Após Merge, Ethereum se prepara para nova grande atualização de 2023

A próxima mudança do Ethereum está prevista para acontecer em março deste ano

Lucas Gabriel Marins CoinDesk

(Nenad Novakovic/Unsplash)

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A Merge (Fusão, em inglês) do Ethereum (ETH), atualização do ano passado que mudou radicalmente o funcionamento da segunda maior blockchain do mundo, eliminou a dependência da rede de mineradores de criptomoedas e reduziu drasticamente seus custos de energia.

A próxima grande atualização esperada para a plataforma, chamada “Shanghai”, se concentrará em amarrar as pontas soltas da Merge e introduzir um punhado de pequenos ajustes. A mudança, conforme divulgado pelos desenvolvedores no ano passado, está prevista para ocorrer em março.

Confira abaixo quatro coisas que você precisa saber sobre a mudança.

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O que é a Shanghai do Ethereum?

A Shanghai é um hard fork (bifurcação), termo do mundo cripto que significa atualizar uma blockchain de forma que a torne incompatível com a versão anterior. Em resumo, é uma atualização que trará novas funcionalidades e recursos para a blockchain.

No início desta semana, os desenvolvedores criaram uma espécie de blockchain alternativa, chamada “shadow fork”, para testar a atualização, e tudo ocorreu como previsto, pavimentando o caminho para a Shangai.

Ainda não há uma data definida para o lançamento da nova versão – só se sabe que será em março.

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O que muda na rede?

A principal mudança trará a possibilidade de sacar ETH depositado na rede como meio de participar do processo de renda passiva chamado de staking – os participantes precisam comprar e bloquear pelo menos 32 ETH para ajudar a verificar transações e, em troca, obter remuneração em ETH.

Quem depositou ETH até hoje não pode sacar os valores, incluído o “rendimento” até aqui. Nesses recursos estão incluídas as unidades de ETH depositadas desde o final de 2020 na rede que viria a ser fundida com a principal em setembro de 2022. Os valores só poderão ser retirados após a atualização Shangai.

Além disso, a Shanghai também promete atualizar a Ethereum Virtual Machine (EVM), o ambiente virtual que permite a execução de smart contracts (contratos inteligentes), trazendo benefícios para desenvolvedores que criam aplicativos para o Ethereum.

Por fim, a Shangai prepara as bases para mais uma atualização, que tem o objetivo de tornar o Ethereum mais escalável por meio do sharding, um método que divide a rede em “fragmentos” como forma de aumentar sua capacidade e reduzir tarifas pagas para realizar transações. Essa mudança, no entanto, só deve chegar no final de 2023.

Por que a Shanghai é importante para o investidor?

Mesmo quem não utiliza o Ethereum deve ser impactado pela atualização. Isso porque a liberação dos saques do ETH deixados em staking, segundo especialistas do mercado cripto, deve atrair ainda mais investidores institucionais, que não achavam interessante deixar o patrimônio travado no protocolo, como ocorre hoje em dia.

“Você vai passar a ter liquidez, [uma quantidade maior] de agentes vai poder fazer staking. A gente, como fundo de investimento, hoje em dia não pode fazer [staking] porque se alguém pede o resgate, a gente precisa poder pagar o resgate”, explicou João Marco Cunha, gestor da Hashdex, em entrevista recente ao InfoMoney.

A novidade, portanto, firmará o caso de uso da renda passiva para o Ethereum. Os juros estimados para o travamento de unidades de ETH dentro do protocolo são de 4% a 7% no ano. No início de 2022, as estimativas indicavam que o staking poderia render até 12% anualmente

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O Ethereum pode valorizar?

A liberação das retiradas de ETH travados desde 2020 trouxe inicialmente um temor de que uma alta quantia da criptomoeda fosse despejada no mercado, com investidores iniciais realizando lucros, se desfazendo do rendimento no período. No entanto, a tese virou para um tom mais positivo recentemente.

Isso porque, com a perspectiva de entrada de investidores institucionais, atraídos pela possibilidade de operar normalmente aportes e resgates, a expectativa é que cada vez mais unidades de ETH sejam travadas em staking e fiquem fora de circulação.

Como consequência, especialistas esperam até mesmo uma possível redução de pressão vendedora, a depender das condições do mercado como um todo. Diante de um cenário macro favorável, a moeda teria, portanto, capacidade de transformar a maior adoção em valorização no longo prazo, dado que o Ethereum também segue “rei” das plataformas de contratos inteligentes – tudo o que vem sendo desenvolvido de relevante em DeFi, NFTs e jogos Web3 são criados no Ethereum.

A criptomoeda ETH é negociada a US$ 1.611 na manhã desta quinta-feira (26), segundo o agregador CoinMarketCap. Neste ano, o ativo digital deu um salto de 34%. O Bitcoin (BTC), para efeito de comparação, valorizou 21% no mesmo período.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney