Petrobras dispara 14% e sustenta ganhos do Ibovespa em dia de tensão no exterior

Índice perde força durante a tarde com peso da queda de 1,5% do Dow Jones, mas consegue manter os ganhos com alta da estatal

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de chegar a subir 2,47% na máxima do dia, o Ibovespa perdeu força na tarde desta terça-feira (29), mesmo com uma disparada de 14% das ações da Petrobras (PETR4). No exterior, o dia foi de forte queda, com o Dow Jones recuando cerca de 1,5% de olho na tensão política na Itália e nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,95%, aos 76.071 pontos, enquanto o dólar comercial subiu 0,28%, cotado a R$ 3,7392 na venda com o cenário externo complicado tirando o apetite por risco dos investidores. O dólar futuro, por sua vez, registra alta de 0,04%, a R$ 3,738. O volume financeiro na B3 ficou em R$ 15,791 bilhões.

Mais cedo, o dólar chegou a cair após o Banco Central confirmar que irá manter as ofertas adicionais de swap cambial no fim maio e a partir de 1º de junho, reforçando sua atuação no mercado para conter a disparada da moeda. Porém, a pressão externa, com o mercado atento ao cenário político na Itália, acabou pesando para a moeda.

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Na Europa, os investidores acompanham apreensivos os desdobramentos do impasse político na Itália, que levou o primeiro-ministro Giuseppe Conte a renunciar ao cargo. A dificuldade na formação de uma coalizão majoritária para governar o país tem provocado um impasse político preocupante na região. Os yields dos títulos públicos italianos dispararam com partidos populistas tentando mobilizar o país por uma nova eleição após o presidente escolher Carlo Cottarelli como primeiro-ministro. 

Taxas dos papéis espanhóis, portugueses e gregos também subiram, ao passo que as dos títulos britânicos e alemães despencaram com busca por proteção pelos investidores. Ambiente tenso também é observado na Espanha, com o primeiro-ministro Mariano Rajoy enfrentando dificuldades para governar.

No mercado de juros futuros por aqui, o dia foi volátil, com as taxas chegando a cair forte, mas revertendo o movimento durante a tarde. Os contratos com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 tiveram alta de 2 e 8 pontos-base, respectivamente, cotados a 6,78% e 8,93%, respectivamente. O Tesouro manteve os leilões diários de compra ou venda NTN- F (Tesouro Prefixado com Juros Semestrais) para ajustar a curva de juro mais longo, que sofreu grande distorção após decisão inesperada pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano e as tensões com a greve.

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Destaques do mercado

Depois de acumular queda de 34% com a greve, as ações da Petrobras tiveram uma sessão de recuperação e lideraram os ganhos do Ibovespa, enquanto na outra ponta chamaram atenção os papéis da Suzano, que recuaram acompanhando a queda do dólar comercial.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 19,30 +14,13 +20,12 3,36B
 PETR3 PETROBRAS ON EJ N2 22,24 +12,38 +31,75 686,37M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 50,00 +6,04 -32,55 196,65M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 49,93 +5,12 +4,51 86,24M
 GOLL4 GOL PN N2 13,91 +4,98 -4,73 45,05M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 43,15 -4,11 +131,99 355,34M
 BRFS3 BRF SA ON 21,20 -3,64 -42,08 134,62M
 JBSS3 JBS ON 9,14 -3,38 -6,33 83,22M
 KROT3 KROTON ON ED 10,40 -3,26 -42,54 116,51M
 BRAP4 BRADESPAR PN 30,77 -3,09 +11,05 91,19M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 19,30 +14,13 3,36B 2,01B 203.972 
 VALE3 VALE ON 50,16 -1,78 915,90M 880,94M 47.378 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 42,90 -0,35 853,29M 699,96M 44.727 
 PETR3 PETROBRAS ON EJ N2 22,24 +12,38 686,37M 462,79M 88.135 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,59 -0,86 414,12M 452,28M 41.796 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 28,51 +2,26 411,95M 356,69M 42.454 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 43,15 -4,11 355,34M n/d 31.101 
 BBDC4 BRADESCO PN 29,35 +0,41 346,49M 403,93M 40.033 
 B3SA3 B3 ON 20,73 +0,97 340,70M 271,83M 42.145 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 104,49 -0,49 271,48M 215,18M 12.221 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Greve continua
Em um ambiente de resiliência da greve de caminhoneiros, o governo busca ampliar a pressão sobre o movimento e os principais atores envolvidos. Conforme noticia o jornal Folha de S.Paulo, o Planalto pressiona a Polícia Federal para acelerar investigações e prender suspeitos de dar suporte ilegal à paralisação. A ofensiva atípica desconsidera o fato de os inquéritos serem sigilosos e estarem em fase inicial. Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto negou a pressão e informou que a investigação ocorre em ritmo normal.

Nos últimos dias, têm sido apontados grupos políticos infiltrados no movimento grevista, além da própria possibilidade de participação ilegal de empresas, o que é conhecido como locaute. Em um momento de fragilidade política do governo, o risco seria de outros grupos organizados lançarem ofensiva similar, o que poderia dar início a uma rodada de concessões por Michel Temer e derrotas para as tentativas de ajuste nas contas públicas.

Apontado como um dos beneficiários do momento de efervescência política, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à presidência, defendeu o fim da greve dos caminhoneiros em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Não interessa a mim, ao Brasil, o caos agora”, afirmou o pré-candidato, líder nas pesquisas sem Lula, que inicialmente defendeu o movimento dos caminhoneiros.

Na noite de ontem, o plenário do Senado votou as seis medidas provisórias que trancavam a pauta, permitindo a votação de matérias para dar fim à greve dos caminhoneiros e à crise dos combustíveis. Os parlamentares aprovaram pedido de urgência para o projeto de lei que zera até o final do ano a cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel. O PLC 52/2018 já pode ser votado a partir desta terça-feira (29). A matéria foi aprovada pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (23) da semana passada, também como resposta à greve, que tem provocado desabastecimento no país.

Agenda econômica

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou agora pela manhã o resultado de abril da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) e a taxa de desocupação no Brasil ficou em 12,9%, em linha com a expectativa do mercado. Em igual período de 2017, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 13,6%.

Também pela agenda doméstica, a Secretaria do Tesouro Nacional informa o resultado fiscal de abril do governo central, que inclui o Tesouro Nacional, o Banco Central e a Previdência. A GO estima um pequeno superávit primário de R$ 500 milhões no mês. Segundo os analistas, o resultado positivo do mês é sazonal e reflete a arrecadação extra com os impostos recolhidos trimestralmente, como o IRPJ e CSSL.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.