Analista vê dólar sob ataque e afirma: “há sérios riscos de cair ainda mais”

Reação vem principalmente após discurso "dovish" da presidente do Fed ontem, praticamente descartando possibilidade de alta de juros nos EUA e provocando queda global do dólar hoje

Paula Barra

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SÃO PAULO – Além das chances maiores de impeachment da presidente Dilma Rousseff, um outro fator tem colocado peso sobre o dólar: os próximos passos do Federal Reserve. Ontem, o discurso da presidente do Banco Central americano, Janet Yellen, praticamente descartando uma possibilidade de alta de juros nos Estados Unidos na próxima reunião de 27 de abril e derrubando globalmente o dólar hoje, embora as incertezas ainda pairem sobre o encontro de junho. Ainda assim, leituras mais radicais começaram a surgir no mercado, como os economistas dos Estados Unidos do banco BNP, que acreditam que o Fed não eleve juros em 2016 e 2017.

Indo por água abaixo as chances de novas altas de juros por lá, uma reação imediata será sentida por aqui. Enquanto boa parte dos economistas ainda mantêm projeções para o câmbio na casa dos R$ 4,00 até o final desse ano (mesmo considerando um curto prazo de queda em meio à questão do impeachment), o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, começa a ver fortes indícios para isso não se concretizar. 

“Há sérios riscos do dólar cair ainda mais. Estamos vendo o maior ‘ataque’ às nossas linhas de tendência de longo prazo em quase dois”, destacou hoje, em relatório divulgado a clientes. Essa sinalização para a possibilidade de uma reversão da tendência de alta do dólar lá fora foi destacada pela primeira vez por ele em 17 de março.

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O alerta foi reforçado hoje, por conta do Fed: “há chances reais, ainda mais depois do discurso de Yellen de ontem, da tendência de longo prazo de alta do dólar ser rompida. Esse movimento pode ser global”, comentou Faria Júnior. A visão dele vai em linha com o relatório desta quarta-feira do economista Dennis Gartman, um dos mais renomados dos Estados Unidos, que também vê riscos de quedas mais abruptas do dólar. 

A análise veio após discurso “dovish” de Yellen ontem, comentando inclusive a possibilidade de volta do Quantitative Easing. Na fala, a presidente do Fed destaca 5 condições que precisariam ocorrer para novas altas de juros: 1) necessidades das economias estrangeiras e seus mercados se estabilizarem; 2) o dólar não poderia se apreciar muito porque isso pressionaria a inflação e as exportações para baixo; 3) necessidade de preços das commodities se estabilizarem para ajudar os produtores estrangeiros e melhorar o ritmo de crescimento global; 4) setor de casas dos EUA precisa dar grande contribuição para a produção; e 5) descrença que a recente alta do núcleo da inflação (que inclui alimentos e energia) seja duradoura.

Mas, sem o ambiente necessário para uma mudança de postura, o caminho para um só: mais quedas do dólar, afirma Faria Júnior. Nesta sessão, mesmo com a tentativa do Banco Central do Brasil em conter a queda do dólar frente ao real, a moeda caía 0,71%, a R$ 3,6120 na venda, segundo cotação das 12h37 (horário de Brasília). O BC ofertou nessa manhã 20.000 contratos de swap reverso, mas somente 3.000 contratos tiveram adesão do mercado, ajudando a pressionar novas quedas da dólar.