Medida do BC impulsiona bancos e libera R$ 25,7 bi no sistema – mas principal objetivo será cumprido?

Analistas têm visões diferentes sobre impacto da redução no compulsório sobre spreads 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na noite da última quarta-feira (28), o Banco Central fez mais um anúncio bastante importante com a intenção de remover as ineficiências do mercado e que, “de quebra”, deve libera R$ 25,7 bilhões no sistema financeiro, o que beneficia algumas ações na bolsa. 

O BC reduziu as alíquotas de recolhimento dos depósitos compulsórios à vista e de poupança exigidos das instituições financeiras. A alíquota para os depósitos à vista foi reduzida de 40% para 25%. Já a alíquota dos depósitos da poupança foi reduzida de 24,5% para 20% e, no caso da poupança rural, de 21% para 20%. 

De acordo com o Banco Central, as alterações nas regras do recolhimento sobre recursos à vista propiciam a possibilidade de eliminar a assimetria de tratamento quanto aos depósitos de entes governamentais, otimizar a gestão do caixa com estímulos ao uso de instrumentos eletrônicos de pagamento e à interoperabilidade dos terminais ATM (caixas eletrônicos) e diminuir os custos para todo o sistema.

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Conforme destacam os analistas do Bank of America Merrill Lynch, a redução dos compulsórios é positiva, considerando que i) adiciona liquidez à economia em estágio inicial de recuperação e ii) reduz ineficiências do sistema, suportando um ambiente de taxas mais baixas por mais tempo. 

Além disso, o BofA ressalta ainda que a medida pode melhorar a rentabilidade dos bancos,uma vez que os depósitos compulsórios sobre depósitos à vista não são remunerados. Assim, as instituições podem então repassar os benefícios ao cliente final na forma de menores spreads (diferença entre o custo de captação de um banco e a taxa de juros cobrada do cliente) de crédito. 

Nesse cenário, os grandes bancos de varejo, como Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4), devem se beneficiar mais, o que justifica a alta dos papéis na sessão desta sexta-feira. 

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Porém, mais a longo prazo, a medida pavimenta o caminho para um ambiente mais baixo para a taxa de juros no longo prazo. “A remoção das ineficiências do sistema deve reduzir os custos operacionais e de transação dos bancos, abrindo caminho para spreads de crédito sustentáveis ??no sistema, suportando um ambiente de taxa de juros de um dígito por mais tempo”, afirma o BofA.

Já para a LCA,  o impacto no custo do crédito será modesto, assim como para o economista da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa: “BC cria condições para spread cair, mas não necessariamente cairá. Como cairá e em qual ritmo, é incerto. Compulsório é um dos componentes do spread, que reflete outros fatores, como inadimplência, risco do banco”. Segundo ele, o crédito não está patinando por iliquidez dos recursos, mas sim por falta de demanda das famílias, das empresas. 

O impacto da medida do BC sobre o spread bancário é incerto; contudo, os primeiros passos estão sendo dados e poderão ser sentidos mais na frente. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.