Não somos Argentina nem Turquia: as 3 convicções da Verde Asset sobre o Brasil pós-greve

Segundo o fundo, a greve dos caminhoneiros trouxe à tona uma espécie de "soma de todos os medos"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após ter perdas com dólar em abril, a Verde Asset, comandada por Luis Stuhlberger, um dos maiores gestores de fundos do mercado brasileiro, disse que em maio teve novamente um desempenho negativo por conta, desta vez, de suas posições em juros reais e em ações no Brasil.

Em relatório à clientes, o fundo disse que a greve dos caminhoneiros trouxe à tona uma espécie de “soma de todos os medos”, com impactos fiscais, de políticas públicas, no crescimento e também na inflação. “Como se não bastasse esse choque de curto prazo, o efeito subsequente foi trazer para o presente a discussão eleitoral, que esperávamos que tomasse corpo apenas a partir de agosto”, explica a Verde.

Na carta, o fundo diz ainda que o processo de reprecificação do câmbio foi “acelerado e aprofundado nas últimas semanas pela ação tímida do Banco Central e pela repetição do círculo vicioso que vimos na Argentina e depois na Turquia”.

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“Esse ciclo se instalou aqui conforme a greve se resolvia. Isso
forçou a curva de juros brasileira a dois movimentos, primeiro uma alta
muito forte das taxas de juros longas (com mercado precificando 14% de
juros a partir de 2020), e logo depois, uma explosão das taxas mais curtas,
como se a fórmula vista anteriormente em outros emergentes seja a única
maneira de controlar a situação no Brasil”, diz o relatório.

Diante do cenário, a Verde destacou três convicções que tem para o mercado:

1) Juros não vão subir tanto: segundo a Verde, deve haver um impacto na inflação tanto da greve quanto da desvalorização do câmbio, mas tal impacto deve ser muito minimizado pelo baixo crescimento econômico e consequente falta de capacidade das empresas de repassar preços. “Isso nos leva a crer que a curva de juro precifica altas demais”, diz o relatório.

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2) Revisões negativas estão apenas no começo: no relatório, a Verde diz que os riscos para o crescimento se acumulam todos do lado mais negativo, pelo menos no curto prazo. “O processo de revisões negativas das expectativas está apenas no começo. Apesar das quedas recentes, em muitas ações isso ainda não foi precificado (em várias outras parece ter sido, oportunidades ali podem aparecer)”, afirma.

3) Brasil não é Turquia nem Argentina: apesar dos nossos problemas fiscais de médio prazo, a situação brasileira, especialmente no câmbio, é muito diferente da Turquia e Argentina, afirma Stuhlberger. “Não temos problemas de conta corrente (com câmbio no nível atual caminhamos para um superávit), e nossa cobertura de reservas sobre dívida dolarizada é substancialmente maior que esses outros países”, explica.

Por fim, a Verde diz que mantém posições relevantes compradas nas NTN-Bs na parte intermediária da curva, onde, segundo os gestores, há uma enorme prêmio, além de uma alocação de 8% na bolsa brasileira e posição comprada em dólar de 10%. Junto a tudo isso, o fundo afirma ainda ter posições compradas em bolsa global e tomadas no juro americano.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.