Ibovespa Futuro vira para queda com mercado digerindo decisão do Fed; indústria surpreende no Brasil

Indústria cresceu 2,8% em dezembro, enquanto os analistas de mercado esperavam 2%

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de iniciarem o pregão em alta, os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em abril viraram para queda de 0,21%, aos 85.100 pontos, às 9h36 (horário de Brasília) desta quinta-feira (1), com o mercado digerindo a última decisão do Fed apontando para o aumento dos juros neste ano. Além disso, destaque para a produção industrial brasileira em dezembro, que superou a expectativa do mercado.

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A produção industrial acelerou de 0,2% para 2,8% na passagem de novembro para dezembro, enquanto os analistas de mercado esperavam avanço de 2%. Com isso, após três anos de queda, a indústria brasileira avançou 2,5% em 2017, marcando o melhor resultado anual desde 2010, quando disparou 10,2%. Com isso, o UBS revisou a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano de um crescimento de 3,1% para 3,3%.

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Apesar do bom resultado da atividade industrial, volta a pesar sobre o mercado a decisão do Fed, que logo após sua divulgação fez o Ibovespa perder fôlego na reta final do dia. Na última reunião sob o comando de Janet Yellen, os membros do BC dos EUA decidiram manter a taxa de juros norte-americana no intervalo de 1,25% a 1,50%, confirmando as expectativas do mercado. Contudo, algumas sinalizações foram interpretadas como hawkish, ou seja, favoráveis pela retirada de estímulos.

No comunicado, os dirigentes apontaram que a inflação deve voltar a subir neste ano e atingir a meta de 2% no médio prazo, como afirmaram que o crescimento da economia americana continuará em base sólida. As perspectivas positivas para a dinâmica dos preços, associadas ao crescimento econômico, abriram espaço para essa interpretação: “a política continuará acomodatícia, mas tivemos sugestões de que será apertada gradualmente no futuro. A linguagem, ligeiramente mais ‘hawkish’ na declaração, é suficiente para confirmar as expectativas de uma elevação nos juros em março”, segundo comentário do economista sênior para EUA da Capital Economics, Michael Pearce, ao Financial Times. Na sua visão, neste cenário o Fed pode promover 4 altas nos juros neste ano, enquanto o mercado projeta por 3 elevações.

Por conta desta sinalização do Fed, o dólar futuro com vencimento em março registrava valorização de 0,30%, aos R$ 3,205, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operavam em ligeira alta de 2 pontos-base, cotados a 6,82% e 8,84%, respectivamente. Destaque também para os rendimentos dos Treasuries norte-americanos de 10 anos, que registraram novo salto e atingem 2,75%, o maior patamar em 10 anos, o que desfavorece os ativos de maior risco, como os emergentes.

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Bolsas mundiais
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, com algumas se recuperando de perdas recentes e as chinesas mantendo a tendência negativa com a atividade industrial interrompendo sua tendência positiva. O PMI (Purchasing Manager Index) do setor industrial medido pelos institutos Markit e Caixin, qual os investidores acompanham mais de perto do que o dado oficial, ficou estável na passagem de dezembro para janeiro em 51,5, conforme o esperado pelo mercado. Segundo Julian Evans-Pritchard, economista sênior da consultoria britânica Capital Economics, a estabilidade do PMI chinês no mês passado sugere demanda mais fraca.

As bolsas europeias e o S&P 500 Futuro abriram o mês em alta, com investidores considerando que as perspectivas de crescimento econômico e resultados de empresas são fortes o suficiente para se contraporem ao salto recente dos juros dos títulos nos EUA, que ganharam após a decisão do Fed na tarde de ontem. O BC dos EUA se mostrou otimista em relação à inflação e ao crescimento da economia, fatores que sustentam futuros aumentos de juros, que serão iniciados na próxima reunião de março.

No mercado de commodities, o petróleo tem a segunda alta consecutiva e se mantém próximo de US$ 65,00 em NY, apesar da alta da produção norte-americana na última semana, enquanto os contratos futuros de minério de ferro recuam na China por conta do resultado da atividade industrial.

