Brasil desperdiça oportunidade na África, a nova fronteira do agronegócio, diz embaixadora

Embaixadora brasileira em Gana diz que importações africanas estão em alta, ao passo que exportações brasileiras para o continente estão em queda

Datagro

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A África é a nova fronteira para o investimento agrícola internacional, mas o Brasil está desperdiçando esta oportunidade. Foi o que alertou Irene Vida Gala, embaixadora brasileira em Gana, em evento realizado neste sábado (24), em Campinas (SP). “As exportações brasileiras para a África estão caindo enquanto que as importações africanas em geral estão aumentando”, disse. Segundo a embaixadora, exemplo sintomático de que o Brasil está na contramão do que vem acontecendo no continente africano é que o escritório da Embrapa em Acra, capital de Gana, está fechado.

Brasil está reduzindo as exportações para África, destaca embaixadora (Foto: Grupo Pinesso)

De acordo com Irene, o Brasil ainda tem uma imagem antiga da África. “É um continente heterogêneo, formado por 54 países, cujo PIB continental vem crescendo mais do que o de outras regiões nos últimos anos.“ Segundo a embaixadora, os vetores de alavancagem do mercado consumidor na África são similares aos da Ásia, com taxas populacionais e de urbanização crescentes. “Em 2100, a população africana deve superar a da China”, afirmou. “Hoje, a África tem se tornado uma região para onde todas as atenções estão voltadas em termos de investimentos e de possibilidades, com um melhor ambiente para a realização de negócios.”

De acordo com a diplomata, existe capital internacional direcionado para a África, o que falta é bagagem tecnológica e gerencial, aspectos onde residem as maiores oportunidades. “A ideia do caixeiro viajante, de vender só produtos, não cola mais na África”, pontuou Irene. Segundo a embaixadora, a mentalidade do empresário brasileiro interessado em fazer negócios na África tem que mudar, se voltando para ações integradas, que adicionem cooperação técnica, transferência tecnológica, por exemplo, por meio de esforços público-privados.

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Irene explicou que a África tem acordos de preferência de exportação para Estados Unidos e Europa, para onde já vende açúcar, por exemplo. De acordo com a embaixadora, o que está acontecendo é que empresas europeias e estadunidenses estão indo para a África produzir lá, e assim poder aproveitar os acordos de preferência. “O Brasil parece estar num movimento de se afastar do continente. Penso, no entanto, que nossas vantagens competitivas são tão grandes que ainda podemos entrar nesse jogo.”