Entenda qual ponto do Datafolha que animou os investidores e levou o mercado aos 86 mil pontos

Menor potencial de transferência de votos do ex-presidente animou os investidores

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Ao primeiro olhar, a pesquisa publicada pelo Datafolha nesta quarta-feira (31) parece que não trouxe uma grande novidade, já que Lula manteve-se na liderança na corrida eleitoral e Jair Bolsonaro na segunda colocação. Porém, avaliando melhor os números, um detalhe sobre a popularidade do petista fez toda a diferença para o mercado e animou os investidores, levando o Ibovespa aos 86 mil pontos: o menor potencial de transferência de votos do ex-presidente.

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Quando nos deparamos como uma pesquisa eleitoral, nada mais natural do que focar no vencedor do pleito “se a eleição fosse hoje” e neste quesito Lula ganha com folga. Em uma disputa com seus principais concorrentes, o petista tem a preferência de 36% do eleitorado, seguido por Bolsonaro com 18%, enquanto Alckmin e Ciro possuem 7%, revelando que a condenação na semana passada parece que não abalou a popularidade do ex-presidente. Porém, quando olhamos mais de perto, não foi bem assim a história.

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Apesar de Lula ainda seguir no topo das intenções de voto, ficou evidenciada a incapacidade do petista, neste momento, de realizar a transferência de seus votos caso não entre na disputa, relembrando que foi feito com Dilma Rousseff quando assumiu a presidência em 2011. De acordo com a pesquisa, houve uma queda de 5 pontos percentuais na capacidade de transferência de votos de Lula, com o crescimento de 48% para 53% do percentual dos que não votariam em um candidato apoiado pelo petista. Um dos principais nomes ventilados no partido, o ex-governador baiano Jaques Wagner, aparece com apenas 2% das intenções de voto na pesquisa.

Portanto, caso Lula seja impedido de disputar as eleições por conta da condenação, o PT pode encontrar dificuldades para emplacar um novo nome na corrida presidencial e, mesmo que improvável no atual cenário, pode até mesmo fazer uma aliança com outro partido de esquerda. Neste caso, o nome mais viável seria de Ciro Gomes (PDT), que já aparece em patamar bom para entrar em uma disputa fragmentada, segundo afirmou ao InfoMoney Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores – veja a reportagem completa.

Bolsonaro perde força e o “grande vencedor”

Outro ponto curioso da pesquisa e que também está nas entrelinhas foi a estagnação, com viés de baixa, de Jair Bolsonaro. Apesar de liderar em eventual corrida sem Lula, o deputado federal parou de crescer, oscilando negativamente em todos os quadros apresentados na pesquisa em comparação com levantamento feito em novembro: ele seria derrotado tanto por Lula (49% a 32%), quanto pela ex-senadora Marina Silva (42% a 32%).

Nos demais cenários de segundo turno considerados, Alckmin aparece tecnicamente empatado com Ciro Gomes, em um placar de 34% a 32%, e com Bolsonaro, em um placar de 35% a 33% – ambos favoráveis ao tucano. “No fundo, apesar da baixa intenção de votos, a pesquisa foi favorável a Alckmin. Se for considerado o menor potencial da esquerda de atrair aliados, o tucano poderia largar ainda mais à frente, caso se confirme uma aglutinação da base do atual governo em torno de sua candidatura”, disse Carlos Eduardo Borenstein, analista político da Arko Advice, em entrevista ao InfoMoney.