Acordo surpreendente, prejuízo menor da Usiminas e mais 4 balanços; governo acelera privatização da Eletrobras e outros destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (9)

Lara Rizério

Usina Hidrelétrica de Tucuruí *** Local Caption *** Comportas abertas da usina de Tucuruí

Publicidade

SÃO PAULO – O destaque do noticiário corporativo segue sendo a temporada de resultados corporativos, com destaque para Usiminas, IRB e Lojas Renner, além das notícias sobre a Eletrobras, que aprovou a privatização de seis distribuidoras da companhia, enquanto o governo tenta acelerar a sua privatização. Confira os destaques:

Eletrobras (ELET3; ELET6)

Os acionistas da Eletrobras aprovaram, em assembleia realizada na tarde de ontem, a privatização de 6 distribuidoras de energia administradas pela estatal e que ficam em estados do Norte e do Nordeste. Foram colocadas à venda: Amazonas Distribuidora de Energia; Boa Vista Energia; Centrais Elétricas de Rondônia; Companhia de Eletricidade do Acre; Companhia Energética de Alagoas; e Companhia de Energia do Piauí.

Eles aceitaram ainda a proposta de que a empresa assuma R$ 11,2 bilhões em dívidas das distribuidoras com a própria estatal, além de outros R$ 8,5 bilhões em créditos e obrigações que essas empresas têm com fundos do setor elétrico. Caso os R$ 8,5 bilhões acabem virando dívida, a Eletrobras assumirá um passivo de R$ 19,7 bilhões.

A assembleia de acionistas que analisou a privatização das distribuidoras começou com cerca de 3 horas de atraso, devido a um protesto contra a privatização da estatal.

Vale destacar que, segundo o Valor, o governo traçou uma estratégia com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para acelerar a votação do projeto de lei que prevê a privatização da companhia. Após a proposta passar pelo crivo da comissão especial, ganhará regime de urgência para seguir diretamente ao plenário. O relator, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), disse ao jornal que a expectativa do governo é que a proposta seja votada no plenário até abril, para então seguir ao Senado.

Quer investir em ações pagando só R$ 0,80 de corretagem? Clique aqui e abra sua conta

Usiminas (USIM5)

Depois de muita disputa, Ternium e Nippon Steel chegaram a um acordo para encerrar disputas ligadas à gestão da Usiminas, acertando um pacto para uma nova governança na empresa que inclui alternância na presidência e um mecanismo que permite deixar o investimento na empresa brasileira. Cada uma das partes terá direito de nomear o presidente do conselho e o CEO, respectivamente, por dois mandatos consecutivos de 2 anos.

Será assinado um novo acordo de acionistas, assinaram a permanência do atual CEO por mais 4 anos, além de um acordo de saída, caso algum dos acionistas queira sair mais pra frente. “A notícia é muito positiva e não foi antecipada pelo mercado”, aponta o BTG. 

A companhia ainda divulgou nesta sexta o resultado do quarto trimestre. A Usiminas teve um prejuízo líquido consolidado de R$ 45 milhões no quarto trimestre, menor que o resultado líquido negativo de R$ 195 milhões observado em igual período de 2016. O Ebitda ajustado foi de R4 450 milhões, ante 234 milhões de reais no quarto trimestre de 2016 milhões, enquanto a receita líquida foi de R$ 3,08 bilhões, superando a estimativa mediana de analistas consultados pela Bloomberg de R$ 2,82 bilhões. Segundo o BTG, a primeira leitura do resultado é de que ele veio um pouco abaixo do lado operacional, apesar da forte geração de caixa.

“Como temos falado, o resultado mostra os dados passados e não reflete toda melhora de preços e operacional esperado para 2018. O fato de converter mais Ebitda em caixa deveria ser o ponto principal do resultado”, aponta o BTG. 

Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner teve um lucro líquido de R$ 331,8 milhões no quarto trimestre de 2017, 10,7% acima do mesmo período do ano passado, enquanto a receita líquida total da companhia foi 16,1% superior no trimestre, para R$ 2,45 bilhões, em linha com a estimativa mediana da Bloomberg de R$ 2,46 bilhões. 

Já o Ebitda foi de R$ 603,4 milhões, alta de 6,3%, mas frustrando as estimativas de R$ 651,4 milhões. 

As vendas no conceito “mesmas lojas” (unidades abertas há mais de 12 meses) aumentaram 8,7% no período. A Renner ainda informou que vai investir R$ 620 milhões e abrir cerca de 70 lojas em  2018. 

A visão sobre o resultado diverge. O BTG ressalta que o resultado veio bom mostrando resiliência, mas o mercado deve penalizar dado que as expectativas estavam mais altas. Já para o Credit Suisse, o balanço veio abaixo do esperado, mas o impacto será neutro uma vez que o mercado estava precificando números piores. 

IRB (IRBR3)

O ressegurador IRB Brasil Re registrou lucro líquido de R$ 249 milhões no quarto trimestre do ano passado, cifra 32,6% inferior à vista um ano antes, de R$ 370 milhões. Em relação ao terceiro trimestre, porém, o resultado apresentou crescimento de 12,2%.

A queda do lucro no quarto trimestre, explica o IRB em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, impactou o retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE), que foi a 29% no período ante 44% um ano atrás. “A queda no lucro líquido no trimestre decorre da menor contribuição do resultado financeiro no período, em função da redução da taxa Selic”, justifica o ressegurador, no documento.

