Ibovespa Futuro sobe e ignora pessimismo externo com nova ameaça de Trump contra China

Presidente dos EUA deve anunciar nesta semana a restrição de investimentos chineses em empresas do país

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros do Ibovespa com vencimento em agosto subiam 0,65%, aos 71.440 pontos, às 9h16 (horário de Brasília) desta segunda-feira (25), com os investidores aliviados com a suspensão do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, refletindo diretamente na queda do dólar e dos DIs, e ignorando o clima de pessimismo externo com nova ameaça de Donald Trump contra a China 

No domingo (24), Trump voltou a usar o Twitter para ameaçar com novas medidas retaliatórias países que não retirarem “barreiras artificiais” contra produtos norte-americanos. Neste sentido, segundo matéria do Financial Times, o presidente se prepara para anunciar nesta semana a restrição de investimentos da China em empresas do país. De acordo com a reportagem do jornal britânico, o escopo exato das medidas ainda é alvo de discussões internas na Casa Branca, mas Trump já designou o Departamento do Tesouro para redigir as restrições, que devem acompanhar a já anunciada tarifação extra sobre US$ 50 bilhões de produtos chineses.

Diante dos ataques, a China decidiu cortar em 50 pontos-base o compulsório bancário, liberando cerca de US$ 100 bilhões para a economia. Segundo assessores do próprio governo, a terceira redução do compulsório no ano deve aliviar as preocupações de que uma disputa comercial com Washington prejudique as empresas locais.

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Apesar do clima de maior aversão ao risco lá fora, os contratos futuros de dólar com vencimento em julho registravam queda 0,39%, aos R$ 3,772, com os investidores aguardando pelos leilões do BC. Na última sexta-feira (22), a autoridade monetária anunciou que manterá a oferta de swaps cambiais ao longo da semana e nesta segunda fará leilões de linha de US$ 3 bilhões entre 15h15 às 15h20, tudo isso para frear a escalada da moeda.

Assim como o BC, o Tesouro também seguirá com os leilões diários de compra e venda de títulos para toda a semana, seguindo com o processo para reduzir o estresse na curva de juros. Diante da iniciativa e com o alívio dos investidores quanto ao julgamento de Lula, os contratos de DIs com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 recuavam 5 pontos-base, aos 7,00% e 9,64%, respectivamente.

Bolsas mundiais

Por mais uma sessão, os temores de uma guerra comercial dão o tom do mercado. As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta segunda-feira, enquanto investidores continuam atentos ao impacto de uma crescente disputa comercial entre EUA e China. 

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Além das preocupações com o comércio global, a divisão na Europa sobre políticas de imigração também impactou o mercado acionário do Velho Continente. A chanceler alemã, Angela Merkel, decidiu que irá tentar firmar acordos individuais com os Estados-membros da União Europeia relativamente à questão dos imigrantes e dos pedidos de asilo, uma vez que não se chegou a uma “solução europeia” durante encontro neste domingo convocado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. 

Às 9h16, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,63%

*Dow Jones Futuro (EUA)  -0,78%

*Nasdaq Futuro (EUA) -1,01%

*DAX (Alemanha) -1,42%

*CAC-40 (França) -0,87%

*FTSE (Reino Unido) -1,17%

*FTSE MIB (Itália) -1,49%

*Xangai (China) -1,04% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,79% (fechado)

*Petróleo WTI -0,07%, a US$ 68,53 o barril

*Petróleo brent -1,77%, a US$ 74,21 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,98%, a 464 iuanes (nas últimas 24 horas) 

*Bitcoin +3,95%, R$ 24.065 (confira a cotação da moeda em tempo real)

Pedido de Lula arquivado

O mercado fechou na última sexta-feira (22) com os investidores tensos diante do julgamento de liberdade do ex-presidente Lula, que poderia colocar fogo na disputa eleitoral. Porém, decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal) de arquivar o pedido de liberdade mudou completamente a agenda da semana, já que não ocorrerá mais o julgamento na terça-feira. O ministro considerou que o pedido ficou prejudicado após o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da Quarta Região) enviar o caso para o STJ (Superior Tribunal de Justiça), e não para o STF. Já a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, aponta que o Supremo deve discutir novamente as premissas para a prisão de um condenado em segunda instância nesta semana, ao julgar uma reclamação de José Dirceu (PT-SP). 

