Dólar sobe 5,5% em 3 dias, encosta em R$ 3,35 e atinge o maior patamar em 12 anos

Segundo diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Júnior, o dólar rompeu a linha de objetivo de médio prazo, o que sinaliza um aumento da volatilidade

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar chegou ao terceiro dia seguido de alta, renovando assim seu maior patamar em 12 anos, isso uma semana antes das reuniões do Copom e do Fomc, que prometem agitar o mercado nos próximos dias. Com a pressão da mudança da meta fiscal deixando o mercado tenso sobre um possível corte de rating do Brasil, a moeda norte-americana voltou a disparar.

O dólar comercial fechou com uma valorização de 1,55%, cotado a R$ 3,3453 na compra e R$ 3,3470 na venda – chegando a superar os R$ 3,34 no início da tarde. Nas últimas três sessões, incluindo esta, a moeda norte-americana acumulou avanço de 5,48% e, na semana, avançou 4,79%.

Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, a moeda norte-americana rompeu a linha de objetivo de médio prazo, o que sinaliza um aumento da volatilidade e da banda de trabalho do dólar. “A situação dos compradores, neste momento, é muito delicada”, afirmou em relatório. “A decepção do mercado é palpável. A sensação é de que o governo está fazendo menos esforço do que devia”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

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No exterior o dia também era de alta da moeda norte-americana contra outras moedas, com o peso mexicano registrando uma nova mínima histórica mais cedo, enquanto o rand sul-africano caiu para mínima em mais de 13 anos. Na Ásia, o won sul-coreano registrou uma mínima em três anos frente ao dólar, enquanto o baht tailandês e a rúpia indonésia tiveram os menores valores em 6 e 17 anos, respectivamente.

Após os recentes dados positivos nos EUA, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve pode elevar os juros ainda este ano, com chances do aumento ocorrer em setembro. Na próxima semana ocorre o encontro dos líderes da autoridade e novos detalhes podem surgir. Até lá o dólar deve seguir em tendência de alta em todo o mundo.

Dados divulgados inadvertidamente em 29 junho mostraram que a equipe do Conselho Diretor do Fed espera um único aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país até o fim do ano, inflação baixa por mais cinco anos e crescimento econômico mais lento do que o estimado pelas autoridades que decidem a política de juros do banco central dos Estados Unidos.

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Por aqui, a tensão política que vinha pressionando o real se junta à mudança da meta fiscal do governo para os próximos anos, o que já levou a Austin Ratings e o Morgan Stanley a cortarem a nota do País, aumentando assim a expectativa sobre um corte do rating soberano por parte da Moody’s.

“A drástica redução da meta para 2015, assim como o ajuste extremamente gradual esperado para os próximos anos, sublinha o esperado rebaixamento pela Moody’s e pode também desencadear revisões por outras agências e a perda do grau de investimento”, escreveram analistas do banco Brasil Plural em nota a clientes.

Em entrevista à Reuters nesta sexta-feira, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que as novas metas de primário são mais realistas e suficientes para estabilizar a dívida pública do país.

Nesse quadro, investidores aguardavam também novas pistas sobre como o Banco Central se posicionará em relação a suas intervenções no câmbio, levando em conta que o fortalecimento do dólar tende a aumentar a inflação já elevada.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Com isso, já rolou o equivalente a US$ 5,098 bilhões, ou cerca de 48% do lote que vence no início de agosto, que corresponde a US$ 10,675 bilhões.

Operadores esperavam com ansiedade o anúncio da rolagem dos contratos que vencem em setembro e correspondem a US$ 10,027 bilhões. Se o BC sinalizar que deve continuar rolando cerca de 70% dos contratos, como fez no mês passado, a tendência é que o dólar não volte a patamares mais baixos. “Seria um sinal de que o BC está confortável com o dólar nesses níveis”, explicou o operador de um importante banco internacional.

Com Reuters

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.