Lançamento de criptomoeda da Venezuela pode fazer outros países criarem moedas digitais

O Petro, moeda digital criada pelo governo de Maduro, começará sua pré-venda nesta terça-feira (20)

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A Venezuela começará a pré-venda de sua criptomoeda, a Petro, neste terça-feira (20) e essa experiência inédita pode servir para diversos outros países, em especial a Rússia de Vladimir Putin. Segundo Nicolás Maduro, a expectativa é que a moeda digital ajude o país a fazer transações financeiras, conseguindo assim driblar as sanções econômicas que os Estados Unidos e outros países colocaram.

Segundo o governo, o token da Venezuela será lastreado nas reservas de petróleo, gás, ouro e diamante do país. O regulador de criptomoedas venezuelano disse na sexta-feira que atrairia investimentos do Catar, da Turquia e de outros países do Oriente Médio, bem como de países europeus e até mesmo dos EUA.

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Segundo o jornalista e cientista político local Francisco Toro, a Venezuela está se voltando para as criptomoedas no “desespero” por causa do isolamento econômico criado pelos EUA. “Eles tentaram descobrir formas de contornar as sanções contra a lavagem de dinheiro, e a cripto talvez seja uma maneira de fazer isso”, disse Toro para a CNBC.

“Eu acho que parte disso é sobre conseguir investimentos de credores não tradicionais, como Rússia e China, para colocar mais dinheiro, para emprestar dinheiro novo. As sanções financeiras não são as principal razão pela qual a Venezuela não pode aumentar seu financiamento”, afirmou. Mais do que as sanções, o país afundou em uma forte crise nos últimos anos, com inflação de quatro dígitos e falta de itens de saúde e necessidades básicas.

Porém, há quem acredite que a ideia da Venezuela é boa e outros países estarão de olho neste lançamento de olho na possibilidade do lançamento de novas moedas digitais nacionais. Este é o caso da Rússia, onde já circulam rumores de que Putin está estudando lançar uma versão digital do rublo.

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“Putin e Maduro têm problemas muito semelhantes”, disse Mati Greenspan, analista sênior de mercado da eToro, para a CNBC. “Ambos têm uma alta dependência do preço do petróleo bruto, que ficou bastante instável nos últimos anos. Ambos têm problemas com as sanções dos EUA e com o dólar americano sendo a moeda de reserva mundial”, explicou.

Na Rússia, o “criptorublo” poderia ser usado como meio para que o país contornasse as sanções dos EUA e da Europa, segundo um relatório do Financial Times divulgado no mês passado, seguindo os mesmos passos dos planos de Maduro para o token da Venezuela.

Mas não são apenas os países com sanções econômicas que estão de olho na estratégia das criptomoedas para ajudar a economia. Nações desenvolvidas também já estudam a possibilidade. É o caso da Suécia, que já projeta uma versão digital da coroa do país após uma forte queda do uso de seu dinheiro local nos últimos anos.

Além disso, países como Japão, Cingapura e Estônia também já estão considerando alternativas digitais para suas moedas, conforme rumores apresentados na imprensa mundial. Apesar de modelos diferentes, o caso da Venezuela será bastante estudado por ser uma iniciativa inédita no mundo.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.