ponto. Faria afirma que o “mercado segue muito complacente, apostando que os juros subirão somente em 2018”. Segundo dados da Bloomberg, neste momento a maior aposta do mercado é que as taxas irão subir em junho, com 70% de chance.

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Diante disso, um dos dados que mais precisa ser acompanhado agora é o de inflação, já que o atual cenário norte-americano pode levar os preços a tomarem um novo rumo. “Surpresas inflacionárias nos EUA, em parte devido a possibilidade de aumentos maiores para os salários e em parte devido a fraqueza do dólar, podem gerar reversão forte e rápida nas expectativas dos agentes quanto ao ritmo da atual política monetária conduzida pelo Fomc”, explica o diretor.

Ou seja, se os dados de inflação começarem a surpreender, os analistas poderão rever suas previsões e até acreditarem na possibilidade do Fed elevar os juros novamente este ano, o que, segundo Faria, levará a uma pressão de alta para o dólar, que pode se distanciar rapidamente das atuais mínimas.

No Brasil, Faria afirma que a tendência da moeda, porém, segue de baixa tanto no médio quanto no longo prazo. Ele lembra ainda que a moeda segue acima do importante suporte de R$ 3,10, negociando em seu preço justo de curto prazo.

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“O ponto ‘ideal’ para venda é um pouco mais alto, em torno de R$ 3,15. Como estamos passando por um momento de fortalecimento do dólar no exterior, é possível que tenhamos uma oportunidade melhor de vender em meio a redução da liquidez devido as férias de verão do Hemisfério Norte”, ressalta.

Às 14h55 (horário de Brasília), o dólar comercial era negociado praticamente estável, com leve alta de 0,09%, cotado a R$ 3,1271 na compra e R$ 3,1282 na venda. Vale destacar que no exterior, o mercado deve ficar atento ao dado de inflação do CPI nos EUA, que será apresentado na sexta-feira (11).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.