Dólar tem maior queda desde abril com EUA e Tombini, mas analistas fazem alerta

Com números ruins nos EUA, a expectativa de que a alta de juros poderia ocorrer em setembro perde força, aumentando as apostas de uma elevação apenas em dezembro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após esboçar estender a alta da véspera, o dólar comercial virou com força para o lado negativo com os dados de emprego piores que o esperado vindo dos Estados Unidos, e fechou com sua maior queda em relação ao real em dois meses e meio nesta quinta-feira (2). A moeda norte-americana fechou com perdas de 1,56%, cotada a R$ 3,0950 na compra e R$ 3,0960 na venda.

Os EUA geraram, em termos líquidos, 223 mil empregos no mês passado, resultado pior que a projeção dos analistas. Além disso, a criação de vagas de maio e abril sofreu revisão para baixo, levando a crer que a recuperação do mercado de trabalho pode estar sendo mais fraca que o imaginado. A taxa de desemprego caiu para 5,3%, ante um resultado esperado de 5,4%. Com isso, a expectativa de que a alta de juros poderia ocorrer em setembro perde força, aumentando as apostas de uma elevação apenas em dezembro.

“O número principal veio fraco e os salários não subiram. É uma surpresa, porque parecia que os Estados Unidos estavam se recuperando com rapidez”, disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca. A manutenção dos juros baixos nos EUA sustentaria a atratividade de ativos de países como o Brasil, que pagam rendimentos maiores.

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Outro fator que puxou dólar e juros futuros foram impactados pelas falas do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que sinalizou que o trabalho autoridade já surte efeito e que as expectativas de longo prazo estão na meta. O BC retirou a expressão de que “avanços alcançados não são suficientes” e mostrou-se mais confiante, disse Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos à Bloomberg. O DI para janeiro de 2017 caiu 20 pontos-base a 13,82% ao ano, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou 13 pontos-base. 

Além de Tombini, o diretor de Assuntos Econômicos do BC, Luiz Awazu, afirmou que 2015 é o ano de ajuste para a economia brasileira. “O Brasil vinha se preparando para o nervosismo dos mercados financeiros porque sabíamos que o período de exuberância que passamos iria terminar em algum momento”.

Segundo a equipe da LCA Consultores, a atualização do “tracker” para a taxa de câmbio, considerando o desenrolar do caso Grécia e com a evolução da economia americana, associado à atual cotação do dólar ante o real, “mostrou que a taxa cambial pode subir um pouco mais e atingir a marca de R$ 3,20”.

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Já o diretor técnico da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, também mantém uma tendência de alta para médio e longo prazo. Porém ele faz uma ressalva para o curto prazo: “muita volatilidade, como previsto e alertado. Payroll mais fraco ajuda o dólar a cair. Enquanto Dollar Index continuar abaixo dos 97, deveremos ter um movimento limitado de alta do dólar/real”.

Apesar do mercado fechado nos EUA na sexta-feira (3), a próxima semana promete ser bem agitada, com plebiscito na Grécia, ata da última reunião do Fomc e fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen. Vale ficar atento para movimentos mais fortes da moeda.

Com Reuters

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.