Ibovespa recua forte e DIs disparam com aversão ao risco aos emergentes; dólar mantém queda de 2%

Aversão ao risco aos mercados emergentes contamina o índice e intervenção do Banco Central apenas alivia o dólar

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – O Ibovespa recuava 2,20%, aos 72.225 pontos, às 11h49 (horário de Brasília) desta sexta-feira (8), com o maior nível de aversão ao risco aos mercados emergentes contaminando o índice e contrariando a expectativa por um alívio em vista da forte queda do dólar após o BC mostrar suas armas para conter a alta volatilidade. Nem mesmo o recado de Ilan Goldfajn, que não irá subir a Selic por conta do câmbio, está aliviando os juros futuros, que disparam e tiram todo o apetite por ativos de risco.

As bolsas dos mercados emergentes registram queda neste pregão com temores de uma contaminação em vista do enfraquecimento das moedas frente ao dólar, processo que o próprio Brasil está sofrendo. Os índices da Turquia, Rússia e África do Sul recuavam mais de 1%, assim como os títulos de dívidas seguem em alta, com gestores e analistas precificando novas quedas para os emergentes.

Em uma pesquisa realizada pela Bloomberg, Seis dos 11 profissionais entrevistados entre 29 de maio e 6 de junho responderam que ativos de países emergentes – especialmente moedas e títulos de dívida – vão sofrer perdas adicionais à medida que a menor oferta de capital e a força do dólar diminuem a atratividade dos ativos de risco. Na quarta-feira (6), Mohamed El-Erian, ex-gestor da Pimco, que tem cerca de US$ 2 trilhões sob custódia, alertou que o Brasil pode ser o próximo país emergente a entrar em crise cambial.

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Combatendo a alta do câmbio

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anunciou, na noite de ontem, maior intervenção no mercado cambial para conter o dólar, que fechou o pregão em alta de 2,3%, cotado a R$ 3,926 — o maior valor desde 1º de março de 2016. Até o final da semana que vem, serão realizados leilões adicionais de contrato de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, no valor total de US$ 20 bilhões.

O presidente do BC não descartou adotar outras medidas de intervenção no câmbio, como o uso das reservas internacionais de US$ 380 bilhões do país para injetar dólar no mercado, ou a venda dos chamados contratos de linha. “Não temos nenhum preconceito em usar qualquer instrumento. Estou me referindo a swaps, reservas ou leilões de linha. Até hoje, vimos necessidade apenas na parte de swaps“.

Goldfajn defendeu o regime de câmbio flutuante e ressaltou que a política monetária está separada da política cambial e que o BC não vai usar a taxa básica de juros da economia para interferir no câmbio, mas apenas para controlar a inflação. Com o BC atuando forte no câmbio, o dólar comercial recuava 2,24%, aos R$ 3,834 na venda.

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Rumo da Selic

O presidente do Banco Central afirmou que não há relação mecânica entre a política monetária e a cambial e que a Selic não será usada para controlar a taxa de câmbio: “política monetária é diferente de política cambial. Não há relação mecânica entre as duas. Ela não será usada para controlar a taxa de câmbio”, disse ao anunciar as medidas para o câmbio. O presidente do BC relembrou que as decisões do Copom são tomadas nas reuniões e que na próxima reunião o Comitê analisará o cenário com foco na inflação e levará em consideração eventuais choques na política monetária.

A recente disparada dos juros futuros deixou explícita uma nova percepção dos investidores sobre os rumos da política monetária brasileira, com temores de que o BC pudesse deixar de lado os fundamentos que hoje balizam a tomada de decisões sobre os juros para conter o ambiente de tensão que avança no mercado, temor que volta a tomar conta hoje.

Depois de iniciarem o pregão em baixa, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 voltam a estressar e marcam alta de 22 e 28 pontos-base, respectivamente, aos 10,02% e 7,80%, em vista dos temores com os mercados emergentes e retiram todo o apetite por ativos de risco – entenda mais sobre essa relação clicando aqui.

Por conta disso, as ações do setor financeiro, com maior participação na composição do Ibovespa, lideram as perdas, em um dia que até quem poderia segurar o mercado, que seriam as exportadoras, recuam por conta da queda do dólar. As ações da Vale e da Suzano, por exemplo, marcam queda de 4%. Destaque também para a forte queda dos papéis da Petrobras após o UBS rebaixar a recomendação dos ativos para venda.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET6 ELETROBRAS PNB 14,55 -5,40 -35,90 20,63M
 ELET3 ELETROBRAS ON 12,71 -5,22 -34,28 28,02M
 GOAU4 GERDAU MET PN 6,32 -5,11 +9,71 29,20M
 GGBR4 GERDAU PN 14,10 -4,99 +14,64 52,53M
 PETR3 PETROBRAS ON N2 17,98 -4,97 +6,51 120,01M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 8,94 +5,80 -8,38 60,20M
 MRFG3 MARFRIG ON 8,40 +4,48 +14,75 17,48M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 23,71 +3,09 +15,66 34,93M
 SMLS3 SMILES ON 46,86 +1,98 -35,13 61,61M
 HYPE3 HYPERA ON 26,14 +1,12 -25,05 20,63M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

