Dólar dispara e encosta em R$ 3,70 com Fitch, dados da China e fala de Levy

Piora da indústria na China, risco de perda de grau de investimento do Brasil e ministro falando em disparada do dólar se "casa continuar desarrumada" pressionaram a moeda hoje

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Uma combinação de fatores negativos leva o dólar a disparar nesta terça-feira (1), chegando a encostar no nível de R$ 3,70 pela primeira vez desde dezembro de 2002. Desde a manhã o cenário já é de pressão após o PMI industrial da China cair para seu pior nível em 3 anos. “Se agosto foi ruim, setembro começa tão mal quanto”, escreveu em nota a cliente o operador da corretora SLW João Paulo De Gracia Corrêa.

O dólar comercial fechou a sessão com alta de 1,68%, cotado a R$ 3,6875 na compra e R$ 3,6880 na venda, após encerrar agosto com alta de 5,91% e acumular no ano valorização de 36%. Na máxima do dia, a divisa norte-americana alcançou R$ 3,7040, maior nível intradia desde 13 de dezembro de 2002, quando atingiu R$ 3,7750.

A atividade no setor industrial da China encolheu à taxa mais forte em ao menos três anos em agosto, mostrou o índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial. Preocupações com a economia chinesa, referência para investidores em mercados emergentes e importante parceiro comercial do Brasil, têm provocado apreensão nos mercados globais.

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No Brasil, o mercado demonstrava cada vez mais nervosismo sobre a perspectiva de perda do selo de bom pagador do país diante da deterioração das contas públicas do país. Ontem o governo anunciou o Orçamento para 2016 prevendo um déficit de R$ 30,5 bilhões. Com isso, a agência de classificação de risco Fitch disse que o dado mostra dificuldades no País, o que foi entendido como um sinal de que a agência pode cortar o rating do País em breve

Em relatório intitulado “Admitindo a Derrota”, a estrategista para a América Latina do grupo financeiro Jefferies, Siobhan Morden, afirmou que, ao admitir déficit primário para o ano que vem, o governo “completamente paralisa o processo de ajuste”. Ela ressaltou ainda que eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do governo não seria mais uma surpresa tão grande quanto há alguns meses.

O ministro ainda foi destaque com sua fala na Câmara dos Deputados. “Vimos ontem o desequilíbrio do próprio orçamento, mas vimos também a disposição do governo de encontrar soluções conciliadas para dar a segurança necessária para o orçamento, segurança fiscal, alcançarmos meta reduzida de 0,7% do PIB para o ano que vem”, disse.

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“Há um desafio para todo mundo e sociedade, e Congresso para conseguir colocar a casa em ordem. É evidente, se casa não estiver em ordem, é impossível crescer, é impossível ter confiança. Aí vamos ver o dólar disparar”, completou Levy, com uma fala que deu mais um impulso para o dólar no fim da sessão.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu início à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com a venda integral de 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Se mantiver esse ritmo até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, a autoridade monetária rolará o lote integral, correspondente a 9,458 bilhões de dólares.

Na véspera, o BC fez leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, mas a intervenção não foi suficiente para evitar que a moeda norte-americana subisse mais de 1 por cento sobre o real. Como nos últimos meses, a autoridade monetária não fez leilão de swaps cambiais no último pregão de agosto.

Com Reuters

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.