Ibovespa ignora otimismo do exterior e recua mais de 1%; dólar dispara e atinge R$ 3,40

Receios sobre o cenário eleitoral e expectativa por julgamento no STF pressionam o índice

Rafael Souza Ribeiro

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Deixando de lado o bom humor do mercado internacional, o Ibovespa intensificou as perdas no começo de tarde desta segunda-feira (9) e às 13h52 (horário de Brasília) recuava 1,31%, aos 83.710 pontos, ao mesmo tempo em que o dólar comercial subia 1,16%, atingindo a faixa de R$ 3,40, retornando para os níveis vistos em dezembro do ano passado.

Esse descolamento em relação ao mercado internacional, em especial as bolsas norte-americanas, que sobem mais de 1%, deve-se aos receios dos investidores com o cenário político, cada vez mais pulverizado, assim como à possibilidade de STF (Supremo Tribunal Federal) julgar na próxima quarta-feira (11) ação sobre prisão após segunda instância.

Nesta semana, as atenções se voltam mais uma vez para o Supremo, em meio às indicações do ministro Marco Aurélio de que pode levar em mesa, na próxima quarta-feira, discussão de pedido de liminar que pretende rever a decisão da Corte que autoriza a prisão após o fim dos recursos na segunda instância. No requerimento de liminar, o PEN (Partido Ecológico Nacional) pediu que o magistrado em decisão monocraticamente, conceda a liberdade de condenados que ainda possam recorrer às instâncias superiores. O resultado da nova votação pode afetar a situação de Lula.

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Caso o requerimento do partido prospere a incógnita é, mais uma vez, o voto da ministra Rosa Weber. Em seu voto na última quarta, ela afirmou que, no caso concreto, aplica a jurisprudência atual da Corte, embora o entendimento fosse contrário à sua posição pessoal. Segundo o Valor, espera-se que, analisando o caso em abstrato, Rosa se manifeste contra a prisão após segunda instância e, assim, forme-se um placar de 6 a 5 – desta vez, favorável à situação de Lula. Já segundo a Folha de S. Paulo, ela não é mais considerada voto certo contra a prisão em segunda instância.

Sobre as eleições, o quadro segue nebuloso mesmo com as menores chances de o ex-presidente participar da disputa em outubro, o que faz com que investidores adotem postura cautelosa. A situação mais adversa de Lula não garante o êxito de um candidato pró-reformas econômicas desejado pelo mercado. Além disso, a possível rediscussão da jurisprudência que permite a prisão após condenação em segunda instância pelo STF mantém aberta possibilidade de reversões.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, lideram os ganhos no dia as ações da Marfrig (MRFG3). A companhia deve assumir o controle do frigorífico norte-americano National Beef, após concordar em adquirir uma participação de 48% na companhia, detida atualmente pela Leucadia National, por cerca de US$ 900 milhões. A brasileira também comprará outros 3% do frigorífico de outros acionistas. Na ponta negativa, chama atenção a queda das instituições financeiras, com Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) liderando as perdas.

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 18,97 -6,55 -1,91 94,23M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 22,45 -4,87 -1,10 49,23M
 BBDC3 BRADESCO ON EJB 32,59 -3,55 +12,05 49,60M
 BBAS3 BRASIL ON 39,31 -3,37 +24,49 132,72M
 BRFS3 BRF SA ON 21,62 -3,31 -40,93 93,39M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 7,27 +16,88 -0,68 44,80M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,43 +1,59 -4,07 36,93M
 BRKM5 BRASKEM PNA 47,11 +1,49 +9,89 40,54M
 CIEL3 CIELO ON 20,42 +0,99 -11,68 101,99M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 23,36 +0,47 +10,13 183,94M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Agenda doméstica da semana

No Brasil, a agenda da semana reserva, entre os principais dados, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de março, na terça-feira (10) às 9h (horário de Brasília), que segundo a GO Associados deve subir 0,13%, com o acumulado em 12 meses ficando em 2,72%.

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“A inflação de março deve mostrar ausência de pressões relevantes”, explicam os analistas, citando os dados de alimentos com uma ligeira deflação, assim como os transportes. “Em suma, o IPCA de março continuará mostrando um cenário inflacionário confortável em 2018”, conclui a GO Associados.

Na quinta-feira (12), também às 9h, o IBGE divulga a Pesquisa Mensal de Comércio de fevereiro, com expectativa de alta de 0,9% no conceito restrito (não inclui automóveis e materiais de construção) e de 0,7% no ampliado, em relação ao mês de janeiro. “O resultado do varejo deve manter a percepção de recuperação gradual da economia, amparado na melhora das condições de consumo das famílias”, afirmam os analistas da GO.

Destaques internacionais

Na agenda de indicadores, nos EUA, os dados de inflação ao produtor, marcado para amanhã, e ao consumidor, para quarta-feira (11), além da divulgação da ata do Fomc, no mesmo dia, são os principais eventos da semana.

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“Todos os indicadores têm a função de auxiliar o mercado a calibrar as perspectivas para a dinâmica recente da inflação no país e o ritmo de altas de juros pelo Fomc ao longo do ano”, explica a GO Associados. Por ora, sinais de que a inflação americana ainda não está pressionada excessivamente pelo crescimento econômico têm evitado apostas em altas mais drásticas dos juros do Fed.

Na China, além de potenciais retaliações às tarifas de Trump, saem CPI, PPI e balança comercial. Na Europa, Draghi fala no dia 11, mesmo dia em que Kuroda, do Banco Central do Japão, faz discurso.

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