Ibovespa tem alívio no fim, mas não evita queda de 2,5% na semana; dólar salta 3,8% e vai a R$ 3,74

Apesar de dia de alívio dos Treasuries, o dólar seguiu sua trajetória de alta e mercado já fica de olho para aumento de intervenção do Banco Central

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Para quem estava esperando por um alívio para o Ibovespa após recuar 3,37%, o pregão de sexta-feira (18) não foi muito animador. Após chegar a cair 2,67% na mínima do dia, o índice se recuperou na reta final do pregão, encerrando com perdas de 0,65%, aos 83.081 pontos. Mesmo assim, o benchmark da bolsa brasileira encerrou a semana com queda de 2,51%.

Analistas destacam uma “defesa” de posições à espera do vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira (21) como um dos fatores para o alívio do mercado. Além disso, a forte queda de ontem e hoje começa a abrir oportunidades na bolsa. “Alguns papeis ficaram mais atrativos depois da queda dos últimos pregões e os investidores estão refazendo carteira”, disse Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da H. Commcor, para a Bloomberg.

Ao mesmo tempo, o dólar não parou de subir, avançando mais 1,04% nesta sexta, encerrando cotado a R$ 3,7396 na venda e acumulando ganhos de 3,84% na semana. Nos últimos dias, o movimento do câmbio por aqui seguiu o mesmo cenário do resto do mundo, com a moeda norte-americana subindo contra praticamente todas as divisas.

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Isso aconteceu por conta da disparada dos Treasuries. Os títulos do governo dos EUA com vencimento de 10 anos deixaram para trás a emblemática região de 3% e atingiram 3,13% nesta manhã, a maior cotação desde julho de 2011, com o mercado cada vez mais convicto que o Fed irá acelerar o processo de alta de juros em vista da forte alta do petróleo, importante componente de inflação. 

Em função da segurança que os títulos oferecem, os Treasuries normalmente têm sua demanda elevada em períodos de maior instabilidade e sua alta acaba reduzindo o apetite dos investidores por ativos de risco, o que gera uma “troca de mão” dos investidores, que vão em busca dos “títulos mais seguros do mundo”.

Somente neste mês, a divisa norte-americana sobe 6% frente ao real, acumulando valorização de 11% em 2018, mas esse efeito não é exclusividade do Brasil. Pelo mundo, a moeda está apreciada e justamente essa fuga para os Treasuries que está por trás. Não bastasse os efeitos internacionais, os riscos domésticos como as incertezas com as eleições, assim como o menor interesse pelo carry trade, também contribuem para a alta do dólar.

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Apesar do alívio dos Treasuries nesta sexta, o dólar seguiu em alta contra o real, em um cenário que tem levado o mercado a questionar o Banco Central, que até o momento não elevou sua intervenção no câmbio. Analistas e investidores consideram que o BC pode ampliar sua oferta de swaps, após a manutenção dos juros se mostrar insuficiente para conter a depreciação do real. O anúncio pode ocorrer nesta noite.

No caso da forte queda do Ibovespa, o aumento do risco, expurgado pela disparada dos juros futuros, também está ligada à decisão inesperada do Copom em manter a Selic em 6,50% na quarta-feira (16). A decisão “deixou na mão” muitos investidores, pois, uma semana antes, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deixou bem sinalizado que a autoridade monetária coordenaria sua decisão pela inflação, que segue bem comportada, como pelo ritmo da atividade econômica, que pela retração de 0,13% do IBC-Br no primeiro trimestre denota que ainda havia espaço para seguir com o alívio monetário.

A falha de comunicação do BC gerou uma corrida no mercado de juros, com os investidores precisando correr para ajustarem suas posições. Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 dispararam 36 pontos-base nesta semana, cotados aos 6,68%, enquanto com os contratos de 2021 subiram 50 pontos no mesmo período, aos 8,86%. Como os juros são utilizados nos modelos de precificação de ações como um componente de risco, a escala dos ativos reduz o potencial de valorização das ações, o que, por sua vez, reduz o apetite pelo risco.

Para completar, a Bolsa brasileira perdeu força em compasso com as commodities. Depois de supera a faixa de US$ 80 o barril em Londres nesta semana, o petróleo acomodou-se nos últimos dias e inclusive hoje recua, retornando para US$ 79,00. Isso afeta diretamente o comportamento do Ibovespa, pois, como revelou estudo do BTG Pactual, a manutenção do mercado próximo ao topo histórico deve-se ao desempenho das ações da Petrobras e Vale. 

Desde a máxima histórica cravada em fevereiro nos 88.317 pontos, o Ibovespa recuou 6% em reais, mas se excluirmos o desempenho das ações da Petrobras e Vale do índice, que juntas correspondem por 25% de participação, o mercado teria recuado cerca de 15%.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações do setor varejo, que seguiram em queda em processo de ajuste após o Copom manter a Selic em 6,50% ao ano. Na ponto positiva, as ações da Suzano subiram forte em linha com o movimento de alta do dólar.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 26,37 -4,46 -20,91 71,67M
 RADL3 RAIADROGASILON 66,26 -4,32 -27,67 185,34M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 105,09 -3,90 +31,36 345,58M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 20,23 -3,90 -10,88 26,84M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,30 -3,60 -29,89 35,34M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 46,19 +3,98 +148,33 213,69M
 CYRE3 CYRELA REALTON 12,80 +3,48 +0,73 50,36M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 54,58 +2,75 -26,38 250,35M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 38,68 +2,11 +8,93 65,42M
 JBSS3 JBS ON 9,45 +1,72 -3,15 76,06M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,65 -1,16 2,13B 1,49B 83.109 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 45,12 -0,79 1,70B 538,12M 60.733 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,63 -2,18 1,32B 344,63M 54.358 
 VALE3 VALE ON 54,77 -1,10 1,21B 805,21M 53.609 
 BBDC4 BRADESCO PN 31,49 +0,45 816,27M 391,43M 56.365 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,15 -0,20 512,82M 324,32M 30.573 
 ITSA4 ITAUSA PN 11,60 -1,44 434,00M 202,16M 35.524 
 BBAS3 BRASIL ON 32,69 -0,55 380,13M 329,44M 28.927 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 105,09 -3,90 345,58M 178,44M 14.726 
 LREN3 LOJAS RENNERON 30,12 -0,89 309,36M 127,52M 24.560 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Notícias do dia

O noticiário eleitoral segue agitado. De acordo com o jornal O Globo, pesquisa presidencial com o nome de João Doria preocupa aliados de Geraldo Alckmin. A pesquisa registrada na Justiça Eleitoral pelo Instituto Ipsos na última quarta-feira vai medir a aprovação e o grau de conhecimento de Doria e Alckmin, entre outros presidenciáveis, e pessoas que sequer são filiadas a partidos políticos, como os ministros do Supremo Gilmar Mendes e Cármen Lúcia e o juiz Sergio Moro.

Ainda de acordo com jornal, a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin a presidente ainda não convenceu possíveis aliados, e gera desconfiança até no PSDB. Com isso, partidos do “centrão” vêm apostando em outro outsider, o empresário Josué Alencar, para disputar o Planalto. Filho do ex-vice-presidente de Lula, José Alencar, Josué, filiado ao PR, também é cobiçado para vice de Ciro Gomes (PDT).

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.