Mercado “ignora” Fed e dólar sobe para R$ 3,04 com temores por ajuste fiscal

Autoridade americana deixa espaço para elevar as taxas apenas no fim do ano, mas mesmo assim a moeda sobe forte ante o real nesta quinta-feira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em ata divulgada ontem, o Federal Reserve praticamente descartou a chance de uma alta de juros no próximo mês. Até então esta seria uma notícia que levaria o dólar a cair, já que a expectativa da elevação das taxas passar a ser para setembro ou mesmo para o fim do ano, e a moeda até caiu no último pregão. Porém, nesta quinta-feira (21) a divisa subiu forte, contrariando o que poderia ser este primeiro raciocínio.

O dólar comercial fechou com forte alta de 1,30%, para R$ 3,0421 na compra e R$ 3,0426 na venda. Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o que aconteceu foi que o mercado, desta vez, preferiu ficar atento a outros eventos, incluindo uma semana agitada de indicadores nos EUA, com dados de emprego no fim da próxima semana.

Mais cedo, foram divulgados os dados de vendas de moradias usadas nos EUA, que caíram 3,3% em abril ante março, para a taxa sazonalmente ajustada de 5,04 milhões, segundo a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis. O resultado veio abaixo da previsão dos economistas consultados pela Dow Jones Newswires, que esperavam aumento de 1%, para 5,24 milhões.

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As vendas em abril não conseguiram manter o ritmo de ganho robusto observado em março. De acordo com Lawrence Yun, economista-chefe do NAR, o “retrocesso de abril é o resultado do descompasso da oferta em relação à demanda, o que gerou pressão de alta nos preços”.

“A reação ontem foi de queda do Dollar Index, mas o mesmo para de cair hoje com dados mais fracos da zona do euro (Flash PMI) e com a média de 4 semanas do Jobless Claims no menor nível em 15 anos. Os juros dos títulos de 2 anos voltaram a ser negociados abaixo de 0,60% (estão em 0,58%). A chance de subir em setembro ainda é maior, mas já se observa movimento de aposta para dezembro. Mercado atento à agenda das próximas duas semanas, que é bem forte”, escreveu Júnior em relatório.

Assim, como já havia afirmado, ele continuar mantendo a projeção de que a moeda oscile entre os R$ 2,95 e R$ 3,05, com os investidores por aqui mais atentos ao noticiário envolvendo a Grécia, às discussões no Congresso sobre o ajuste fiscal e aos dados de emprego nos EUA. “O atual impasse no Congresso sobre as votações (tanto na Câmara como no Senado), além de agenda própria do Congresso para conseguir recursos para os Estados entre outras medidas, gera um clima político muito ruim”, afirma.

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“Na próxima semana, mais curta devido feriado na segunda-feira dos EUA, teremos o aumento da especulação sobre como o BC irá renovar os swaps que vencem em julho. É possível que reduza um pouco mais a rolagem em meio ao desejo do governo de dólar mais valorizado”, completa o diretor.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.