Emergentes podem sofrer virada após relativa calmaria

Tensão comercial e expectativa de menor crescimento são os fatores que podem pesar sobre os mercados

Bloomberg

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Até agora, os ativos de países emergentes suportaram bem a volatilidade dos mercados em 2018. Mesmo assim, alguns investidores estão aproveitando a ocasião para aplicarem maior seletividade, diante de desafios que incluem tensões comerciais e a redução dos estímulos dos bancos centrais.

“Agora podemos descartar o tema ‘crescimento global sincronizado’, que dominava no começo do ano”, disse Jinha Kim, responsável por renda fixa global, em Seul, da Mirae Asset Global Investments, uma das maiores gestoras de recursos da Coreia do Sul. A firma diminuiu para peso neutro suas posições em moedas e títulos de países emergentes e se decidiu especificamente por uma alocação desproporcionalmente menor em ativos do México e Turquia.

Para Kim, as tensões comerciais após atitudes protecionistas do presidente americano, Donald Trump, tornaram preocupantes as perspectivas de crescimento dos emergentes.

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Analistas da Nomura Holdings, liderados por Rob Subbaraman, em Cingapura, listaram as tensões comerciais como um dos quatro potenciais gatilhos para “um grande movimento de redefinição dos prêmios de risco dos mercados emergentes, provocando uma dolorosa reversão súbita de direção”, de acordo com relatório enviado a clientes recentemente. Estes são os outros três potenciais gatilhos citados no texto:

* Perdas no mercado de títulos nos EUA, que diminuiriam o incentivo para buscar outras moedas para obter prêmios de rendimento

* Redução das medidas de estímulo quantitativo por bancos centrais de economias desenvolvidas. De modo agregado, EUA, zona do euro, Japão e Reino Unido iniciarão um aperto quantitativo no quarto trimestre, o que pode reverter os fluxos para ativos mais arriscados, na visão da Nomura

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* Desaquecimento econômico na China, causado por programas oficiais para diminuir a poluição e os riscos financeiros, que teriam efeitos mais duros nos países emergentes via comércio internacional e preços de commodities.

“É sabidamente difícil especificar o momento de uma virada de direção nos mercados emergentes, quanto mais o gatilho” disso, escreveram os analistas da Nomura, acrescentando que o mais provável seria o terceiro trimestre de 2018. O relatório mencionou entre as nações menos vulneráveis Chile, Hungria, Polônia e Tailândia, enquanto Turquia, Hong Kong, México e Malásia seriam os mais expostos.

A economia chinesa segue firme. De acordo com dados oficiais divulgados nesta terça-feira, o PIB se expandiu 6,8 por cento no primeiro trimestre, na comparação com um ano antes. No entanto, não há sinais de alívio no conflito com os EUA e Trump acusa a China de depreciar a taxa de câmbio.

Não é consenso que os países emergentes estejam particularmente vulneráveis. Para Hideo Shimomura, principal gestor de fundos da Mitsubishi UFJ Kokusai Asset Management, em Tóquio, o descasamento entre os ciclos de crédito do mundo desenvolvido e das nações em desenvolvimento pode ajudar. Na opinião dele, os investidores podem sair dos mercados de crédito de países desenvolvidos em vez de se livrar dos ativos de regiões emergentes com sólidas perspectivas de crescimento, como Sudeste Asiático e Leste Europeu.

Países com grandes déficits em conta corrente (que dependem da entrada de recursos estrangeiros) e aqueles que oferecem pouco prêmio aos investidores podem ser os mais testados caso problemas mundiais se intensifiquem.

“Temos uma postura menos construtiva em relação a determinadas moedas asiáticas, como as de Taiwan e Tailândia, por causa dos preços, e em relação a locais que oferecem menor folga em termos de spread para compensar rendimentos maiores”, explicou Jens Nystedt, gestor sênior de carteiras, em Nova York, da Emso Asset Management, que supervisiona US$ 6,2 bilhões. “Continuamos enxergando valor em títulos em moeda local do Brasil, México, África do Sul e Colômbia, frequentemente contemplando a exposição cambial.”