Na contramão? 3 motivos para o dólar subir para R$ 3,50 em 2016, segundo economista

Se no curto prazo as perspectivas eram de maior valorização da nossa moeda, esta alta pode não ser sustentável, de acordo com o economista 4E Consultoria, Juan Jensen

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O real registrou uma forte valorização no ano, com ganhos de cerca de 23% e encostando nos R$ 3,20, superando de longe outras moedas emergentes. Aliás, já houve análises de que haveria seis motivos para o dólar cair abaixo de R$ 3,00 nas próximas semanas. Porém, se no curto prazo as perspectivas eram de maior valorização da nossa moeda, esta alta pode não ser sustentável, de acordo com o economista 4E Consultoria, Juan Jensen. 

Jensen destaca que as suas projeções ainda estão sendo revisadas, mas que apontam que o dólar deve ir ao patamar de cerca de R$ 3,50 este ano, destacando para isso três motivos principais. 

O primeiro ponto, aponta o economista, é que o Banco Central volta a atuar através de operações de swap cambial reverso – o que equivale à compra de dólares pela autoridade monetária no mercado futuro e são utilizadas para evitar uma queda ainda maior da moeda americana. Elas servem para desmontar o estoque de outras operações feitas anteriormente pela autoridade monetária, os swaps tradicionais, utilizados pelo BC quando o objetivo é o oposto – evitar uma alta ainda maior da moeda americana. O BC tem um estoque de US$ 62,135 bilhões em contratos tradicionais de swap cambial.

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E esta atuação  já foi observada no primeiro pregão do semestre. O Banco Central ofertou US$ 500 milhões em contratos de swap cambial reverso nesta sexta-feira (1). Além disso, em entrevista ao Valor Pro, o presidente do Banco Central Ilan Goldfajn afirmou, entre outros pontos, que trabalha com dois objetivos: manter o câmbio flutuante e diminuir o estoque de swaps, indicando que mais estará por vir. Com isso, o dólar futuro com vencimento em agosto registrava alta de 1%, a R$ 3,273. 

Em segundo lugar, Jensen indica que o Federal Reserve, autoridade monetária norte-americana, apenas deve postergar a alta de juros em meio ao cenário de incertezas após a votação pelo “Brexit”, mas a expectativa é de que ainda haja alta de juros ano que vem. 

Em terceiro e último lugar, esta a questão doméstica mais grave que o governo enfrenta: as dificuldades com o ajuste fiscal. O governo prevê um déficit de R$ 170 bilhões neste ano e as expectativas já apontam para um déficit de R$ 100 bilhões em 2017, de acordo com informações do ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira. 

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O economista ressalta que o dólar pode chegar até abaixo dos R$ 3,00, mas esse patamar não é sustentável; assim, afirma, a “valorização do real parece ser temporária”. Em um prazo mais longo, em meio às dificuldades estruturais e com o Fed no radar, o dólar pode chegar no final do ano que vem a R$ 4,00, avalia ele. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.