Sob protestos, hedge funds compram jornais locais nos EUA

"O negócio está morrendo e eles vão ganhar cada dólar que puderem no caminho para o fim", disse Ken Doctor, analista do setor editorial e presidente do website Newsonomics

Bloomberg

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(Bloomberg) — Um grupo de jornalistas protestando em frente à sede de um fundo de hedge em Nova York chamou atenção para um fato pouco conhecido sobre os jornais com foco local ou estadual nos EUA: nos bastidores, instituições financeiras estão com todo o poder.

Firmas de investimento como Alden Global Capital, Chatham Asset Management e Fortress Investment Group compraram fatias controladoras em publicações que enfrentam dificuldades para se adaptar ao universo online, como Miami Herald, Providence Journal e Charlotte Observer. Os fundos trouxeram seu know-how em corte de custos para reestruturar diversos empreendimentos editoriais sobrecarregados por dívidas após a crise financeira de 2008.

Mas as novas estruturas societárias trazem questionamentos. Será que os fundos de investimento podem ajudar a salvar os jornais, tornando-os lucrativos novamente, ou vão enxugá-los até o colapso? Os jornalistas que vieram de cidades distantes, como Denver e St. Paul, no começo do mês, para protestar em frente ao escritório da Alden Global estão convencidos da segunda opção. Alguns analistas concordam.

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“Eles não estão reinvestindo no negócio”, disse Ken Doctor, analista de longa data do setor editorial e presidente do website Newsonomics, se referindo à Alden Global. “Está morrendo e eles vão ganhar cada dólar que puderem no caminho para o fim.”

Diversos fundos de hedge se tornaram controladores de jornais nos últimos anos. A Alden Global agora é dona de aproximadamente 60 jornais diários por meio da subsidiária Digital First Media. A New Media Investment Group, administrada e controlada pela firma de private equity Fortress, é proprietária de quase 150 jornais em cidades menores como Columbus, no Estado de Ohio, e Providence, em Rhode Island, por meio da divisão GateHouse Media. O fundo de hedge Chatham é um dos maiores detentores de ações e títulos da McClatchy, que publica o Charlotte Observer e o Miami Herald.

A Alden não retornou pedido de comentário da reportagem. Um porta-voz da Fortress disse que a firma não tem qualquer papel no dia a dia da New Media. Em comunicado, o presidente da McClatchy, Craig Forman, afirmou que a Chatham não tem influência sobre as decisões operacionais.

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A Alden Global fez alguns dos cortes mais profundos. No mês passado, funcionários do Denver Post criticaram publicamente o controlador, após a ordem para demitir mais 30 colegas, sendo que o quadro de pessoal já tinha encolhido de 200 empregados para menos de 100 nos últimos oito anos. Em janeiro, o Florida Times-Union, de Jacksonville, pertencente à GateHouse, anunciou planos para demitir mais de 20 funcionários ou 10 por cento do quadro de pessoal, apenas um mês após avisar que eliminaria 50 posições. Em abril, a McClatchy demitiu 15 jornalistas do Sacramento Bee.

A luta dos jornais locais é diferente daquela travada por publicações de projeção nacional, como The New York Times, que desenvolveram bem-sucedidos modelos de assinaturas, ou de jornais em grandes áreas metropolitanas, como o Boston Globe, que foram comprados por bilionários dispostos a dar apoio.

A New Media nega que as medidas para reduzir as redações sejam motivadas por lucros. Seu presidente, Michael Reed, afirma que demitiu repórteres que recebiam salários altos, mas eram improdutivos, e que pediu que os profissionais restantes escrevessem mais reportagens. A companhia também eliminou editores e designers locais e transferiu essas posições para uma central em Austin, no Texas, onde contratou mais de 300 pessoas, segundo ele.

“Estamos comprando jornais porque achamos que temos uma estratégia capaz de salvar o jornalismo local”, afirmou Reed, se referindo a planos para encontrar novas fontes de receita com a venda de serviços, como assessoria de marketing online para empreendimentos regionais.

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