Ibovespa tem segunda queda seguida e se aproxima da mínima do ano; dólar sobe para R$ 3,83

Índice amenizou na reta final após chegar a cair 1,47%, mas não conseguiu evitar a queda e já está a menos de mil pontos de sua mínima em 2018

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em dia marcado pela volatilidade, o Ibovespa, que chegou a subir no início do dia, fechou com queda de 0,68%, aos 76.117 pontos e já se aproxima de sua mínima do ano, em 75.337 pontos, pressionado pelas ações da Petrobras e acompanhando a derrocada das ações do setor financeiro. Além disso, destaque para o dólar, que reduziu os ganhos, mas mesmo assim voltou a subir e fechou cotado a R$ 2,8384 na venda, com ganhos de 0,75%.

Veja também: Rogério Xavier: dólar pode ir a R$ 5,30, BC terá que subir Selic e juro dos EUA vai explodir

A queda da estatal está relacionada com a possibilidade da ANP (Agência Nacional do Petróleo) passar a controlar o prazo dos reajustes dos combustíveis. Conforme proposta apresentada pela agência, que será tratada em uma consulta pública, que será aberta em 11 de junho e vai até 2 de julho, a Petrobras, assim como suas distribuidoras de combustíveis, continuarão a ter liberdade para definir seus preços e margens de lucro, mas não mais os prazos em que vão repassar as variações aos consumidores. Nesse período, a agência reguladora ouvirá propostas de todos os agentes públicos, incluindo a própria Petrobras.

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O diretor-geral da ANP, Decio Oddone, disse que não se trata de intervenção no mercado e explicou que a medida visa a estabilizar o setor, com benefícios a consumidores e às empresas e investidores: “não ocorrerá influência sobre a formação de preços”, frisou o diretor. Contudo, o aumento da percepção de intervenção na política de preços da empresa gera um clima de incerteza entre os investidores, o que acaba derrubando os papéis.

A queda do mercado só não foi maior por conta das ações da Vale, que subiram na esteira dos contratos futuros de minério de ferro negociados na China, que sobem 1% e registram a segunda sessão consecutiva de alta. Ainda falando sobre destaques positivos, as exportadoras também avançaram com mais um dia de valorização do dólar comercial.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLS3 SMILES ON 52,25 -9,32 -27,67 79,82M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 24,89 -6,95 +21,41 68,07M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 16,26 -6,34 -28,37 44,03M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 15,99 -5,94 -5,78 103,69M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 114,33 -5,53 +42,91 271,77M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 51,96 +7,58 +179,35 318,27M
 BRAP4 BRADESPAR PN 34,58 +6,07 +24,80 104,72M
 EMBR3 EMBRAER ON 23,20 +5,22 +16,47 83,81M
 VALE3 VALE ON 56,07 +4,36 +40,85 1,48B
 WEGE3 WEG ON 17,00 +3,66 -7,80 116,63M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 56,07 +4,36 1,48B 948,88M 60.406 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 16,33 -1,57 1,12B 2,34B 70.137 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 42,28 -2,54 641,77M 726,99M 33.306 
 BBAS3 BRASIL ON 27,68 -4,95 396,96M 400,90M 35.111 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 28,24 -1,67 391,42M 421,14M 30.828 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,53 -1,16 333,31M 459,02M 23.897 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 19,27 -0,57 333,30M 515,04M 32.014 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 51,96 +7,58 318,27M n/d 21.470 
 GGBR4 GERDAU PN 15,91 -1,49 314,41M 192,39M 30.939 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 114,33 -5,53 271,77M 288,92M 9.639 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Dólar acima de R$ 3,80
Com o clima de incerteza tomando conta do mercado doméstico com as indefinições sobre os preços dos combustíveis, os sinais de aquecimento da economia dos EUA, elevando a probabilidade de aumento da taxa de juros por 4 oportunidades (ao invés de 3 como o mercado espera), além da possibilidade do BCE (Banco Central de Europeu) anunciar o encerramento do programa de QE (Quantitative Easing), o dólar não dá trégua e segue com sua escalada neste pregão.

Nas primeira hora de pregão, os contratos futuros da moeda com vencimento em julho subiram mais de 1% e atingiram R$ 3,859 na sua máxima, levando o Banco Central agir e colocar todos os 15 mil contratos de swaps cambiais para conter a disparada da moeda, o que está dando resultado. Após a intervenção, os contratos se afastaram da máxima do dia, mas se mantiveram acima dos R$ 3,80.

Veja mais: Dólar a R$ 4,00? 6 respostas para entender a disparada da moeda

Apesar disso, cresce a expectativa que o Banco Central mude sua estratégia de intervenção dos atuais swaps cambiais para os leilões de linha, que correspondem à venda no mercado à vista com compromisso de recompra. “Embora disponha de instrumentos que lhe permitem ampla visão do comportamento do mercado, tudo sugere que a sua estratégia de intervenção no câmbio está relativamente desfocada, pois insiste em ofertar maciço volume de proteção com “swaps cambiais” e não está irrigando a liquidez do mercado a vista”, avalia o diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme.

Segundo ele, a ação do BC tem que focar em fomentar a liquidez no mercado a vista, entrando com a oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra. Nehme acredita que a autoridade até pode manter os leilões de swaps cambiais, mixando com a oferta mais incisiva de linhas de financiamento, “suprindo e ancorando a crescente demanda no mercado a vista pelos investidores estrangeiros que estão dando claros sinais de retirada de recursos do país”.

Juros futuros disparam

Em meio ao clima de incerteza, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 também registraram forte volatilidade nas primeiras horas de pregão, com destaque para o último contrato, que na máxima atingiu a marca de 9,50%, ou seja, uma alta de 14 pontos-base. Assim como o BC, para conter essa disparada, o Tesouro anunciou novas atuações extraordinárias nesta quarta-feira.

O órgão informou que dará continuidade ao programa de leilões de recompra de NTN-Fs, iniciado no dia 28 de maio. A decisão foi tomada “frente à manutenção do cenário de volatilidade”. Serão mais três leilões até sexta-feira, que contempla também com a possibilidade de recompra dos títulos com vencimentos em janeiro de 2025, 2027 e 2029.

Essa disparada dos juros nos últimos dias tem relação ao aumento das apostas de uma alta ainda este ano, principalmente após a crise deflagrada com a greve dos caminhoneiros. As curvas de juros já mostram uma possibilidade de 50% de um aumento da Selic já na reunião deste mês do Copom.

Cenário político

A situação de dificuldade para candidaturas da centro-direita, favoráveis à condução de uma agenda ortodoxa de reformas econômicas, é motivo de preocupação dos mercados enquanto nomes nas extremidades dos espectros ideológicos apresentam desempenho mais favorável nas pesquisas de intenção de voto.

Na véspera, enquanto uma nova pesquisa bastante desfavorável às candidaturas da centro-direita repercutia no meio político, um grupo de parlamentares de PPS, PSDB e outros partidos deste espectro lançaram um manifesto pedindo uma candidatura única representativa do centro democrático, iniciativa apoiada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O objetivo seria lançar uma resposta ao avanço das candidaturas do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e do ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT).

Segundo a coluna Painel, do Jornal Folha de S.Paulo, os ânimos estão à flor da pele nos círculos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB). Diz o veículo que a tentativa do ex-ministro da Fazenda de tentar se desvencilhar do rótulo de candidato do presidente Michel Temer gerou desconforto na sigla, ao passo que no tucanato persiste a pressão sobre o ex-governador de São Paulo, a despeito de seu discurso de que crescimento nas pesquisas só virá durante o período de campanha.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.