Dólar despenca 2,6% e fecha na mínima do ano, após mercado reduzir apostas de corte da Selic

A moeda acelerou as perdas após o início do discurso de Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, que voltou a falar em regime de câmbio flutuante

Paula Barra

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SÃO PAULO – O dólar comercial afundou nesta terça-feira (28) e bateu seu menor patamar do ano, voltando para os preços de julho de 2015 com a volta do otimismo no mercado após dois dias de efeitos fortes do “Brexit”. Porém, a moeda acelerou as perdas após o início do discurso de Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, que voltou a falar em regime de câmbio flutuante.

O dólar comercial encerrou em queda de 2,61%, para R$ 3,3045 na compra e R$ 3,3060 na venda, praticamente na mínima do dia (a R$ 3,3018). Durante a coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação, Ilan leu novamente trecho do discurso de posse, que afirmou que continua válido: “o BC aprecia regime de câmbio flutuante dentro do tripé macroeconômico”. Mas ressaltou que, uma vez dito isso, poderá usar todas as ferramentas que dispõe, mas dentro do regime, para reduzir swap quando e se for possível.

Segundo Alexandre Schwartsman, sócio da Schwartsman & Associados e ex-diretor do BC, o dólar caiu por que o BC indicou que não vai cortar os juros. É uma resposta à ideia de manutenção de taxa de juros que está influenciando, disse, em entrevista à Bloomberg. Nesta terça-feira, o BNP Paribas revisou suas projeções e agora vê dólar a R$ 3,20 no 3° trimestre de 2016, contra R$ 3,75 anteriormente. 

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Além da fala do presidente do BC, o cenário externo também favoreceu para a queda da moeda nesta sessão. A terça-feira foi marcada pela recuperação dos ativos globais após o pânico com a saída do Reino Unido da União Europeia, com isso, não só o dólar devolve as altas dos últimos dias, como as bolsas internacionais também registram fortes ganhos.

Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o mercado futuro de juros dos Estados Unidos indica uma chance de 20% do Federal Reserve poder cortar os juros em dezembro e 9% de chance da autoridade subir os juros apenas em fevereiro. Isso também favorece um movimento de queda do dólar, já que o mercado brasileiro segue como um bom investimento por conta dos altos juros.

A possibilidade de alta do dólar não se materializou no momento. As commodities seguem em tendência de alta e o Fed vai adiar a alta dos juros. Com os juros reais muito elevados no Brasil (contra juros negativos na Alemanha e Japão), há interesse em aplicar em renda fixa”, explica.

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“Por enquanto, acreditamos que o dólar deverá encontrar suporte nesta região, mas tudo indica que o nosso cenário de continuação de queda do dólar deverá prosseguir. A piora nas bolsas dos EUA e da Europa, expectativa de impeachment em agosto e juros ainda elevados em meio as commodities em alta deixam o Brasil atrativo”, conclui Júnior.