Ibovespa Futuro recua seguindo bolsas dos EUA e digerindo ata do Copom

Documento reforçou sinais do comunicado, quando o Comitê deixou a porta aberta para subir os juros se for necessário

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros do Ibovespa com vencimento em agosto recuavam 0,55%, aos 71.605 pontos, às 9h16 (horário de Brasília) desta terça-feira (26), devolvendo parte dos ganhos da véspera (+1,44%) e seguindo o movimento de queda das bolsas dos EUA, que seguem acompanhando os desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China. Por aqui, destaque para a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Seguindo a linha do comunicado após a reunião, o documento manteve as projeções de inflação para este ano e 2019 em 4,2% e 3,7%, respectivamente, assim como o tom de indefinição sobre os próximos passos, deixando as portas abertas para subir os juros se for necessário. Os membros do Comitê concordaram, em termos de sinalização futura, “que o maior nível de incerteza da atual conjuntura recomenda se abster de fornecer indicações sobre os próximos passos da política monetária”, apontou a ata. Além disso, fizeram questão de frisar a importância da atuação da política monetária exclusivamente com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica.

Para os economistas do Bradesco, a ata reforçou a expectativa de manutenção da Selic para as próximas reuniões, condicional à evolução do cenário econômico e a ancoragem das expectativas de inflação. “A mensagem central segue sendo a de que o Banco Central irá reagir apenas aos efeitos secundários do choque de câmbio e que o atual cenário prescreve política monetária expansionista”, apontam os economistas do banco.

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Com o documento sem grandes novidades, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operavam praticamente estáveis, aos 6,98% e 9,52%, respectivamente. Enquanto isso, os contratos futuros de dólar com vencimento em julho registravam alta 0,24%, aos R$ 3,786.

Bolsas mundiais

Enquanto as bolsas europeias têm leve alta e S&P futuro oscila perto da estabilidade após quedas expressivas da véspera com escalada da guerra comercial, o dia é mais uma vez negativo para os mercados asiáticos. As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta terça-feira, ampliando perdas recentes enquanto acompanham os desdobramentos do embate comercial entre EUA e China. Principal índice acionário chinês, o Xangai Composto recuou 0,52% nesta sessão, entrando na região conhecida como “bear market” ao acumular desvalorização de 20% desde a máxima em dois anos que atingiu em 24 de janeiro.

No fim de semana, circularam notícias de que o presidente dos EUA, Donald Trump, iria impedir algumas empresas chinesas de investir em tecnologia americana. Ontem, o Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que os rumores eram falsos e que eventuais medidas se aplicariam a “todos os países”, e não apenas a China. Já numa declaração conflitante, o assessor econômico da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que os EUA não têm planos de impor restrições a investimentos estrangeiros. 

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Nesta terça, o presidente dos EUA voltou a usar o Twitter para reforçar seu compromisso em reduzir ou até mesmo eliminar as barreiras comerciais que vem sendo “injustamente usadas há anos” contra a economia norte-americana: “estamos abrindo mercados e expandindo nossa presença. Eles devem jogar de forma justa ou irão pagar tarifas”, disse Trump.

Às 9h16, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,09%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,14%

*Nasdaq Futuro (EUA) +0,05%

*DAX (Alemanha) +0,14%

*CAC-40 (França) +0,38%

*FTSE MIB (Itália) +0,45%

*Hang Seng (Hong Kong) -0,28% (fechado)

*Xangai (China) -0,52% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,02% (fechado)

*Petróleo WTI +0,18%, a US$ 68,20 o barril

*Petróleo brent +0,86%, a US$ 75,38 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,54%, a 462,50 iuanes (nas últimas 24 horas) 

*Bitcoin +0,31%, R$ 24.170 (confira a cotação da moeda em tempo real)

Agenda econômica doméstica

Além da ata do Copom, atenção ainda para a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional, formado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central) a partir das 15h, que está dividido sobre manter ou cortar a meta de inflação de 2021, de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg. O Tesouro defende que a meta seja reduzida de 4% em 2020 para 3,75% no ano seguinte, enquanto o Ministério do Planejamento avalia internamente que a manutenção é a melhor opção, segundo pessoas próximas às discussões.

Vale destacar ainda que, com a chegada em Brasília prevista para hoje nas primeiras horas da manhã, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, faz a primeira visita de alto nível do governo Donald Trump ao Brasil. Pence se encontrará com o presidente Michel Temer ao meio-dia.

No exterior, atenção especial nos Estados Unidos, com os dados de custos de construção e confiança do consumidor de junho às 11h. Já o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, fala às 14h15; o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, fala às 14h45. 

IMTV

Na programação da InfoMoney TV, o analista-chefe da Rico Investimentos Roberto Indech aborda as vantagens e desvantagens de investir em renda fixa sozinho ou por meio de fundos de renda fixa. O programa Como viver de renda fixa vai ao ar, ao vivo, às 11h (de Brasília). Confira a grade completa da IMTV clicando aqui. 

Notícias do dia

A política segue dando o tom do noticiário. Em destaque, Edson Fachin enviou o pedido de liberdade de Lula ao plenário do STF. A decisão do ministro do Supremo foi tomada após pedido de reconsideração feito pelos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O caso deve ser julgado em agosto, após o recesso de julho; PGR deve enviar parecer antes do julgamento. 

Já a pesquisa DataPoder360 mostrou que o pré-candidato à presidência pelo PSL, deputado Jair Bolsonaro, lidera com 29% em Minas Gerais em cenário sem Lula; demais candidatos oscilam entre 5% e 8%; 38% ainda não têm candidatos.

O jornal Valor Econômico, por sua vez, afirma citando fontes que, ainda indeciso sobre se candidatar ou não nas eleições deste ano, o apresentador José Luiz Datena se reuniu no sábado com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o líder da bancada do DEM, deputado Rodrigo Garcia (SP), e recebeu convite para concorrer à Presidência, numa chapa que poderia ser liderada por ele ou por Maia, ou ao Senado, na coligação do ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB). O partido espera anunciar a decisão de Datena já nesta quinta-feira. Também sobre o assunto, a coluna Painel, da Folha, ressalta que Datena foi testado em pesquisa interna para vice de Maia. Maia, hoje com 1% a 2% nas pesquisas, sobe a 8% com o apresentador como vice, diz a publicação. 

Noticiário corporativo

Em destaque, a Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, assinou termo de ajustamento de conduta com a Advocacia Geral da União e os Ministérios Públicos Federais de Minas Gerais e Espírito Santo para extinguir uma ação de R$ 20 bilhões para reparação dos danos ocasionados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Já o jornal Valor Econômico ressalta que juristas veem grande chance da Petrobras conseguir rediscutir – e reverter – no Supremo Tribunal Federal a decisão do Tribunal Superior do Trabalho, da semana passada, que condenou a estatal a pagar aproximadamente R$ 17 bilhões a 51 mil empregados e ex-empregados. A empresa terá que demonstrar ao STF, de antemão, que o caso tem repercussão econômica, política, social ou jurídica e, além disso, que há ofensa à Constituição.

A Coluna do Broad informa que a Suzano cota de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões com bancos para a aquisição da Fibria enquanto que, no radar de recomendações, a BR Malls foi elevada a ’overweight’ e Multiplan para ‘equal-weight’ pelo Morgan Stanley, enquanto a Totvs para ‘outperform’ pelo Bradesco BBI.

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O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura