Ibovespa afunda 4,5% e bate menor patamar do ano em seu pior pregão desde o “Joesley Day”

Índice foi puxado pela nova derrocada de mais de 13% dos papéis da Petrobras

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa acentuou as perdas no final do pregão desta segunda-feira (28) e parte para registrar seu pior pregão desde o “Joesley Day”, em 17 de maio do ano passado, quando desabou 8%. Pesou mais uma vez a derrocada dos papéis da Petrobras (PETR4), que afundaram mais 13% após o governo anunciar novas concessões aos grevistas para tentar encerrar as paralisações nas rodovias.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 4,49%, aos 75.355 pontos, com um volume financeiro expressivo de R$ 10.956 bilhões, mesmo em dia de feriado nos Estados Unidos, sendo que R$ 2,382 bilhões foram movimentados por PETR4. O dólar comercial, por sua vez, teve uma forte arrancada no fim, fechando com ganhos de 1,64%, cotado a R$ 3,7286 na venda.

Os investidores precificam os impactos das concessões do governo nas contas públicas e como na economia, com o mercado revisando para baixo as projeções. No Relatório Focus desta segunda-feira, a mediana das projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) recuou de 2,50% para 2,37%.  Entre os cinco economistas que mais acertam em suas projeções – o chamado “top 5” -, no cenário de curto prazo, a mediana das expectativas para a inflação oficial de 2018 disparou de 3,14% para 3,53%, ao passo que para o ano seguinte seguiu em 4%.

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O presidente Michel Temer anunciou, na noite de domingo (27) cinco novas medidas para tentar solucionar o impasse gerado pela paralisação dos caminhoneiros, que chega ao oitavo dia. Os pontos anunciados por Temer foram: 1) Preço do diesel terá redução de R$ 0,46/litro, o que corresponde à soma do PIS/Cofins com a Cide. Será um subsídio equivalente à liquidação destes impostos para o diesel; 2) O preço do combustível será válido pelos próximos por 60 dias, sem oneração da Petrobras pelos subsídios. Os posteriores reajustes serão mensais; 3) Isenção de cobrança do eixo suspenso dos pedágios nas rodovias municipais, estaduais e federais; 4) Garantia aos caminhoneiros autônomos de 30% dos fretes da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento; 5) Estabelecimento de uma tabela mínima de frete. Pelas contas oficiais, as novas concessões à categoria devem chegar a R$ 10 bilhões de custos ao governo.

Diante do clima de incerteza, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 fecharam em alta de 8 pontos-base, cotados a 6,75% e 8,83%, respectivamente, mesmo após intervenção do Tesouro para conter um novo estresse dos DIs, como visto na última semana.

Foram anunciados leilões diários de compra ou venda NTN- F (Tesouro Prefixado com Juros Semestrais) para ajustar a curva de juro mais longo, que sofreu grande distorção após decisão inesperada pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano e as tensões com a greve.

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Pressão na Petrobras

Segundo a Folha, a oposição vai mirar todas as suas flechas agora em Pedro Parente. O diagnóstico é que Michel Temer já está tão desgastado que não valeria a pena perder tempo com ele. A situação do executivo pode mexer com as ações da companhia, fortemente penalizadas pelo mercado em meio à percepção de maior ingerência política sobre a tomada de decisão sobre preços.

O governo corre contra o tempo para resolver o impasse com os caminhoneiros. A situação pode se agravar com a greve anunciada por petroleiros, que pode impedir uma retomada do abastecimento de combustíveis. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, os militares veem situação delicada e temem uma onda de paralisações no país. A Federação Única dos Petroleiros pretende entrar em greve na quarta-feira. Paralisação também seria novo foco de pressão sobre o presidente da estatal, Pedro Parente, cuja gestão, elogiada pelos investidores, foi amplamente questionada pelos políticos durante a greve dos caminhoneiros.

