O que mudou? Dólar dispara em 5 pregões e volta a se aproximar de R$ 3,10

Semana crucial passou e o resultado dos indicadores favoreceu a moeda estrangeira, mas para onde este movimento deve ir agora?

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O movimento de recuperação do real que surpreendeu muita gente em abril parece ter atingido um limite. O dólar comercial saiu de R$ 2,92 na segunda-feira passada para R$ 3,08 hoje, atingindo uma valorização de 5,44% em apenas cinco pregões (lembrando que sexta foi feriado). A disparada reaproxima a moeda do patamar de R$ 3,10, alcançando níveis não vistos em mais de duas semanas.

O diretor técnico da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, já havia dito na semana passada que o próximo movimento da moeda norte-americana seria definido por uma série de eventos. O que aconteceu foi que todos eles caminharam em direção a uma alta da divisa. 

Recapitulando, nós tivermos a decisão do Fomc (Federal Open Market Comittee), que frustrou quem esperava um comunicado mais “dovish” (moderado) e retirou quaisquer menções temporais, fazendo com que um aumento nos juros nos Estados Unidos esteja pronto para ser decidido em qualquer uma das próximas reuniões. Ainda assim, é bom ter em mente que, com os dados da economia norte-americana mostrando uma franca desaceleração, um aumento dos juros em junho está praticamente descartado pela maior parte do mercado. 

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Mas não foi só isso que pesou no câmbio. O resultado das contas públicas em março foi decepcionante, perfazendo um leve superávit de R$ 239 milhões, o que coloca em xeque o sucesso do ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Impopular por natureza, o plano do ministro pode perder ainda mais apoio no Congresso com estes números. “Nosso call para as votações há alguns dias é de mais derrota do que vitórias para Levy”, afirma Faria Júnior.

Não fosse o bastante, o Banco Central ainda sinalizou que poderá fazer rolagem parcial dos contratos de swap cambial tradicional que vencem no começo de junho. A indicação surpreendeu alguns investidores, que viam como improvável uma redução das rolagens antes de junho, apostando que o BC esperaria obter mais clareza quanto à política monetária adotada nos EUA. 

Futuro do dólar
Olhando para frente, a primeira semana crucial foi deixada para trás, mas os próximos quatro dias também serão importantes para ditar os rumos da moeda daqui para frente. Os eventos mais relevantes, lembra Faria Júnior, serão o payroll (relatório de emprego dos EUA) e as votações das medidas de ajuste fiscal de Levy. 

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Para ele, se o relatório de emprego dos EUA vier com um número de criação de novas vagas acima dos 200 mil, o mercado tende a se estressar, reforçando a visão de que o PIB americano do primeiro trimestre mais fraco do que o esperado teria sido apenas por fatores “temporários”, como muitos analistas destacaram na semana passada. E isso conjugado a possíveis perdas substanciais no Congresso do ajuste fiscal de Levy, o dólar poderia até mesmo retornar aos níveis de começo de abril. 

Sobre quais devem ser os próximos passos do câmbio, o diretor técnico responde que trabalha com um cenário base com payroll abaixo de 200 mil e Medida Provisória 664, que estabelece novas regras para acesso à pensão de trabalhadores por morte, sem muitas surpresas na hora da votação, ou seja se não trouxer muito menos do que R$ 8 bilhões de corte no Orçamento. “Neste caso, R$ 3,00 – R$ 3,12 é o range a ser observado”, avalia. 

Quanto a voltar para R$ 2,90, as apostas estariam bem fracas neste sentido. “Não é boa a probabilidade dele chegar a R$ 2,90. A tendência de alta do dólar permanece. Então voltar para lá não vai ser fácil”.