Sell in may and go away: ficar comprado em Bolsa no mês de maio pode ser um mau negócio

Saída dos "gringos" para as férias reduz a liquidez e gera mair volatilidade no mercado

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Chegou o mês de maio e com ele a velha máxima do Sell in may and go away (venda em maio e vá embora, na tradução livre) volta à tona entre os investidores e traders. De modo que, com a forte queda do Ibovespa nos últimos dias, nunca essa profecia fez tanto sentido. 

Basicamente, a estratégia consiste em zerar as posições compradas em ações em maio e recomprar em meados de novembro, evitando, assim, o período de baixa liquidez (e maior volatilidade) no período de férias de verão no hemisfério Norte, ou seja, quando os investidores estrangeiros vendem suas posições para ficarem tranquilos de férias. Vale sempre lembrar que os “gringos” representam 50% do volume negociado na Bolsa e por isso a importância de acompanhar seu fluxo.

Pode parecer algo banal ou até mesmo supersticioso, mas, olhando o histórico do Ibovespa, ficar comprado na Bolsa brasileira em maio definitivamente não é uma boa estratégia. Nos últimos 10 anos, o índice subiu somente em duas oportunidades: 

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> 2008 (+6,96%): euforia com o Grau de Investimento do Brasil pelas agências de classificação de risco;

> 2009 (+12,49%): recuperação do mercado depois do crash das bolsas em vista da crise do subprime;

De 2010 até 2017, ficar comprado em maio não foi uma estratégia vencedora, principalmente no ano de 2012, quando o índice recuou 11,86% com os investidores preocupados com o rumo das contas do governo em vista das políticas de estímulos adotadas pela ex-presidente Dilma Rousseff. Clique na imagem e confira:

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Fonte: Terminal Bloomberg

E para 2018?

Os dois pregões de maio sugerem que a profecia do Sell in may and go away deve ser realizada neste ano e alguns fatores serão vitais para isso. Em termos gráficos, o Ibovespa segue acumulando entre a faixa de 87 e 83 mil pontos, ao passo que a perda deste último patamar (suporte de curto prazo do mercado) abrirá caminho para o fundo cravado em fevereiro deste ano na região de 81 mil pontos.

Do lado da economia internacional, as sinalizações do Fed sobre o rumo dos juros serão fundamentais para o futuro do mercado. Na sua última reunião, realizada na última quarta-feira (2), os membros do comitê alertaram que a inflação deve atingir a meta de 2% em breve, mas não mostraram uma enorme preocupação com o fato, ou seja, o BC dos EUA está preocupado com a inflação, mas não está alarmado com o fato, o que não justifica neste momento aumentar o ritmo de aumento dos juros. Por isso, o investidor deve ficar de olhos abertos para os indicadores econômicos dos EUA neste mês, pois uma sequência de dados acima do esperado pode mudar a percepção do mercado e elevar a probabilidade de quatro aumentos este ano ao invés de três.

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Além disso, vale a pena acompanhar o desfecho das negociações comerciais entre China e EUA, que mais uma vez está em pauta. Uma delegação de autoridades norte-americanas, com a presença de Wilbur Ross (Secretário do Comércio) e de Steven Mnuchin (Secretário do Tesouro), estão na China com a difícil missão de tentar resolver os recentes conflitos comerciais entre Washington e Pequim. Na noite de ontem, o governo chinês disse que não vai concordar com condições prévias que incluam o abandono de seu programa de incentivo industrial e não irá concordar em reduzir o déficit comercial para um valor fixo.

Por aqui, a grande questão está por conta do dólar. Depois do dólar comercial subir de 6% em abril e superar a faixa de R$ 3,50, o Banco Central decidiu agir para amenizar a disparada da moeda. A autoridade monetária iniciou nesta quinta-feira (3) a rolagem dos swaps cambiais programados para vencer no começo de junho e informou que irá ofertar uma quantidade de contratos superior à necessária para a rolagem integral do vencimento, ou seja, haverá maior oferta de dólares no mercado futuro para atender a demanda dos investidores que estão em busca da moeda. Foram ofertados 8.900 contratos de swap cambais e se o BC mantiver o ritmo da oferta até o fim do mês oferecerá US$ 8,4 bilhões ao mercado, US$ 2,8 bilhões a mais do que o próximo vencimento de swaps de US$ 5,65 bilhões.

A combinação de um Federal Reserve mais tolerante com a inflação e menos propenso em acelerar o ritmo de aumento da taxa de juros, com o dólar comportado e o BC de fato atuante para frear a disparada da moeda, além da manutenção dos 83 mil pontos, pode anular a escrita que maio será de queda para o Ibovespa.

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