Só o Copom salva: por que o mercado ainda sustenta os 84.000 pontos mesmo com a onda de notícias negativas?

Perspectiva de queda da Selic sustenta o bom humor do mercado

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Guerra comercial entre EUA e China, desfecho inesperado do Habeas Corpus de Lula no STF (Supremo Tribunal Federal), venda maciça dos investidores estrangeiros em março e correção das principais bolsas internacionais. Sem dúvidas, a onda de notícias negativas nesta semana assusta qualquer investidor, mas o Ibovespa resiste e permanece sobre a faixa de 84.000 pontos, seu principal suporte de curto prazo. Assim, fica a pergunta: com tantas notícias negativas, o que está segurando o mercado? A resposta está na expectativa de queda da Selic e o upside das ações.

Na última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou a Selic em 25 pontos-base, para 6,50% ao ano, e surpreendeu boa parte do mercado com seu comunicado, onde praticamente cravou que irá reduzir os juros novamente em maio. Com essa surpresa, os economistas correram para revisar suas projeções para a Selic, projetando manutenção da taxa nos níveis atuais ao longo de 2019, e os analistas para atualizar os modelos. Como a taxa de juros é um parâmetro de risco, uma queda adicional gera um ajuste para cima dos múltiplos, ou seja, maior upside para as ações. Prova disso foi o comportamento do Ibovespa ontem, com o índice encerrando em queda de 0,25%, enquanto Dow Jones desmanchou 3%.

Nesta sexta-feira (23), temos mais um exemplo da resiliência do Ibovespa com relação aos 84 mil pontos e essa percepção que ainda há upside para o mercado em vista da perspectiva de queda da Selic. Às 11h06 (horário de Brasília), o índice operava praticamente estável, ao passo que os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 registravam queda de 2 pontos-base, cotados a 6,23% e 8,05%, respectivamente. Agora, o trader deve ficar de olho em 85.500 pontos, pois o rompimento do patamar irá liberar o mercado para a faixa de 87 mil pontos, retomando o viés de alta principal.

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A surpresa do comunicado na última quarta-feira deu ainda mais confiança para Marcio Appel, sócio-fundador da Adam Capital, quanto ao rumo do mercado de ações brasileiro. Em palestra no XP Investor Day, um dos mais respeitados gestores de fundos do país reforçou seu call dito com exclusividade ao InfoMoney e acredita que o Ibovespa irá atingir os 160 mil pontos no prazo de um ano. “Acho razoável o Ibovespa dobrar em 12 meses, dado o novo cenário de juros real muito baixo por muito tempo e o baixo nível de alocação dos fundos em bolsa”, afirmou. 

Para chegar nos 160 mil pontos, Appel leva em conta o upside de 21 mil pontos derivado da queda da Selic e mais 54 mil pontos da normalização do lucro das empresas, que soma-se ao patamar médio que o índice tem se mantido nos últimos meses na faixa de 85 mil pontos.

IPCA-15 fica abaixo do esperado

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,38% para 0,10% na passagem de fevereiro para março, enquanto os analistas de mercado esperavam avanço de 0,11%. Essa foi a menor variação desde março de 2000, quando foi registrada inflação de 0,09%.

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Em comparação ao visto em março de 2017, o índice passou de 2,86% para 2,80%, também abaixo da expectativa (+2,82%), comprovando que a inflação segue comportada e permanece abaixo do piso da meta de inflação de 3%.

Guerra comercial em foco

As bolsas internacionais recuam nesta manhã ainda refletindo o anúncio de que os EUA vão taxar em até US$ 60 bilhões os produtos chineses sob a alegação de “roubo” de propriedade intelectual. Horas depois do anúncio de Trump, a China anunciou um conjunto de retaliações que somaram US$ 3 bilhões em uma série de produtos norte-americanos, como carne de porco e alumínio reciclado, mas há expectativa de que mais medidas serão anunciadas em breve.

Ainda falando sobre os EUA, o Senado aprovou um pacote orçamentário de US$ 1,3 trilhão, voltado a financiar o governo até outubro. O texto segue para sanção do presidente dos EUA, Donald Trump. O pacote eleva gastos nas Forças Armadas e em uma série de programas domésticos para o restante do ano fiscal, que vai até setembro.

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Lula ganha tempo

O noticiário dos jornais desta sexta-feira tem como destaque a repercussão sobre a liminar concedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) impedindo a prisão de Lula até o julgamento do habeas corpus na Corte no dia 4 de abril. A decisão de conceder uma liminar para evitar a prisão do ex-presidente até que termine o julgamento do habeas corpus foi uma grande vitória para a defesa do petista, conforme afirmou o analista político da XP Investimentos, Richard Back. Segundo ele, foi uma decisão “não usual” que acabou dando uma “ponte” de mais 15 dias para o ex-presidente.

“Para quem iria ter o cliente preso na terça-feira, ganhar quase 15 dias é, sim, um bom resultado”, afirmou o analista político. Richard disse que esta decisão foi resultado direto da mudança que Lula fez para qualificar sua defesa, colocando Sepulveda Pertence e, no caso do julgamento de hoje, José Roberto Batochio, na liderança do caso. Apesar da decisão ser comemorada publicamente pelo PT, o Valor Econômico informa que integrantes do partido não se animaram  tanto assim. Dirigentes da legenda estão cautelosos em relação à retomada do julgamento, com uma eventual decisão desfavorável a Lula.

IMTV

Na InfoMoney TV, o programa Conexão Brasília desta semana recebe o economista Maurício Moura, fundador do IDEIA Big Data. Na pauta, o cenário presidencial e percepção do eleitor sobre os principais nomes apontados como candidatos. Também participa da transmissão Victor Scalet, da equipe de análise política da XP Investimentos. O programa é transmitido ao vivo, a partir das 14h45 (horário de Brasília). Veja a grade completa clicando aqui. 

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