Dow Jones tem nova derrocada e puxa Ibovespa para a segunda semana seguida de queda

Índice tem novo recuo, mas novamente com perdas muito menores que as registradas em Wall Street

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Enquanto o mercado no exterior passou pelo segundo dia de pânico por conta de uma possível guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a bolsa brasileira mostra mais resistência e se descola desta pressão de Wall Street. Apesar disso, este temor dos americanos acabou pesando, levando o Ibovespa a registrar a segunda semana seguida de queda.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 0,46%, aos 84.377 pontos, encerrando a semana com perdas de 0,60%. O volume financeiro nesta sessão ficou em R$ 10,244 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, teve alta de 0,28%, cotado a R$ 3,3192 na venda. No exterior, o Dow Jones encerrou com queda de 1,4%, registrando sua pior semana desde janeiro de 2016.

As bolsas internacionais caíram forte novamente ainda refletindo o anúncio de que os EUA vão taxar em até US$ 60 bilhões os produtos chineses sob a alegação de “roubo” de propriedade intelectual. Horas depois do anúncio de Trump, a China anunciou um conjunto de retaliações que somaram US$ 3 bilhões em uma série de produtos norte-americanos, como carne de porco e alumínio reciclado, mas há expectativa de que mais medidas serão anunciadas em breve.

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Ainda falando sobre os EUA, o Senado aprovou um pacote orçamentário de US$ 1,3 trilhão, voltado a financiar o governo até outubro, que foi sancionado pelo presidente Donald Trump. O pacote eleva gastos nas Forças Armadas e em uma série de programas domésticos para o restante do ano fiscal, que vai até setembro.

Lula ganha tempo

O noticiário dos jornais desta sexta-feira tem como destaque a repercussão sobre a liminar concedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) impedindo a prisão de Lula até o julgamento do habeas corpus na Corte no dia 4 de abril. A decisão de conceder uma liminar para evitar a prisão do ex-presidente até que termine o julgamento do habeas corpus foi uma grande vitória para a defesa do petista, conforme afirmou o analista político da XP Investimentos, Richard Back. Segundo ele, foi uma decisão “não usual” que acabou dando uma “ponte” de mais 15 dias para o ex-presidente.

“Para quem iria ter o cliente preso na terça-feira, ganhar quase 15 dias é, sim, um bom resultado”, afirmou o analista político. Richard disse que esta decisão foi resultado direto da mudança que Lula fez para qualificar sua defesa, colocando Sepulveda Pertence e, no caso do julgamento de hoje, José Roberto Batochio, na liderança do caso. Apesar da decisão ser comemorada publicamente pelo PT, o Valor Econômico informa que integrantes do partido não se animaram  tanto assim. Dirigentes da legenda estão cautelosos em relação à retomada do julgamento, com uma eventual decisão desfavorável a Lula.

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Veja mais: O que acontece agora? 10 respostas sobre a situação de Lula após o “alívio” dado pelo STF

IPCA-15 fica abaixo do esperado

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,38% para 0,10% na passagem de fevereiro para março, enquanto os analistas de mercado esperavam avanço de 0,11%. Essa foi a menor variação desde março de 2000, quando foi registrada inflação de 0,09%.

Em comparação ao visto em março de 2017, o índice passou de 2,86% para 2,80%, também abaixo da expectativa (+2,82%), comprovando que a inflação segue comportada e permanece abaixo do piso da meta de inflação de 3%.

Ibovespa tem força para subir?

Agora, o trader deve ficar de olho em 85.500 pontos, pois o rompimento do patamar irá liberar o mercado para a faixa de 87 mil pontos, retomando o viés de alta principal.

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A surpresa do comunicado do Copom na última quarta-feira deu ainda mais confiança para Marcio Appel, sócio-fundador da Adam Capital, quanto ao rumo do mercado de ações brasileiro. Em palestra no XP Investor Day, um dos mais respeitados gestores de fundos do país reforçou seu call dito com exclusividade ao InfoMoney e acredita que o Ibovespa irá atingir os 160 mil pontos no prazo de um ano. “Acho razoável o Ibovespa dobrar em 12 meses, dado o novo cenário de juros real muito baixo por muito tempo e o baixo nível de alocação dos fundos em bolsa”, afirmou. 

Para chegar nos 160 mil pontos, Appel leva em conta o upside de 21 mil pontos derivado da queda da Selic e mais 54 mil pontos da normalização do lucro das empresas, que soma-se ao patamar médio que o índice tem se mantido nos últimos meses na faixa de 85 mil pontos.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.