BC decreta fim da “ração diária”: o que isso significa para o mercado e para a economia?

Goldman Sachs destaca que a mudança é um facilitador para o ajuste macroeconômico; NGO vê que comunicado, da forma como foi feito, não impactará na formação da taxa cambial

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Banco Central anunciou na noite da última terça-feira (24) que não renovará o programa de oferta diária de swaps cambiais, que vence no dia 31 de março, mas se comprometeu a renovar integralmente os contratos que vencem a partir de 1º de maio.

A mudança de direção é importante, uma vez que o programa, iniciado em 2013, tinha como objetivo “fornecer volume relevante de proteção cambial aos agentes econômicos”, de acordo com as palavras da própria autoridade monetária.

E o que esta mudança significa para os mercados? No curto prazo, o dólar deve ser pressionado para cima, apesar de que, de acordo com o Goldman Sachs, o fim do programa de swap foi até certo ponto antecipado pelo mercado. E, com o tempo, o programa estava se tornando um crescente passivo cambial.

“O BC interveio excessivamente no mercado de câmbio nos últimos 19 meses, contribuindo para manter o real supervalorizado, prejudicando a competitividade de alguns setores e ampliando déficit em conta corrente”, destaca o banco. Desta forma, o fim do programa é visto como um movimento bem vindo para facilitar o ajuste macroeconômico, destaca o banco.

E como este anúncio deve repercutir no mercado? De acordo com a NGO Corretora de Câmbio, a indicação feita pelo comunicado do BC mostra que não haverá impacto na formação da taxa cambial e se buscará reduzir a volatilidade que acaba por prejudicar os benefícios diversos de se ter a taxa de câmbio ajustada à realidade do país.

“Por outro lado, de forma bastante objetiva deixou clara a sua autonomia para transgredir o estabelecido ao citar que sempre que julgar necessário poderá realizar operações adicionais por meio dos instrumentos cambiais ao seu alcance, um posicionamento bastante oportuno”, afirma a corretora.

O BC definiu o encerramento do programa mantendo, contudo, a rolagem integral do estoque em poder do mercado, dito US$ 114,0 bilhões, assegurando que os contratos vincendos a partir de 1º de maio de 2015 serão renovados integralmente, levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições do mercado, e, com isto deixou claro que monitorará estes dois aspectos que se não justificarem poderão determinar rolagem menor do que a posição vincenda.

E, em meio às últimas indicações, como a decisão da Standard&Poor´s de manter o rating do Brasil deve fazer com que a moeda flutue entre R$ 3,10 e R$ 3,20, uma vez que eliminou “os medos e receios” pelo menos até o final do ano o risco de perda do grau de investimento. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.