Enquanto as eleições ganham destaque no noticiário, o ministério da Fazenda busca alertar os candidatos à presidência sobre a real situação fiscal do Brasil, informa o jornal O Estado de S. Paulo. A proposta da Fazenda é mostrar que o ajuste fiscal não está consolidado e não se sustenta sem as reformas, sobretudo, a da Previdência. Ao mesmo tempo, empresários têm intensificado a agenda de conversas sobre as opções para o Planalto e buscado se aproximar dos presidenciáveis mais bem cotados até agora nas pesquisas. Os encontros em torno de pré-candidatos vêm sendo organizados de forma discreta e têm contado com alguns dos principais nomes do empresariado, que externam preocupação com os rumos do País.

Também ganha destaque as notícias de que o candidato pelo PSL à presidência, Jair Bolsonaro,  avalia não comparecer a debates na campanha eleitoral, sendo criticado por adversários. Segundo aponta a coluna Painel, da Folha, o argumento usado é que essas aparições são exploradas por rivais na TV —plataforma na qual o deputado não tem espaço para responder a ataques. Seu grupo diz que ele irá aos embates se passar para o segundo turno. 

Agenda cheia no Brasil

Na agenda de indicadores da semana, o Banco Central apresenta na terça-feira (26) de manhã, às 8h, a ata da última reunião do Copom, que pode trazer mais informações sobre os próximos passos da autoridade sobre a política monetária. No comunicado pós-decisão, o órgão deixou bastante explícito que não elevará a taxa de juros para conter a depreciação cambial. Mas deixou a porta aberta para elevar os juros ainda este ano, apesar de analistas ainda verem isso com pouca possibilidade. 

Já na quinta-feira (28), o BC também divulga o Relatório Trimestral de Inflação do segundo trimestre, que segundo a GO Associados não deve trazer grandes novidades em termos de comunicado em relação à ata que será divulgada na terça. A expectativa é em torno das projeções de inflação, sob os diferentes cenários apresentados pelo BC.

Veja também: Copom fez a coisa certa, mas a próxima reunião é imprevisível, dizem analistas

Vale ressaltar que o Banco Central anunciou na sexta-feira que manterá a oferta de swaps cambiais e fará leilões de linha para prover liquidez e contribuir para o bom funcionamento do mercado de câmbio. A decisão ocorre após dólar fechar sexta em alta de 0,5%, na quarta valorização em cinco dias, período no qual real teve pior desempenho entre 16 principais divisas. Nesta segunda, o BC fará leilão de linha de US$ 3 bilhões, das 15h15 às 15h20. O Tesouro anunciou leilões diários de compra e venda de títulos para toda a semana, na estratégia de atuação conjunta entre BC e Tesouro. Também nesta segunda, às 10h30, serão divulgados os dados de investimento estrangeiro direto de maio. 

Na próxima terça-feira, atenção ainda para a reunião do CMN, que está dividido sobre manter ou cortar a meta de inflação de 2021, de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg. O Tesouro defende que a meta seja reduzida de 4% em 2020 para 3,75% no ano seguinte, enquanto o Ministério do Planejamento avalia internamente que a manutenção é a melhor opção, segundo pessoas próximas às discussões. 

Agenda externa

No exterior, atenção especial nos Estados Unidos, com dados de vendas de novas casas nesta segunda-feira, sondagem de confiança empresarial na terça-feira (26) e pedidos de bens duráveis na quarta-feira (27). Porém, o dado mais importante será a estimativa final do PIB do primeiro trimestre, que sairá na sexta-feira (29).

Os investidores esperam uma taxa de crescimento anualizada de 2,2%, superior à taxa registrada no mesmo período do ano anterior (1,4%), sugerindo que o ciclo econômico nos EUA recebe um novo impulso. “Neste contexto, aliada à convergência da inflação para a meta e uma taxa de desemprego historicamente baixa, um número forte deve fortalecer o cenário com quatro altas nos juros neste ano”, explica a GO Associados.

Leia mais: 
– Os três eventos que prometem agitar o mercado na próxima semana

Noticiário corporativo

No radar corporativo, a Embraer confirmou acidente com avião A-29 nos EUA que causou a morte de um piloto. Sobre a Petrobras, a Folha de S. Paulo informa que a companhia prevê pagar ação bilionária de forma progressiva. A estatal descarta impacto financeiro imediato após perder processo de R$ 15 bilhões no TST e aposta no STF.

Já o Estadão destaca que, em meio ao avanço do canal digital no varejo, a CVC, a maior operadora de turismo da América Latina, parece nadar contra a corrente. Mesmo após atingir a marca de 1,2 mil lojas físicas no País, a empresa continua com um plano de expansão agressivo: abrir mais cem unidades neste ano.

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O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura