Dólar afunda após PIB fraco dos EUA e analista vê poucas chances de moeda voltar a R$ 3,30

Dados desta sexta praticamente acabam com chances de alta de juros este ano e fazem com que o dólar se mantenha em níveis mais baixos no curto prazo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Se nos últimos dias ganhou força a ideia de que o Federal Reserve poderia subir os juros ainda este ano, levando o dólar a subir. Porém, mesmo com a decepção vinda do Banco do Japão, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos decepcionou tanto que praticamente enterrou as chances de uma alta dos juros em 2016. O efeito foi imediato e o dólar passou o dia todo em forte queda.

A moeda fechou esta sexta-feira (29) com perdas de 1,63%, cotada a R$ 3,2423 na compra e R$ 3,2429 na venda, o que muda as projeções feitas nos últimos dias e encaminha um novo cenário para a moeda daqui para frente. Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, as chances do dólar voltar a R$ 3,30 no curto prazo estão menores agora.

“Com o Comitê de juros do Fed mais dovish e PIB dos EUA mais fraco, parece que a chance do dólar ir para cima de R$ 3,30 se distancia”, afirma Júnior. Para ele, o que ajuda a manter o real descolado das outras moedas de commodities são os juros altos por aqui e a forte queda dos CDS neste mês. “Além disto, há a perspectiva de confirmação do impeachment”, completa.

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“Seguimos observando que o dólar segue em tendência de baixa de médio e longo prazo e hoje, após o PIB dos EUA, também em tendência de baixa de curto prazo”, afirma. “Na próxima semana, há alguma chance de subir, especialmente se o Payroll vier forte mas, como já comentamos, a chance de superar R$ 3,30 ficou muito limitada neste momento”, ressalta.

A economia dos EUA cresceu apenas 1,2% em termos anualizados no segundo trimestre, bem aquém das expectativas de 2,5%. Os números tiraram força das expectativas de que o Fed possa elevar os juros ainda neste ano. Os juros futuros nos EUA apontavam chance de 12% de o Fed aumentar a taxa em setembro, sobre 18% antes da divulgação dos dados.

Vale destacar ainda que o BoJ decepcionou o mercado ao anunciar estímulos aquém do esperado. A autoridade expandiu o estímulo monetário nesta sexta-feira através de um aumento nas compras de fundos de índices (ETFs), mas manteve a meta da base monetária em 80 trilhões de ienes (US$ 775 bilhões), assim como o ritmo de compras de ativos, incluindo títulos do governo japonês. Também manteve a taxa de juros de 0,1% que cobra de uma porção de reservas em excesso que as instituições financeiras deixam no banco central.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.