Primeira semana de maio será decisiva para o rumo do mercado; entenda por quê

SÃO PAULO – Deixando de lado o otimismo do mercado internacional, o Ibovespa registrava queda de 0,25%, aos 86.234 pontos, às 13h08 (horário de Brasília), com o índice mais uma vez esbarrando na faixa de 87 mil pontos. Como vimos na última sexta-feira (27), essa resistência está segurando o índice e seu rompimento em maio será o gatilho para o mercado ir buscar o topo histórico em 88.317 pontos. Por isso, todo trader deve acompanhar deve estar muito atento para a agenda econômica desta semana, pois deve definir o rumo do mercado.

A alta dos Treasuries de 10 anos no final deste mês, que foram testar a faixa de 3% pela primeira vez em 4 anos, foi um dos motivos que seguraram o índice sob a faixa de 87 mil pontos e os rendimentos dos títulos serão mais uma vez tema nesta semana. Isso porque, às 15h00 da quarta-feira (2) teremos a decisão de política monetária do Fed. Com relação aos juros, expectativa pela manutenção no patamar atual de 1,50% e 1,75%, sendo que a grande expectativa está por conta das sinalizações sobre o rumo da economia.

Caso o BC norte-americano siga com o tom otimista sobre o rumo da economia, que deu bom sinal na semana passada com o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA crescendo 2,3% no primeiro trimestre do ano e superando a expectativa do mercado (+2%), como sinalize por uma aceleração da inflação, o mercado deverá elevar a probabilidade de aumento dos juros de 3 para 4 vezes este ano, o que implicaria em uma nova escalada dos Treasuries e menor aversão ao risco.

Para completar essa semana que promete ser decisiva para o rumo dos mercados, na sexta-feira (4) será publicado às 9h30 o Relatório de Emprego referente ao mês de abril. Os analistas projetam uma aceleração no número de vagas criadas de 103 mil para 200 mil postos de trabalhos, mas as atenções estarão concentradas no desempenho ao ritmo do ganho médio por hora trabalhada, com expectativa de manutenção em 0,3%. O mercado estará de olho no indicador uma vez que um percentual acima do esperado mostrará uma possível aceleração da inflação.

Agenda interna

Por aqui, os destaques ficam para a divulgação dos dados da produção industrial de março e os números de política fiscal do mesmo mês divulgados pelo Banco Central. Há uma expectativa otimista em relação à indústria, que deve apresentar crescimento tanto na margem como em relação a março de 2017, avalia a GO Associados: o número será revelado na quinta-feira às 9h pelo IBGE. 

O Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, deve retomar na quarta-feira (2) o julgamento sobre a restrição ao foro por prorrogativa de função, conhecido como foro privilegiado, para deputados e senadores. Até o momento, há maioria de oito votos a favor do entendimento de que os parlamentares só podem responder a um processo na Corte se as infrações penais ocorreram em razão da função e cometidas durante o mandato. Caso contrário, os processos deverão ser remetidos para a primeira instância da Justiça.

O mercado também deve seguir monitorando noticiário sobre delação do ex-ministro Antonio Palocci, sobretudo diante do risco, já apontado em algumas reportagens, de ele citar bancos ou demais companhias em suas revelações. Agora, contudo, o foco se deu por enquanto sobre as relações das empreiteiras com políticos do PT e a forma como Lula e Dilma se envolveram nas tratativas que resultaram em um prejuízo de cerca de R$ 42 bilhões aos cofres da Petrobras, segundo O Globo. Os ex-presidentes negam as acusações. 

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações BRF, que devolvem parte dos ganhos de 20% registrados nas últimas duas semanas, enquanto os papéis da Smiles sobem na expectativa pela eleição do conselho de administração via voto múltiplo, o que dá mais força aos minoritários (veja mais aqui).

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Noticiário político

Em destaque no noticiário do dia, está o cancelamento da viagem do presidente Michel Temer à Ásia. Esta é a segunda vez que Temer cancela a visita que faria a países da região. Em janeiro, ele desistiu de viajar por recomendação médica. A decisão de Temer permanecer no País ocorre no momento em que as investigações sobre o inquérito dos portos avança sobre familiares do presidente. Na próxima quinta-feira, uma das filhas de Temer, Maristela, vai prestar depoimento no inquérito que apura as suspeitas de corrupção em empresas do setor portuário. As suspeitas dos investigadores é de que uma reforma na casa dela tenha sido utilizada para lavar dinheiro de propina destinada ao emedebista. Porém, a justificativa oficial é de que Temer optou por ficar no Brasil para não comprometer a votação de “temas importantíssimos no Congresso”.

O noticiário eleitoral também chama a atenção, com a possibilidade de uma aliança entre Geraldo Alckmin e o MDB de Temer na eleição presidencial ter assustado os correligionários e conselheiros do governador de SP, segundo aponta a colunista Mônica Bergamo, da Folha. Eles acham que a união pode ser um abraço dos afogados já que as rejeições que o eleitorado tem de ambos desaguariam no governador. 

Atenção ainda para a repercussão do ataque a tiros na madrugada de sábado (28) ao acampamento onde apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazem vigília desde sua prisão, em Curitiba, e que deixou duas pessoas feridas, de acordo com a coordenação do movimento. A Polícia Militar de Curitiba confirmou a ocorrência de tiros na região e informou que o caso está em investigação. Ainda sobre o petista, em memoriais aos integrantes da Segunda Turma do STF, a defesa do ex-presidente reforçará argumentos a favor do entendimento de que o caso do tríplex, que levou à sua prisão, ainda não acabou na segunda instância.

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