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Às 9h36, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) +0,07%

*CAC-40 (França) +0,31%

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*FTSE (Reino Unido) 0%

*DAX (Alemanha) +0,25% 

*FTSE MIB (Itália) 0%

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*Hang Seng (Hong Kong) -0,75% (fechado)

*Xangai (China) -0,99% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,68% (fechado)

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*Petróleo WTI +0,97%, a US$ 65,36 o barril

*Petróleo brent +1,07%, a US$ 69,63 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,98%, a 506,5 iuanes (nas últimas 24 horas)

*Bitcoin -5,50%, a R$ 30.570 (confira a cotação da moeda em tempo real)

Agenda de indicadores

A agenda de indicadores é movimentada nesta quinta, com destaque para os dados de produção industrial de dezembro às 9h, com expectativa de crescimento de 1,9% na comparação com o mês anterior e de 3,3% na base anual. Às 10h, a CNI divulga os dados de utilização da capacidade na indústria de dezembro e será revelado o dado do PMI industrial de janeiro pela Markit. Às 15h, atenção para a balança comercial de janeiro, com estimativa de superávit de US$ 5 bilhões.

Nos EUA, também serão revelados dados da indústria: às 12h45, a Markit divulgará o PMI de janeiro e às 13h será a vez do ISM, mesmo horário em que serão revelados os dados de gastos com construção. Antes disso, às 11h30, será divulgado o dado semanal de pedido de seguro-desemprego.

Reforma da Previdência

Com a volta do Congresso após o recesso, as articulações sobre a reforma da Previdência ganham destaque no noticiário. Segundo o Valor, Michel Temer insiste, mas Rodrigo Maia resiste a votar o texto na semana do dia 19. O presidente da Câmara aponta que o governo não possui votos suficientes e não aceita ser responsabilizado por eventual fracasso da investida. Segundo o jornal, Maia disse que “ninguém vai morrer se reforma não passar”, pois mercado já precificou.

Ao site Poder 360, Temer disse que concorda com Maia: “ele tem os pés no chão. Quando ele diz que ainda não tem os votos [para aprovar a reforma da Previdência], coincide com o que nossa articulação política também tem falado. Faltam alguns votos para chegar aos 308 necessários”. O presidente ainda apontou que, se passar de fevereiro, é difícil a aprovação da reforma. 

Eleições

Após a pesquisa Datafolha, a primeira após a condenação do ex-presidente Lula em segunda instância, o noticiário político segue movimentado. Segundo O Globo, o governo já não trabalha mais com a hipótese de ter Henrique Meirelles ou Maia como o candidato. Nos resultados da pesquisa divulgados na quarta-feira, ambos marcaram apenas 1% das intenções de votos. Enquanto isso, Luciano Huck, que apareceu com 8% das intenções de voto, comemorou a pesquisa e que aliados trabalham pela candidatura dele – mas ele ainda não se coloca como candidato, segundo a Folha.

Atenção ainda para novos números do Datafolha. A pesquisa mostrou que os brasileiros estão divididos sobre a participação de Lula nas eleições e também sobre sua possível prisão após confirmada a condenação em segunda instância. A parcela dos que dizem que o ex-presidente deveria ser impedido de participar das eleições de outubro é de 51%, contra 47% que afirmam que ele deveria concorrer. Ao serem perguntados se Lula deveria ser preso, 53% afirmam que sim, uma oscilação dentro da margem de erro frente os 54% da pesquisa realizada no final de setembro, enquanto 44% disseram que o petista não deveria, ante 40% do levantamento anterior. 

Noticiário corporativo

O destaque no noticiário corporativo fica para o Bradesco, que reportou lucro líquido recorrente de R$ 4,86 bilhões no quarto trimestre de 2017, enquanto os analistas esperavam R$ 4,96 bilhões no período. Já a Boeing disse que ainda está trabalhando para encontrar a estrutura correta do negócio para satisfazer as
exigências das partes interessadas na Embraer, enquanto a Duratex vendeu unidade de chapas finas em Botucatu para a Eucatex, ao passo que a Porto Seguro aprovou recompra de até 5 milhões de ações ordinárias em 1 ano. No radar de recomendações, a BR Distribuidora foi iniciada como ’compra’ por BTG Pactual, enquanto a RD foi reduzida a marketperform pelo Itaú BBA.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.