7 fatores que estão “travando” a cotação do dólar e evitando quedas e altas mais fortes

Segundo a equipe da XP Investimentos, pelo menos até maio uma série de fatores, em especial as questões políticas domésticas, devem manter o dólar no nível atual

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após superar R$ 4,20 no início do ano passado e voltar para níveis em torno de R$ 3,00 no segundo semestre, o dólar passou a oscilar dentro de um patamar entre R$ 3,08 e R$ 3,15 desde fevereiro. Segundo a equipe da XP Investimentos, o cenário tende a ser entre o nível atual e uma queda da moeda, mas uma série de fatores estão “travando” a cotação.

Entre estes pontos, a política está no centro: “o curto prazo deve continuar conturbado enquanto não houver uma definição da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, o que deve ocorrer entre maio e abril de 2017”, explicam os analistas da corretora em relatório.

Diante disso, o dólar deve seguir dentro do cenário-base deles, entre R$ 3,10 e R$ 3,40. “Um rompimento dessa tendência lateral de curto prazo pode ocorrer de forma mais clara após esse calendário, ainda que não seja duradouro”, afirmam. Em relatório, eles apontam 7 fatores que estão levando a este cenário, sendo 4 externos e três internos, afetando positivamente (queda do dólar) ou negativamente (alta do dólar):

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Externos

Commodities (efeito negativo): forte volatilidade, especialmente por conta do preço de minério de ferro. A dinâmica de preços é importante para compreender a possível dinâmica dos termos de troca, que e relevante para determinar o câmbio no médio prazo (quando o preço de exportação tem melhor desempenho em relação
aos preços de importados, isso normalmente implica em influxo de dólares, o que ajuda a apreciar o Real).

Federal Reserve dovish (efeito positivo): o comunicado da última reunião do Fed deu indícios de que pode aturar inflação acima da meta de 2% por algum tempo. O fluxo para mercados Emergentes, segundo o Institute of International Finance (IIF), que mapeia fluxo de capital no globo, indicou que estes países receberam um grande influxo em renda fixa após o comunicado.

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Trump mais frágil (efeito positivo): o primeiro grande embate de Trump no Congresso foi marcado por uma derrota. Esse evento é marcante por dois motivos: (i) o primeiro decorre de um contexto em que o Congresso, claramente dominado por republicanos, em tese, facilitaria qualquer posição do presidente; (ii) o segundo é o significado da derrota, questionando acerca da capacidade de Trump levar adiante suas promessas de campanha, reduzindo a pressão sobre a curva de juros
dos EUA e sobre a moeda de diversos países.

Movimentos anti-União Europeia perdem força (efeito positivo): na Holanda a extrema direita perdeu a eleição e foi pior do que o esperado. Na França, Marine Le Pen vem perdendo força nas pesquisas de intenção de voto. Na Alemanha, o partido de Angela Merkel ganhou, inesperadamente, as eleições estaduais em uma demonstração inicial de força do partido.

Internos

Reforma da Previdência (efeito negativo): A discussão sobre a exclusão dos servidores públicos estaduais e municipais, anunciada por Temer, gerou muito questionamento legal e sobre a capacidade deste movimento ser sustentável. Se, por um lado, a exclusão deve facilitar o trâmite da Reforma da Previdência junto ao Congresso, o questionamento legal que isso pode trazer mais à frente não é desprezível.

Orçamento fiscal (efeito negativo): o governo tem se deparado com dificuldade para encontrar fontes de receita que sejam compatíveis com a meta de 2017. A opção de
impostos, que, por muito tempo se deixou de lado, agora é dada como certa. Há quem questione o realismo da meta de 2017, um déficit de R$ 139 bilhões.

IOF sobre o câmbio “saiu da mesa” (efeito positivo): A necessidade de cobrir o rombo fiscal em 2017 demanda elevação da carga tributária. Entre as medidas ventiladas na mídia, o IOF sobre o câmbio foi citado, mas veemente descartado pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista recente.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.