Ibovespa Futuro recua e sofre realização depois de disparar 4.300 pontos na última semana

Índice corrige após forte alta refletindo queda das commodities e de olho no cenário eleitoral

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em abril recuam 0,64%, aos 85.245 pontos, às 9h19 (horário de Brasília) desta segunda-feira (29), em um movimento natural de correção depois de dispararem 4.300 pontos (+5,3%) na última semana, quando na máxima semanal atingiram a faixa de 86 mil pontos.

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Depois da forte alta acompanhada, os investidores aproveitam o final do mês para embolsarem os lucros e acompanham a queda das commodities, com destaque para os contratos futuros de minério de ferro, que amargam nova correção na China e recuavam 1,34% com preocupações sobre a demanda das siderúrgicas chinesas. Além disso, os investidores estão de olho na agenda econômica dos EUA, com destaque para a divulgação do núcleo do PCE (Personal Consumption Expenditures), um dos dados de inflação mais importantes para o Fed, que será divulgado às 11h30, como na expectativa pelas pesquisas eleitorais que serão publicadas nesta semana após a condenação de Lula na última quarta-feira (24).

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Em meio ao clima de “ressaca” do mercado, o dólar futuro com vencimento em fevereiro registrava valorização de 0,35%, aos R$ 3,165, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operavam em ligeira alta de 2 pontos-base, cotados a 6,79% e 8,77%, respectivamente, apesar da redução das expectativas para a Selic apontada pelo último Relatório Focus. Entre os cinco economistas que mais acertam em suas projeções — o chamado “top 5” –, a mediana das projeções para a Selic em 2019 recuou de 8% para 7,75%.

Bolsas mundiais

A segunda-feira começa com um dólar mais forte ante todos os principais pares após rendimentos dos Treasuries subirem ao maior nível desde maio de 2014 em semana de agenda forte nos EUA. Na Europa, a sessão é mista, com os investidores de olho principalmente no noticiário corporativo, enquanto as bolsas asiáticas ficaram sem direção única, com as chinesas mais uma vez pressionadas por preocupações regulatórias.

No mercado de commodities, o petróleo sobe e se mantém acima de US$ 66 com baixa dos estoques nos EUA, enquanto os metais registram alta em Londres, refletindo otimismo com crescimento global, contrariando o movimento de queda dos contratos futuros de minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian. 

Às 9h19, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,16%

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,31%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,37%

*CAC-40 (França) -0,10%

*FTSE (Reino Unido) +0,03%

*DAX (Alemanha) -0,31% 

*FTSE MIB (Itália) +0,03%

*Hang Seng (Hong Kong) -0,56% (fechado)

*Xangai (China) -0,97% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,01% (fechado)

*Petróleo WTI -0,36%, a US$ 65,90 o barril

*Petróleo Brent -0,75%, a US$ 69,99 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -1,34%, a 514,5 iuanes (nas últimas 24 horas)

*Bitcoin -1,16%, a R$ 36.700 (confira a cotação da moeda em tempo real)

De olho em Lula

A repercussão sobre a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua. Em entrevista à Folha, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que descarta o risco de prisão do ex-presidente Lula – e diz que o STF (Supremo Tribunal Federal) não permitirá que isso aconteça, enquantio O Globo informou que a próxima sentença do juiz federal Sérgio Moro sobre Lula deve sair até o final de março. No final de semana, os jornais destacaram que, com a candidatura bastante improvável de Lula, partidos de esquerda ainda não pretendem se unir em torno de uma candidatura única para a presidência.

Nesta semana, o mercado começará a ter os primeiros sinais de como fica a disputa eleitoral agora que Lula teve sua condenação confirmada (mesmo acabendo diversos recursos ainda), com a divulgação das pesquisas eleitorais elaboradas pela Ipsos e Datafolha entre terça e quarta-feira. Esses levantamentos serão os primeiros que trarão um termômetro sobre o cenário eleitoral após o ex-presidente Lula, líder nas últimas pesquisas eleitorais, ter sido condenado em segunda instância. Os principais pontos para ficar atento são: se o petista conseguirá manter o seu patamar de intenção de voto nas pesquisas após a condenação (era de 34% segundo o Datafolha de dezembro) e quem seria o principal beneficiário em simulações com Lula fora das eleições.

