Dólar voltará para R$ 3,00 em 2017, afirma melhor analista de câmbio do Brasil

Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos, é o líder do ranking do Banco Central de analistas de dólar; para ele, moeda fica estável até o fim do ano, mas avanço do ajuste fiscal deve pressionar a taxa para baixo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após atingir R$ 4,00 no início deste ano, o dólar passou, aos poucos, a perder espaço e se aproximar novamente dos R$ 3,00, mas ainda sem quebrar esta barreira. Porém, isto pode mudar se o cenário econômico seguir o rumo atual. É isso que acredita o analista melhor ranqueado na lista semanal do Banco Central para projeções de câmbio.

Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos, acredita que este resto de 2016 será um período de estabilidade, onde a moeda não deve sair do patamar atual, em que está oscilando em uma banda entre R$ 3,15 e R$ 3,30. E caso o ajuste fiscal continue tomando forma, junto com uma política mais lenta do Federal Reserve em elevar os juros nos EUA, o dólar teria espaço para voltar finalmente ao patamar de R$ 3,00, mas sem se distanciar muito para baixo.

Segundo o analista, uma alta de juros do Fed em dezembro não seria motivo para que o dólar voltasse a subir forte. “O mercado já precificou este cenário, o que poderia estressar a moeda seria alguma surpresa sobre o ritmo de elevação ou mudança de projeções por parte do Fed”, explica Buccini. Por outro lado, ele explica que uma surpresa no sentido inverso (um adiamento da alta de juros), poderia fazer o dólar cair forte no fim do ano.

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Um fator que teria poder de mudar o rumo do dólar com mais força seria a política monetária do Banco Central brasileiro. “Se o BC for violento no corte da Selic, poderá segurar uma possível queda do dólar”, diz Buccini, que ressalta que isto seria uma surpresa, mas que o cenário-base de um corte gradual dos juros é o que está incluído em sua análise.

Entre outros fatores que estão preocupando os investidores, o analista acredita que não terão grande impacto, como é o caso das eleições nos EUA e a questão da repatriação de recursos por aqui. Para ele, mesmo que Donald Trump ganhe, o mercado não deve mudar de rumo completamente: “Trump pode até trazer um pouco de incerteza e volatilidade, mas os investidores vão ver que ele não tem tanto poder assim”, afirma.

Já no caso da repatriação, Buccini só vê um potencial de impacto maior se as regras mudarem. Porem, nos últimos dias, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o relator, Alexandre Baldy, confirmaram que as propostas de mudança nas regras não serão mais pautadas no Congresso, o que mantém o prazo final em 31 de outubro. Com isso, o analista explica que o mercado já precificou este movimento e que muitas pessoas não irão trazer seus dinheiros de volta, mas apenas pagar o que é necessário para regularizar o dinheiro, o que acaba não tendo um grande impacto no mercado.

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Apesar de ser um mercado muito complicado de se fazer previsões, a expectativa é que o dólar não saia muito do patamar atual. Há poucas chances de ele ganhar muita força, enquanto para o próximo ano a moeda deve recuar, mas sem uma oscilação exagerada demais. Os tempos de dólar a R$ 4,00 ficaram para trás, mas ainda não está na hora de falar em câmbio abaixo de R$ 3,00.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.