Dólar recua e ameaça voltar aos R$ 3,00, mas será que as quedas irão continuar?

Moeda tem nova queda nesta quinta-feira e já começa a animar os investidores de que ela pode voltar a ficar abaixo de R$ 3,00

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após abrir a sessão com volatilidade, o dólar comercial esboça nova queda na sessão desta quinta-feira (16) e já começa a se aproximar dos R$ 3,00, ameaçando romper esta barreira, na qual ela opera desde o dia 5 março. A moeda norte-americana registrou perdas de 0,58%, cotada a R$ 3,0149 na compra e R$ 3,0167 na venda, chegando a R$ 3,0109 logo na abertura dos negócios.

Após a recente melhora do ambiente interno e de dados nos EUA reforçando as projeções de que o Federal Reserve pode demorar um pouco mais para iniciar a alta de juros por lá, operadores vêm observando um movimento de ingresso de recursos, parte dele destinado a operações de “carry trade” (em que o investidor capta recursos a custos baixos no exterior para aplicar no Brasil), em elevadas taxas de juros.

Após uma queda de 6,5% do dólar desde 30 de março, quando estava no patamar de R$ 3,23, a questão que começa a ficar para os investidores e para os analistas é: até onde vai a desvalorização da moeda norte-americana?

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Segundo a equipe da Wagner Investimentos, a tendência de alta do dólar continua, mas o recente rompimento de algumas barreiras estão ajudando a levar a moeda para níveis mais baixos no curto prazo. De acordo com os analistas, o teste agora fica exatamente nos R$ 3,00 no preço spot, enquanto no futuro a moeda deve ficar entre R$ 2,99 e R$ 3,07. Para que o real siga em trajetória de valorização, a dependência fica com o cenário externo.

Como já vinha ocorrendo, os olhos agora ficam voltados para o ambiente político no Brasil, principalmente com o ajuste fiscal e a “briga” com o Congresso. De volta ao exterior, os analistas citam ainda o temor com a economia da Grécia e também com a bolsa da China, que atualmente “segue muito esticada”, de acordo com a Wagner.

Já para o analista de câmbio da NGO Corretora, Sidnei Nehme, a tendência é mais para que o dólar recupere as recentes perdas, voltando a ficar mais próximo dos R$ 3,10. “O cenário sugere que a flutuação do preço da moeda americana em nosso mercado ocorra no intervalo entre R$ 3,00 e R$ 3,10, mais próxima desta ultima em razão da existência de estoque de importações de volume expressivo a ser resgatado, ao mesmo tempo em que já foi antecipada a contratação de exportações a serem efetivadas fisicamente, também de relevante montante”, afirma em relatório.

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Para Nehme, como a balança comercial não projeta otimismo com o desempenho este ano e diante do quadro passivo a resgatar, “não se pode nutrir perspectivas de que ocorra participação contributiva do segmento comercial ao fluxo cambial”. “As expectativas se concentram na melhora de fluxo financeiro e mais especialmente no fluxo de capitais especulativos forjados nas montagens de operações de ‘carry trade’, que em nada contribuem para dinamizar a atividade econômica do país, mas desafoga a carência de melhora de ingressos de recursos”, destaca.

Para o analista, a queda recente “foi absolutamente pontual”, ficando um pouco abaixo do que ele considera normal ou “de equilíbrio” para o momento. “Por isso não acreditamos em sustentabilidade para este nível de preço, que deverá ficar entre R$ 3,05 a R$ 3,10”, conclui Nehme.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.