Calendário de eventos da semana

Para esta semana de virada de mês, a agenda de indicadores será bastante movimentada. Nesta segunda-feira às 11h30 será divulgado, nos EUA, o PCE, um dos dados de inflação mais importantes para o Fed em sua busca pela meta de 2%. O mercado espera avanço de 0,2% no mês, o que levaria a taxa anualizada para 1,57%. No Brasil, atenção para o resultado do governo central às 14h30, com expectativa de déficit de R$ 25 bilhões no mês de dezembro. 

Já na quarta-feira (31), o Fomc se reúne para decidir a taxa de juros do país. O mercado espera que a taxa fique estável no intervalo de 1,25% e 1,50% ao ano, mas a expectativa mesmo é pelo comunicado pós-decisão, que pode trazer novas informações sobre o ritmo de altas esperado para 2018. Ainda nos EUA, na sexta-feira (2), serão divulgados os dados do Relatório de Emprego, outro indicador bastante acompanhado pelo Fed para tomar suas decisões. 

No cenário doméstico, na terça-feira (30), a Secretaria do Tesouro Nacional informa o resultado fiscal de dezembro do governo central, que inclui o Tesouro Nacional, o Banco Central e a Previdência. O mercado espera por um déficit primário de R$ 24,9 bilhões no mês, levando o resultado anual para R$ 127,9 bilhões. Já na quarta-feira, o IBGE divulga o resultado de dezembro da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) e a taxa de desemprego deve registrar nova queda, de 12% para 11,9% no trimestre encerrado em dezembro, segundo estimativas do mercado. 

Temer e Previdência

O fim de semana marcou a continuidade da ofensiva de Michel Temer pela reforma da Previdência. Em entrevista para Silvio Santos, o presidente disse que a medida não afeta os mais pobres e só vai ter consequência para quem ganha salários maiores no País.

“Quem vai sofrer uma pequena consequência é quem ganha 13, 14, 15, 20 mil reais”, afirmou Temer, destacando o estabelecimento de uma previdência complementar para quem deseja se aposentar com valores acima do teto do INSS (hoje em R$ 5.531,31). No programa, o presidente disse que, se o Brasil não fizer as mudanças no sistema previdenciário, pode chegar a situações de países como Portugal e Grécia, que cortaram vencimentos dos servidores públicos.

Ele também falou sobre o assunto no sábado, em entrevista à Amaury Jr na Bandeirantes. “Precisamos já fazer uma reforma da Previdência para que mais adiante não seja necessária uma reforma radical”, disse ele. Ao Valor, o presidente também afirmou que o governo insistirá na votação da reforma da Previdência em fevereiro e que a reforma não ficará restrita à idade mínima, tendo que ser ampliada para a questão das contribuições. 

Noticiário corporativo

A semana marca o pontapé inicial da temporada de resultados corporativos do quarto trimestre. Já são cinco empresas com balanços agendados: Fibria, Santander, Bradesco, Cielo e Klabin. Sobre Fibria, segundo a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, o grupo asiático-holandês Paper Excellence, que em setembro comprou a Eldorado Celulose por R$ 15 bilhões, pretende fazer uma oferta de compra pela brasileira.

Já em entrevista ao Valor, Temer afirmou que o governo não perderá o controle da Embraer e ainda disse que há clima para a aprovação da privatização da Eletrobras. Segundo o Estadão, a Eletropaulo deve colocar “na rua” sua oferta de ações ainda nesta semana. Por fim, atenção para as recomendações de ações: o Credit Suisse iniciou cobertura para a Movida com recomendação outperform, elevou Marcopolo para neutra e reduziu a recomendação de WEG a underperform. 

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.