Ibovespa “ignora” corte de rating e fecha acima de 87 mil pontos pela primeira vez na história

Agência de rating Fitch rebaixou a nota do Brasil de 'BB' para 'BB-' nesta sexta-feira (23), mas elevou a perspectiva de negativa para estável

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A notícia do corte de rating do Brasil teve impacto limitado no mercado, com investidores dando como esperado a decisão da Fitch. Após chegar a cair 0,63% logo após a informação ser anunciada, o Ibovespa se recuperou e virou para alta na última hora de pregão, alcançando assim sua oitava valorização consecutiva.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,70% – próximo da máxima do dia -, aos 87.293 pontos, renovando mais uma vez sua máxima histórica de fechamento. Com isso, o índice chegou a sua segunda semana seguida de alta, avançando 3,28%. O volume financeiro ficou em R$ 12,813 bilhões. 

O dólar, por sua vez, teve uma reação “explosiva” ao corte de rating, indo para a máxima do dia, em R$ 3,2463. Porém, minutos depois já passou a mostrar uma reversão e fechou com queda de 0,21%, cotado a R$ 3,2417 na venda.

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A agência de rating Fitch rebaixou a nota do Brasil de ‘BB’ para ‘BB-‘ nesta sexta-feira (23), elevando a perspectiva de negativa para estável. Em relatório, a agência destacou que a decisão de adiar a reforma da Previdência para depois das eleições foi um importante revés para a nota.

No dia 11 de janeiro, a Standard&Poor’s já tinha rebaixado a nota do Brasil de “BB” para “BB-“, em meio às dificuldades do governo para conseguir a aprovação da reforma da Previdência. No último dia 20, a própria Fitch já tinha alertado que o fracasso em aprovar a reforma da Previdência pressionava para o rebaixamento do rating soberano do Brasil.

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A Fitch destacou em relatório o fracasso com as reformas legislativas como um peso para a decisão de rebaixar o País. “O downgrade reflete persistentes e grandes déficits fiscais, um alto e crescente fardo da dívida pública e a falta de legislação sobre reformas que melhorariam o desempenho estrutural das finanças públicas”, diz a agência em nota.

Inflação e CMN no radar
Mais cedo, o mercado chegou a operar em alta com os novos dados de inflação. O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,39% para 0,38% na passagem de janeiro para fevereiro, ficando em linha com projeções dos analistas.

Em comparação ao visto em fevereiro de 2017, o índice passou de 3,02% para 2,86%, comprovando que a inflação segue comportada e retornando para abaixo da meta de inflação de 3%, fato que anima o mercado. Além disso, chamou atenção a deflação de 0,23% registrada pelo IPC-Fipe na terceira quadrissemana de fevereiro, a primeira desde setembro e muito abaixo da menor estimativa do mercado de -0,11%.

Em vista do resultado da inflação, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 5 pontos-base, cotados a 8,50%, da mesma forma que com vencimento em 2019 marcavam queda de 1 ponto, aos 6,58%.

Olhando para a ponta mais longa da curva, os contratos com vencimento em 2023 registravam queda de 12 pontos, aos 9,34%, refletindo, além da inflação, a medida do CMN (Conselho Monetário Nacional) sobre repactuação de títulos públicos.

Destaques do mercado

Do lado positivo, destaque para as ações da Magazine Luiza, que dispararam com resultado acima do esperado no quatro trimestre, o melhor número em base trimestral na história da companhia. Enquanto, isso, os papéis da BRF recuaram forte após mais um resultado decepcionante (veja mais aqui).

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 86,99 +6,84 +8,44 509,01M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 29,23 +4,58 +28,77 65,57M
 ELET3 ELETROBRAS ON 24,90 +4,23 +28,75 84,28M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,87 +3,90 -0,93 47,86M
 WEGE3 WEG ON 23,85 +3,74 -1,08 62,06M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON ATZ 28,40 -8,33 -22,40 863,28M
 CSAN3 COSAN ON 45,98 -2,34 +10,80 111,72M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,97 -2,01 +3,57 722,73M
 KROT3 KROTON ON 16,02 -1,78 -12,93 130,53M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 70,68 -1,56 +7,84 93,90M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 21,12 +1,83 1,17B 970,91M 36.636 
 BRFS3 BRF SA ON ATZ 28,40 -8,33 863,28M 153,25M 49.448 
 VALE3 VALE ON 46,08 +0,90 804,86M 813,32M 21.575 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDJ 53,00 +0,68 778,07M 929,88M 31.133 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,97 -2,01 722,73M 296,07M 32.350 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 86,99 +6,84 509,01M 95,99M 16.785 
 BBAS3 BRASIL ON 42,40 0,00 364,73M 449,11M 19.367 
 BBDC4 BRADESCO PN 40,47 +0,92 345,59M 547,18M 17.971 
 ITSA4 ITAUSA PN EX 13,63 0,00 311,36M 254,55M 25.456 
 PETR3 PETROBRAS ON 22,65 +2,58 292,90M 223,31M 21.599 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Conexão Brasília
Autorizada pelo Congresso Nacional nesta semana, a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro ainda alimenta muitas dúvidas sobre seus possíveis efeitos sociais e políticos de curto e médio prazos. Com a aproximação das eleições, cresceram as associações entre o episódio e a disputa pela sucessão do presidente Michel Temer.

Mas qual seria a eficácia da iniciativa adotada e o que se pode esperar para os próximos dias e meses? Como a nova agenda do governo interfere na vida dos cariocas e demais brasileiros, além da própria corrida ao Palácio do Planalto? Quais medidas recomendam os especialistas para o país efetivamente enfrentar os elevados níveis de violência em muitas regiões?

Para responder a essas e outras perguntas, o programa Conexão Brasília desta sexta-feira recebe Daniel Cerqueira, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), coordenador do Atlas da Violência e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Excepcionalmente nesta semana, a transmissão ao vivo ocorre às 16h40 e pode ser acompanhada pela InfoMoneyTV e pela página do InfoMoney no Facebook. Também participa do bate-papo o analista político Paulo Gama, da XP Investimentos.

Intervenção no Rio e cenário eleitoral

Ainda sobre o assunto, vale destacar a notícia da coluna Painel, da Folha de S. Paulo, de que Michel Temer de deu uma “tacada certeira” com a medida. A repercussão da ação acendeu uma luz amarela no PT, informa a coluna. Assim, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad, coordenador do programa de governo da sigla, vai se debruçar na formulação de propostas de combate ao crime e à violência até o início da caravana pelo Sul – veja mais clicando aqui. 

Sobre o cenário eleitoral, chama a atenção a entrevista do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, à rádio mineira Itatiaia na tarde de ontem. Ele reafirmou que está contemplando sua candidatura à presidência, destacando que sua decisão será tomada no final de abril, discurso que foi visto como um sinal claro sobre a sucessão presidencial, em uma medida para pressionar o presidente Temer a admitir candidatura. Segundo o Estadão, o ministro admite disputar presidência até contra Temer, afirmando que neste caso competição seria maior, enquanto a Folha aponta que o Meirelles consulta marqueteiros sobre eventual campanha presidencial, citando o nome de Duda Mendonça.

Vale destacar ainda que a Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta o presidente da Fecomércio do Rio, Orlando Diniz. A ação é um desdobramento da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Estado. Em dezembro do ano passado, Orlando Diniz foi afastado do Sesc/Senac, do Rio, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.