Esqueça o Bitcoin, há um ativo de muito mais risco para o mercado, diz estrategista

Enquanto todos acreditam que os Treasuries são os ativos mais seguros do mundo, um estrategista aponta para um grande perigo que ninguém está vendo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Deixando a questão de bolha de lado, é inegável que o bitcoin e outras criptomoedas são ativos de alto risco por conta de sua volatilidade. A questão é que em meio a tanto debate sobre estas moedas, um estrategista de Wall Street afirma que há algo ainda mais arriscado no mercado: os título do governo, conhecidos como bonds.

De acordo com Joe Zidle, estrategista de portfólio da Richard Bernstein Advisors, os investidores estão entrando em 2018 assumindo que o aumento dos yields dos bonds – que se movem inversamente proporcional aos preços e afeta os custos de empréstimos do consumidor – irão permanecer baixo.

Por isso, ele acredita que os mercados não estão preparados para um possível aumento das taxas que pode ocorrer graças a uma série de fatores. “Acho que, em 2018, a grande surpresa poderia ser maiores yields dos títulos de 10 anos do Treasury, e isso é algo para o qual os investidores não estão realmente posicionados”, disse ele para a CNBC.

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O yield dos bonds dos Treasuries de 10 anos caiu, mesmo após a decisão do Federal Reserve de aumentar as taxas na semana passada. Os rendimentos operaram entre 2,3% e 2,4% no mês passado, mas subiram bem acima das mínimas do ano do início de setembro. De acordo com a Zidle, há três coisas que poderiam fazer o yield subir ainda mais, potencialmente elevando os custos de empréstimos em toda a economia.

“[Primeiro, estamos] vendo economias em todo o mundo acelerando”, explicou. “Número dois, temos o pacote tributário, o que traz uma promessa de aceleração do crescimento”, disse ele, falando sobre a lei de impostos liderada pelos republicanos e pelo presidente Donald Trump e que deve ser votada esta semana.

“E, em seguida, o número três, temos o potencial de pressões inflacionárias à medida que os mercados de trabalho ficam cada vez mais apertados”, disse ele. A taxa de desemprego nos EUA teve forte queda à medida que o crescimento do emprego aumenta, o que significa que os empregadores podem ter que pagar mais para contratar.

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“O resultado líquido de tudo o que poderia haver uma aceleração do crescimento, uma aceleração da inflação que impulsiona o rendimento dos títulos de Tesouro de dez anos”, acrescentou. Os impactos de um “crash” do bitcoin na economia global ainda são muito discutidos e alguns especialistas acreditam que isso não seria um grande problema. Porém, no caso dos bonds apresentados por Zidle, o impacto seria gigantesco, não só nos EUA, mas em quase todo o mundo.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.