O resultado financeiro do IRB foi a R$ 176 milhões no quarto trimestre, recuo de 35,2% ante um ano. Em todo o exercício passado, a redução foi menor, de 22,3% ante 2016, para R$ 809 milhões.

No ano de 2017, o resultado da companhia foi a R$ 925,050 milhões, aumento de 8,85% na comparação com o resultado de 2016, R$ 849,874 milhões. De acordo com o IRB, o ganho reflete o crescimento do resultado operacional mais que compensando a redução do resultado financeiro nos períodos, em função da queda da taxa Selic. A rentabilidade do ressegurador foi a 26,8% no ano passado, superando a de 2016, de 26,1%.

O presidente do IRB, José Carlos Cardoso, afirmou, em nota à imprensa, que, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, a estratégia do ressegurador se mostrou “assertiva”. “A subscrição de novos contratos e a ampliação da participação em outros já existentes, além do desenvolvimento de novos produtos foram fundamentais para os resultados de 2017”, avaliou ele.

Para 2018, conforme o executivo, a companhia vai manter a mesma estratégia em busca de compensar a queda da taxa Selic, com entrega de resultados anuais crescentes. “Temos o compromisso de seguir ampliando nosso negócio e, para isso, estamos investindo fortemente em pessoas e em tecnologia”, garantiu o presidente. 

A avaliação de analistas é de que o resultado foi muito bom, com o BTG apontando que ele ficou 10% acima do consenso. “Apesar dos prêmios mais fracos dado fatores técnicos, eles postaram margens muito boas de underwritings. Olhando para frente, a companhia postou um guidance forte para prêmios (…) O momentum positivo deve continuar, reforçamos a compra”, aponta o BTG. 

São Martinho (SMTO3)

A São Martinho registrou lucro líquido de R$ 168,5 milhões no terceiro trimestre de 2018 (os períodos são contados diferentes por conta da safra), uma alta de 201,7% ante os R$ 55,84 apresentados um ano antes. A receita líquida, por sua vez, teve alta de 21,7%, para R$ 899,7 milhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado fechou o período em R$ 497,4 milhões, avanço de 45,6% em um ano.

Segundo a companhia, a melhora dos indicadores financeiros do trimestre são consequência de: i) aumento do volume de vendas de açúcar e etanol, ii) redução do custo caixa de produção, devido principalmente a melhora na alavancagem operacional na safra 17/18 e iii) expressivo crescimento no volume e preços de cogeração de energia. 

Biosev (BSEV3)

A Biosev viu seu prejuízo aumentar 551%, passando de R$ 42,78 milhões no terceiro trimestre de 2017 para atuais R$ 278,68 milhões. A receita líquida da companhia, por sua vez, ficou praticamente estável, passando de R$ 1,550 bilhão para R$ 1,535 bilhão em um ano.

Recomendações

No radar de recomendações, a Vivo (VIVT4) teve a recomendação reduzida a underperform (desempenho abaixo da média do mercado) pelo Bradesco BBI, enquanto a Alupar (ALUP11) foi iniciada como outperform pelo mesmo banco. Já a EcoRodovias (ECOR3) teve a recomendação cortada a underweight (exposição abaixo da média do mercado) pelo Morgan Stanley, com o preço-alvo sendo reduzido de R$ 12,70 para R$ 9,50. 

CSN (CSNA3)

A emissão de US$ 350 milhões em notas sênior com vencimento em 2023 pela subsidiária da CSN, a CSN Resources, foi precificada a 7,625% ao ano, informou a siderúrgica. 

A companhia utilizará os recursos obtidos com a operação para recomprar até US$ 350 milhões de dólares das notas sênior com vencimento em 2019 e cupom de 6,875%. A CSN também planeja recomprar as notas sênior para 2020 com cupom de 6,5%, em montante não superior a US$ 350 milhões deduzidos os valores referentes à recompra dos títulos a vencer em 2019.

Embraer (EMBR3)

Segundo o Valor Econômico, se a venda Embraer se confirmar, a empresa brasileira ajudará a verticalizar a produção de peças e componentes da Boeing uma vez que a gigante americana procura diminuir sua dependência dos fornecedores, que têm dificuldade de acompanhar seu ritmo de produção.

 “Nas últimas décadas, a Boeing perdeu essa capacidade [de produzir peças]. Mas a Embraer fabrica coisas que a Boeing não faz, como trens de pouso, interiores de aeronaves e softwares de aviônica”, disse uma fonte ao jornal. A estratégia tem potencial para aumentar o lucro da empresa americana.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras manteve o preço gasolina e reduziu o diesel em 0,2%, em cotações válidas a partir de sábado (10). 

Gol (GOLL4)

A Gol divulgou os números prévios de tráfego de janeiro. O volume total de decolagens aumentou 3,8% e o total de assentos disponibilizados ao mercado aumentou 3,6% em Janeiro, ocasionando um aumento na oferta de 4,9%. A taxa de ocupação em janeiro de 2018 foi de 83,5%, 0,3 p.p. superior ao mesmo período de 2017, devido ao aumento da demanda em 5,2% no período, todos na base de comparação anual. 

Klabin (KLBN11)

A Klabin nomeou Cristiano Teixeira como diretor financeiro da companhia. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.