Os 3 fatores que explicam o dólar atingir R$ 3,78 e a Bolsa cair mais de 3 mil pontos na semana

Aumento da percepção do risco, decisão inesperado do Copom e perda de força das commodities estão por trás do movimento

Rafael Souza Ribeiro

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Para quem estava esperando por um alívio para o Ibovespa após recuar 3,37%, o pregão desta sexta-feira (18) está sendo frustrante. Isso porque, às 13h04 (horário de Brasília), o índice amargava queda de 1,82%, em uma correção de 3.180 pontos na semana. Ao mesmo tempo, o dólar não para de subir e desde segunda-feira (14) subiu R$ 0,14, atingindo na máxima de hoje a faixa de R$ 3,78. Por trás disso, 3 fatores podem explicar esse desempenho: i) aumento do risco; ii) decisão inesperada do Copom e; iii) perda de força das commodities.

No primeiro caso, o aumento da percepção de risco vem sendo guiado especialmente pela disparada dos Treasuries. Os títulos do governo dos EUA com vencimento de 10 anos deixaram para trás a emblemática região de 3% e atingiram 3,13% nesta manhã, a maior cotação desde julho de 2011, com o mercado cada vez mais convicto que o Fed irá acelerar o processo de alta de juros em vista da forte alta do petróleo, importante componente de inflação. Em função da segurança que os títulos oferecem, os Treasuries normalmente têm sua demanda elevada em períodos de maior instabilidade e sua alta acaba reduzindo o apetite dos investidores por ativos de risco, o que gera uma “troca de mão” dos investidores, que vão em busca dos “títulos mais seguros do mundo”. Deste processo que podemos explicar a alta do dólar.

Somente neste mês, a divisa norte-americana sobe 6% frente ao Real, acumulando valorização de 11% em 2018, mas esse efeito não é exclusividade do Brasil. Pelo mundo, a moeda está apreciada e justamente essa fuga para os Treasuries que está por trás. Não bastasse os efeitos internacionais, os riscos domésticos como as incertezas com as eleições, assim como o menor interesse pelo carry trade, também contribuem para a alta do dólar. 

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No caso da forte queda do Ibovespa, o aumento do risco, expurgado pela disparada dos juros futuros, também está ligada à decisão inesperada do Copom em manter a Selic em 6,50% na quarta-feira (16). A decisão do BC “deixou na mão” muitos investidores, pois, uma semana antes, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deixou bem sinalizado que o BC coordenaria sua decisão pela inflação, que segue bem comportada, como pelo ritmo da atividade econômica, que pela retração de 0,13% do IBC-Br no primeiro trimestre denota que ainda havia espaço para seguir com o alívio monetário.

A falha de comunicação do BC gerou uma corrida no mercado de juros, com os investidores precisando correr para ajustarem suas posições. Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 disparam 36 pontos-base nesta semana, cotados aos 6,68%, enquanto com os contratos de 2021 sobem 50 pontos no mesmo período, aos 8,86%. Como os juros são utilizados nos modelos de precificação de ações como um componente de risco, a escala dos ativos reduz o potencial de valorização das ações, o que, por sua vez, reduz o apetite pelo risco.

Para completar, a Bolsa brasileira perdeu força em compasso com as commodities. Depois de supera a faixa de US$ 80 o barril em Londres nesta semana, o petróleo acomodou-se nos últimos dias e inclusive hoje recua, retornando para US$ 79,00. Isso afeta diretamente o comportamento do Ibovespa, pois, como revelou estudo do BTG Pactual, a manutenção do mercado próximo ao topo histórico deve-se ao desempenho das ações da Petrobras e Vale. Desde a máxima histórica cravada em fevereiro nos 88.317 pontos, o Ibovespa recuou 6% em Reais, mas se excluirmos o desempenho das ações da Petrobras e Vale do índice, ou seja, que juntas correspondem por 25% de participação, o mercado teria recuado cerca de 15%.

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Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações do setor varejo, que seguem em queda em processo de ajuste após o Copom manter a Selic em 6,50% ao ano. Na ponto positiva, as ações da Suzano sobem forte em linha com o movimento de alta do dólar.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 13,48 -4,74 -7,67 3,74M
 BRFS3 BRF SA ON 21,01 -4,50 -42,60 4,99M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 25,76 -3,95 +25,66 5,94M
 VVAR11 VIAVAREJO UNT N2 24,65 -3,79 +0,86 3,90M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 17,35 -3,77 +2,23 6,29M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 46,40 +4,46 +149,46 25,97M
 JBSS3 JBS ON 9,43 +1,51 -3,36 5,67M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 53,84 +1,36 -27,37 5,61M
 FIBR3 FIBRIA ON 71,59 +1,34 +50,62 4,79M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 22,34 +0,86 +28,99 3,63M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

IMTV

O programa Conexão Brasília desta semana recebe Paulo Gama, analista político da XP Investimentos. Na pauta, a possível formação de uma coalizão de centro-esquerda em torno do nome de Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial e as dificuldades de Geraldo Alckmin (PSDB) em se apresentar como candidato viável. O bate-papo é ao vivo, a partir das 14h45 (horário de Brasília). Confira a grade completa da IMTV clicando aqui

Notícias do dia

O noticiário eleitoral segue agitado. De acordo com o jornal O Globo, pesquisa presidencial com o nome de João Doria preocupa aliados de Geraldo Alckmin. A pesquisa registrada na Justiça Eleitoral pelo Instituto Ipsos na última quarta-feira vai medir a aprovação e o grau de conhecimento de Doria e Alckmin, entre outros presidenciáveis, e pessoas que sequer são filiadas a partidos políticos, como os ministros do Supremo Gilmar Mendes e Cármen Lúcia e o juiz Sergio Moro.

Ainda de acordo com jornal, a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin a presidente ainda não convenceu possíveis aliados, e gera desconfiança até no PSDB. Com isso, partidos do “centrão” vêm apostando em outro outsider, o empresário Josué Alencar, para disputar o Planalto. Filho do ex-vice-presidente de Lula, José Alencar, Josué, filiado ao PR, também é cobiçado para vice de Ciro Gomes (PDT).

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