Inventor do índice do medo: “Eu não sei por que esses produtos existem”

O VIX, como é conhecido, dominou as conversas em Wall Street após o aumento recorde de segunda-feira, que levou muitos dos produtos atrelados a ele ao caos

Bloomberg

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(Bloomberg) — Há quinze anos, Devesh Shah ainda tinha 20 e poucos anos quando ajudou a criar o atual barômetro do medo do mercado de ações.

Era uma nova versão do Cboe Volatility Index, um indicador das oscilações de preços esperadas para o índice S&P 500. O VIX, como é conhecido, dominou as conversas em Wall Street após o aumento recorde de segunda-feira, que levou muitos dos produtos atrelados a ele ao caos.

Shah, que saiu do Goldman Sachs Group em 2010 e administra seus próprios recursos, conversou com a Bloomberg na terça-feira. Esta é uma transcrição ligeiramente editada.

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O que está passando pela sua cabeça hoje?

Todos sabiam que isto era um grande problema. Todos sabem que o Inverse VIX chegará a zero em algum momento e todos esses produtos inversos e alavancados, não apenas no VIX, mas também em outros lugares, no fim das contas custarão muito dinheiro às pessoas… E qual será o resultado disso? Nenhum, e daqui a alguns meses alguém inventará um novo XIV e todos começarão a colocar dinheiro nele. Tudo bem, é assim que o mundo funciona.

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Os órgãos reguladores deveriam fazer algo com os produtos varejistas do VIX?

Não consigo nem imaginar por que esses produtos existem. A quem eles beneficiam? A ninguém, exceto se alguém quiser apostar — então tudo bem, vai lá apostar… E quem ganhou dinheiro mesmo? Desde sua criação em 2009, o VXX caiu, não sei, 99 por cento, até mesmo depois deste movimento… É meio triste que esses produtos existam, mas é difícil impedir isso. Se você impedir, outra coisa vai aparecer. O bitcoin vai aparecer.

Se alguém lhe perguntar o que é o VIX, qual seria a sua resposta?

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É como a temperatura lá fora. No inverno ela vai estar muito baixa e no verão ela vai estar muito alta. Não é o índice do frio ou do calor, é só a temperatura. Isso só indica onde as coisas estão. Quando o mercado cai muito e as coisas estão ruins, logicamente o VIX vai subir. E vice-versa. Ele não diz nada sobre o futuro. E os futuros do VIX são apenas o passo seguinte nesse caminho — ou seja, apostas sobre qual vai ser a temperatura no futuro.

Isso poderia nos levar de volta a 2003?

O VIX era algo que as pessoas conheciam, sobre a qual elas falavam, que elas olhavam, e as pessoas tinham opiniões sobre o que fazer com o mercado de ações quando o VIX estava alto ou quando o VIX estava baixo. E eram apenas opiniões. Ao mesmo tempo, estava se abrindo uma grande base de investidores que queria especificamente fazer trading de volatilidade pelo bem da volatilidade… Portanto era um momento oportuno para uma nova invenção.

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–Com a colaboração de Luke Kawa

Versão em português: Taís Fuoco em São Paulo, tfuoco1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Max Abelson em N York, mabelson@bloomberg.net, Joe Weisenthal em N York, jweisenthal@bloomberg.net.

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Para entrar em contato com os editores responsáveis: Michael J. Moore, mmoore55@bloomberg.net, Dan Reichl

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