IPCA supera expectativa

A inflação oficial ficou em 0,40% em maio, ante 0,22% em abril, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira. O resultado superou as expectativas de 39 economistas consultados pela Bloomberg, que variavam entre 0,20% e 0,36%, e cuja mediana indicava avanço de 0,29% no período.

No acumulado do ano, o indicador ficou em 1,33%, o menor para um mês de maio desde a implantação do Plano Real. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulou alta de 2,86%, contra 2,76% em igual intervalo no mês anterior. Mesmo assim, o índice segue abaixo do piso da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%.

O aumento no preço da gasolina, de 3,34%, foi equivalente a um terço (0,15 pp) da inflação total do mês passado, segundo dados do IBGE. Ainda em combustíveis, o óleo diesel apesentou alta de 6,16%, e 0,01 pp de impacto, ante a alta de 1,84% de abril. Por outro lado, o etanol manteve a trajetória de queda de preços e ficou, em média, 2,80% mais barato em maio. 

Pesquisa eleitoral

Poucos dias após o fim da greve dos caminhoneiros, Jair Bolsonaro mantém a liderança da disputa presidencial nos cenários sem o ex-presidente Lula. O deputado, contudo, não conseguiu capitalizar, até o momento, os efeitos das manifestações e ampliar vantagem sobre os adversários. Segundo pesquisa realizada pelo IPESPE (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) entre os dias 4 e 6 de junho, a terceira encomendada pela XP Investimentos, Bolsonaro tem entre 21% e 23% das intenções de voto nas simulações sem o petista. O levantamento também mostrou Fernando Haddad numericamente à frente de Ciro Gomes quando o nome do ex-prefeito paulistano é associado à figura de Lula. O levantamento ouviu 1.000 entrevistados por telefone. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

No primeiro cenário estimulado testado, que desconsiderou o lançamento de uma candidatura própria pelo PT, Bolsonaro (PSL) obtém 23% das intenções de voto, o que representa uma oscilação para baixo de 2 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado entre 21 e 23 de maio. Na sequência, aparece Marina Silva (Rede), com 13% das intenções de voto, 1 ponto abaixo do percentual registrado no mesmo período. A ex-senadora está tecnicamente empatada com Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, que tem 11%. No levantamento anterior, o pedetista tinha 9% de apoio. Logo atrás, aparece o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), com 8% das intenções de voto, em uma oscilação de 1 ponto para baixo em comparação com os dois levantamentos anteriores. Álvaro dias tem 7%, 2 pontos acima do patamar registrado em maio. Brancos nulos e indecisos somam 32%, uma queda de 6 pontos em relação à última pesquisa.

No segundo cenário testado, em que a candidatura do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad é considerado candidato pelo PT, Bolsonaro tem 22% das intenções de voto, mesmo patamar do levantamento anterior. Na sequência, aparecem Marina Silva, com 13%; Ciro Gomes, com 11%; e Geraldo Alckmin, com 8% — todos com patamar igual ao da quarta semana de maio. Já Álvaro Dias oscilou de 4% para 6%. Haddad manteve os 3% da pesquisa anterior. Brancos, nulos e indecisos somam 30%, 2 pontos abaixo do percentual de duas semanas atrás.

Em uma simulação que associa seu nome à figura de Lula, Haddad salta para 11% das intenções de voto, 10 pontos atrás de Bolsonaro. Este cenário não havia sido testado nas pesquisas anteriores. O petista tem o mesmo patamar que Marina Silva e supera numericamente Ciro Gomes, apesar de os dois estarem tecnicamente empatados neste cenário. Geraldo Alckmin tem 8% e Álvaro Dias, 6%. Brancos, nulos e indecisos somam 27%.

Em uma simulação considerando a candidatura de Lula, o ex-presidente lidera a disputa com 30% das intenções de voto, 10 pontos à frente de Bolsonaro. Em relação ao levantamento anterior, o petista oscilou 2 pontos para cima, ao passo que o deputado caiu 5 pontos. Na sequência, aparece Marina Silva, com 10% (mesmo patamar de maio) e Alckmin com 7% (1 ponto mais baixo). Ciro Gomes tem 6% neste cenário, enquanto Álvaro Dias tem 5%. Brancos, nulos de indecisos somam 16%.

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