Bancos saem na frente com boom de criptomoedas, aponta pesquisa

Pesquisa da consultoria Capco mostra que a custódia de criptoativos pode ser uma nova fonte para instituições financeiras tradicionais

Rodrigo Tolotti

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Com o grande crescimento do mercado de criptomoedas, grandes bancos estão começando a se aproximar dos ativos digitais após anos de críticas. E um segmento específico pode se tornar uma grande oportunidade para essas instituições.

Uma pesquisa da consultoria Capco mostra que a custódia de criptoativos pode ser uma nova frente para instituições financeiras tradicionais, iniciando pelos clientes de varejo.

De acordo com o relatório “Capco Intelligence: Considerações sobre custódia de ativos digitais para empresas do mercado de capitais”, os ativos digitais estão crescendo em popularidade e há uma oportunidade para as instituições financeiras serem um balcão único para armazenar esses ativos.

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“A principal oportunidade é que sirvam de custodiante para o cliente de varejo que não tem o conhecimento técnico para gerenciar suas próprias chaves”, explica Alexandre Bueno, gerente sênior da Capco e head do Capco Digital Lab São Paulo.

Além disso, segundo o especialista, o crescimento projetado da adoção global de ativos digitais e do consequente serviço de custódia cria uma janela para as instituições financeiras oferecerem seus serviços a clientes em todo o mundo.

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Nas últimas semanas, algumas instituições começaram a entrar nesse mercado cripto, movimento inicialmente liderado por fintechs e corretoras, enquanto os grandes bancos ainda estão entrando lentamente.

O Nubank (NUBR33) anunciou o início de um serviço para oferecer negociação de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), que até o fim de junho deve estar disponível para toda a base da empresa.

Na mesma linha, a XP Inc. (XPBR31) lançou a XTAGE, sua plataforma própria para negociação de criptomoedas, em parceria com a Nasdaq. Ela será integrada ao aplicativo da XP, deve estar 100% operacional até o fim de junho e, inicialmente, também vai oferecer apenas Bitcoin e Ethereum.

“Uma pesquisa recente mostra que 60% dos proprietários de criptomoedas usariam sua instituição financeira para investir em criptomoedas. Outros 32% disseram que poderiam fazê-lo. É uma oportunidade clara para os bancos de varejo desenvolverem custódia digital para os consumidores”, afirma Bueno, da Capco.

No exterior, instituições financeiras como BNY Mellon e Fidelity oferecem serviços completos de custódia de criptomoedas para gestores de ativos. ste é um sinal importante para o mercado de que a adoção de segurança generalizada está a caminho. Os ativos digitais não estarão mais associados à periferia da sociedade econômica”, completa Bueno.

Segundo o levantamento, as instituições financeiras tradicionais estão bem posicionadas porque têm envergadura no mercado, histórico de relacionamentos com os clientes e protocolos de segurança para proteger, gerenciar e manter ativos digitais. O executivo da Capco avalia que as instituições podem alavancar seus relacionamentos com clientes existentes por meio de branding e tornarem-se um balcão único para armazenar os diferentes tanto ativos digitais, quanto tradicionais.

A pesquisa também mostra que os bancos podem fazer parcerias para oferecer a custódia. Esse foi o tipo de estratégia usada pelo Nubank, que usa a Paxos para fazer custódia. A XP, por sua vez, será sua própria custodiante.

“Parcerias com terceiros permitem que instituições financeiras tradicionais ofereçam um amplo escopo de serviços de custódia de ativos digitais. Empresas de ativos digitais como, por exemplo, Coinbase, Anchorage e BitGo, estão oferecendo diferentes níveis de cobertura de seguro aos clientes usando suas plataformas”, diz Bueno.

No entanto, o estudo mostra que as instituições precisam ficar atentas a questões como segurança, escalabilidade e interoperabilidade do ecossistema.

Regulação

A Capco ainda chama a atenção para a questão da regulação de custódia, em especial para as instituições financeiras que querem prestar esse serviço em diferentes mercados.

“Com o crescimento do setor de ativos digitais surgem oportunidades, riscos e desafios. Os depositários devem cumprir com o cenário regulatório em evolução global. Não só precisam entender as leis domésticas, mas também precisam seguir regulamentações internacionais para atender clientes de outros países”, diz o executivo, citando estruturas anti-lavagem de dinheiro e de “Conheça Seu Cliente” (KYC, na sigla em inglês).

A consultoria aponta ainda que as instituições devem ficar atentas ao fato de que a custódia de ativos digitais tem diferenças importantes da custódia de ativos tradicionais. Uma delas é que envolve os milhares de criptoativos e cada um deles em sua rede blockchain, ao contrário do que ocorre com ativos tradicionais.

Outro ponto importante é a questão da cobrança pelo serviço, já que com ativos digitais as soluções possíveis são muito maiores do que com os tradicionais. Há ainda a questão de que, com ativos digitais, as instituições financeiras tendem a estar expostas a centenas de exchanges, enquanto nos tradicionais a exposição é bem menor.

Por esses motivos, a Capco destaca alguns importantes elementos críticos necessários para as instituições financeiras prestarem no serviço de custódia de ativos digitais. “A execução bem-sucedida de uma estratégia de ativos digitais para organizações de serviços financeiros regulamentados requer uma perspectiva única”, conclui Bueno.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.