Com boas notícias de todos os lados, analista vê chance de dólar cair para R$ 3,05

Em um mês, moeda americana despencou mais de 7% em relação ao real

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um conjunto de fatores domésticos e internacionais tem levado especialistas do mercado a projetar um menor patamar para o dólar ante o real nos próximos meses, mesmo com o cenário de impasse político dominando as discussões no plano nacional. Em relatório a clientes, o analista de câmbio José Faria Júnior, da Wagner Investimentos, diz que não seria surpreendente se a cotação da moeda norte-americana voltasse à região entre R$ 3,05 e R$ 3,10.

De um lado, estão as menores chances de um novo movimento de aperto monetário pelo Federal Reserve ainda neste ano, em meio aos sinais ainda frágeis da economia norte-americana, e os tropeços de Donald Trump na condução de suas agendas, o que pode ameaçar os planos da reforma tributária prometida. Além disso, a redução na percepção de risco global pelo mercado ajuda no apetite por riscos e na limitação de alta do dólar.

Na outra ponta, apesar dos percalços da crise política, há um crescimento nas expectativas dos agentes econômicos em torno da aprovação de uma reforma no sistema previdenciário ainda neste mandato ou no início do próximo governo eleito. Este seria mais um fator a atrair investimentos e coibir possíveis altas do dólar ante o real.

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De 18 de maio (um dia após a revelação da delação de executivos da JBS e do áudio de conversa mantida pelo presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista) até o fechamento de ontem, o dólar acumulou queda de 7,15%, mergulhando de R$ 3,40 para R$ 3,157. Apenas nos últimos oito pregões, a moeda oficial dos EUA recuou 4,36% em relação à divisa brasileira.

“Dólar/real atingiu a nossa primeira projeção de queda, R$ 3,15, em muito pouco tempo devido o “derretimento” do dólar no exterior. É possível alguma recuperação técnica, mas a região de R$ 3,20 não deverá ser rompida com facilidade. As vendas ficam prejudicadas neste cenário e as compras podem ser feitas com mais calma. Na situação atual, para quem têm política de hedge, recomendamos hedge mínimo de compra”, escreveu Faria.

Apesar da recente valorização do real em relação ao dólar, o analista de câmbio ainda vê espaço para a continuidade do movimento. Nesse sentido, ele compara o desempenho do dólar/real (USD/BRL) com dólar/dólar australiano (USD/AUD) e o DXY (US Dollar Index), que consiste em um índice que mede o valor da moeda norte-americana em relação a uma cesta de divisas internacionais (euro, iene, libra, entre outras). O gráfico abaixo ilustra essa leitura:

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“Assim, observando o nosso modelo e os gráficos acima, o retorno do dólar para a região de R$ 3,05 – R$ 3,10 é perfeitamente possível. Por enquanto, as notícias externas seguem sendo benignas (mercado segue reduzindo as chances do Fed subir os juros novamente este ano) e as notícias internas também. O problema fiscal é grave, mas voltamos a ter duas esperanças: continuação das reformas (incluindo Previdência desidratada) e não eleição de candidato da esquerda em 2018. Assim, mesmo que a Previdência não seja aprovada por Temer/Maia, existe a crença que será em 2019”, avaliou o diretor de câmbio da Wagner Investimentos.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.