Custo de escoamento da safra brasileira até a China é o dobro dos EUA

Gargalos logísticos permanecem como um dos principais desafios de competitividade do agronegócio nacional

Datagro

Publicidade

O custo de transporte de uma tonelada de soja de Sorriso (MT) – um dos principais polos produtores da oleaginosa – até a China – nosso maior comprador – é de aproximadamente US$ 102, o dobro do valor do trajeto Estados Unidos e país asiático. Da Argentina, outro concorrente nosso no comércio agrícola internacional, até a China, o gasto logístico também é menor, sendo próximo a US$ 79.

Com estes números, que expõem o quanto a deficiente infraestrutura de transportes encarece o produto agrícola brasileiro, e tira renda do produtor, o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, ilustrou em evento nesta quarta-feira (26), em São Paulo (SP), como os gargalos logísticos persistem como um dos principais desafios de competitividade do agronegócio nacional.

Segundo Ferreira, um caminhão de soja de Sorriso até o Porto de Santos percorre cerca de dois mil quilômetros, distância que eleva significativamente o preço do frete. “Como o valor do frete é definido no porto, descontando do preço do produto o custo logístico até ali, o transporte rodoviário indubitavelmente acaba sendo o mais caro”, disse.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

E é justamente esta dependência do Brasil do modal rodoviário – o menos indicado para longas distâncias -, o grande desafio que o País precisa enfrentar na questão logística, junto ao déficit de armazenagem. De acordo com Ferreira, a matriz de transportes brasileira para o escoamento da safra é composta por 61% de rodovias, 21% de ferrovias e somente 14% de hidrovias, em um quadro bem diferente do que é encontrado nos Estados Unidos, por exemplo.

A matriz estadunidense de transporte da produção agrícola é formada por 43% de ferrovias, 28% de rodovias e 25% de hidrovias. Por sua vez, o escoamento da safra na Argentina é feito 80% por rodovias – mas as áreas de produção são mais próximas aos portos do que no Brasil -, 18% por ferrovias e 2% por hidrovias. “Os EUA levam vantagem porque usam mais ferrovias e hidrovias para o transporte dos produtos”, ressaltou Ferreira.

Arco Norte

Continua depois da publicidade

De acordo com o dirigente do Movimento Pró-Logística, a expectativa é que neste ano o escoamento da safra de soja pelos portos da região Norte já chegue a 25 milhões de toneladas, o que reduz o preço do frete para esta parcela da produção. Todavia, segundo Ferreira, cerca de 60 milhões de toneladas ainda são escoadas pelos terminais portuários do Sul, especialmente Santos, Paranaguá e Vitória. “Nossa expectativa é que até 2025, seja possível escoar algo próximo a 80 milhões de toneladas pelo Arco Norte.”