Enquanto as atividades não voltam, os mais distintos setores da economia sentem os efeitos da paralisação. Durante o fim de semana, o governo havia endurecido discurso contra os grevistas e grupos empresariais por suposto envolvimento nos atos, o que seria conhecido como locaute, proibido pela legislação brasileira.

Destaques do mercado

Na ponto negativa, destaque para as ações da Petrobras, que desabaram em vista da pressão pela saída do presidente Pedro Parente. Enquanto isso, os papéis da Suzano subiram acompanhando a alta do dólar comercial, que supera a faixa de R$ 3,73.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 16,91 -14,60 +5,24 2,38B
 PETR3 PETROBRAS ON EJ N2 19,79 -14,07 +17,23 332,53M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,35 -10,04 -12,29 86,75M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 16,35 -9,52 -27,97 25,01M
 GOLL4 GOL PN N2 13,25 -7,92 -9,25 24,80M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 45,00 +1,53 +141,93 168,36M
 FIBR3 FIBRIA ON 72,13 +1,14 +51,76 89,15M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 16,91 -14,60 2,38B 1,88B 134.605 
 VALE3 VALE ON 51,07 -0,80 706,50M 863,53M 31.650 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 43,05 -4,23 570,49M 675,80M 35.672 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 27,88 -7,34 411,06M 338,04M 34.453 
 PETR3 PETROBRAS ON EJ N2 19,79 -14,07 332,53M 430,00M 48.267 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 105,00 -6,25 257,77M 203,57M 9.610 
 BBDC4 BRADESCO PN 29,23 -4,23 250,17M 428,20M 27.818 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,76 -1,98 239,27M 431,89M 30.854 
 B3SA3 B3 ON 20,53 -2,33 210,40M 254,35M 26.311 
 ITSA4 ITAUSA PN 11,28 -4,16 170,44M 249,75M 31.182 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Agenda doméstica da semana
Na agenda de indicadores, na terça-feira (29), o IBGE divulga o resultado de abril da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Para os economistas da GO Associados, a taxa de desemprego deve recuar de 13,1% para 12,9% no trimestre encerrado em abril. “A queda do desemprego reflete tanto o componente sazonal, em virtude das contratações pós-início de ano, como a ligeira melhora da atividade econômica”, explicam.

Na mesma data, a Secretaria do Tesouro Nacional informa o resultado fiscal de abril do governo central, que inclui o Tesouro Nacional, o Banco Central e a Previdência. A GO estima um pequeno superávit primário de R$ 500 milhões no mês. Segundo os analistas, o resultado positivo do mês é sazonal e reflete a arrecadação extra com os impostos recolhidos trimestralmente, como o IRPJ e CSSL.

Já na quarta-feira (30), será apresentado o dado mais esperado da semana, o PIB do primeiro trimestre, que deve ficar na casa de 0,5% segundo a GO Associados, que diz que o dado deve mostrar que o setor de serviços segurou o desempenho da atividade no período.

Agenda externa da semana

A semana será bastante movimentada nos Estados Unidos, com dados econômicos relevantes como o PIB do primeiro trimestre na quarta-feira (30) às 9h. Além disso, também saem os dados de inflação ao consumidor na quinta-feira (31) às 9h30 e o relatório de emprego na sexta-feira (1). Esta combinação de indicadores é importante pois mostrará a dinâmica da economia americana e dará mais sinalizações se o Federal Reserve terá espaço para subir os juros 4 vezes ou manterá em 3 vezes este ano.

“Dados fortes de atividade, emprego e inflação podem levar ao aumento da aposta de uma postura mais agressiva pelo Fomc. Nessa última semana, o mercado reduziu a probabilidade de quatro altas de juros neste ano e voltou a precificar com maior probabilidade a possibilidade de apenas três altas”, explicam os analistas da GO.

Na Ásia, em um contexto relativo de alívio das tensões comerciais entre os EUA e a China, os dados da sondagem da produção industrial (PMI) de maio serão publicados na quarta-feira (30) e quinta-feira (31). Os dados devem dar uma indicação sobre a dinâmica do setor industrial do gigante asiático.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.